Por Raphael Lacerda e fotos de Magaiver Fernandes (Colaboraram Allan Duffes, Guibsom Romão, Luiz Gustavo e Marcos Marinho)
Com uma apresentação abrilhantada pelo primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira Emanuel Lima e Thainara Matias, a Unidos da Ponte foi a segunda agremiação a pisar na Marquês de Sapucaí durante a noite de ensaios técnicos da Série Ouro, no último domingo. Por outro lado, o canto abaixo do esperado e o baixo número de componentes comprometeram a harmonia e evolução da escola, respectivamente.
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Ainda no início, o carro de som precisou ser substituído por causa de problemas técnicos, o que resultou no atraso da arrancada da agremiação. O desfile começou por volta das 19h30 e terminou às 20h27.
No carnaval deste ano, a Azul e Branca de São João de Meriti levará para o Sambódromo o enredo “Antropoceno”, dos carnavalescos Guilherme Diniz e Rodrigo Marques. A agremiação será a quarta a desfilar na sexta-feira de carnaval.
“Ensaio é ensaio. A gente veio aqui hoje para mostrar a garra da do povo de São João de Meriti. A luta dessa comunidade, que, o ano todo, fica lá no ateliê, no barracão lutando para fazer um grande de carnaval. E como deu pra ver hoje a alegria do povo, da galera, todo mundo cantando, o carro de som com garra, nosso casal, a comissão de frente… A Ponte almeja, se não o título, um lugar melhor do que nesses últimos anos. Estamos fazendo um excelente carnaval através dos nossos carnavalescos Guilherme e Rodrigo. E o principal é a mensagem, foi a pioneira, a mensagem do Antropoceno. É todo mal que o homem causa a nossa planeta. Hoje, nós mostramos que a Ponte unida rompe barreiras, temos que manter essa união. Mantendo essa união a gente vai chegar ao nosso lugar desejado”, disse Ricardo Simpatia, diretor de carnaval.
Comissão de Frente
O quesito foi comandado pelo coreógrafo Gabriel Castro, que está na agremiação há pouco mais de um mês. Mesmo com pouquíssimo tempo de casa, o artista apresentou uma coreografia bastante definida, coesa e sincronizada. Na Avenida, o quesito representou os povos originários. Ao longo dos quatro módulos de jurados, a equipe composta por 14 integrantes – sendo dois homens e 12 mulheres – fez uma apresentação de muita garra.
Ao fim do ensaio, Gabriel fez uma análise do trabalho apresentado na Passarela do Samba e revelou que praticamente 90% da coreografia apresentada será levada para o desfile oficial. Ainda, segundo ele, o quesito contará com um tripé.
Freddy Ferreira analisa a bateria da Ponte no ensaio técnico
“A gente tinha um mês para fazer um trabalho de três meses, mas é um trabalho muito sério. Estamos ensaiando três vezes por semana durante, três, quatro horas de ensaio. É um grupo muito coeso. Sobre a nossa representação, a gente já está fazendo a coreografia oficial, mas sem o tripé. Quando chegar o tripé, a gente vai fazer algumas adaptações. E é um resumo do enredo. O antropoceno contado pela ótica dos povos originários brasileiros. Vai ter elementos no desfile, já na fantasia, que as pessoas vão olhar e já vão perceber que tem alguma coisa errada no mundo. É um mês de trabalho, mas pode ter certeza que a gente trabalhou tanto quanto os outros grandes coreógrafos que estão na Série Ouro”, avaliou.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O grande destaque do ensaio técnico da agremiação de São João de Meriti. Emanuel Lima e Thainara Matias apresentaram um bailado impecável. Em determinados momentos, o casal trouxe uma coreografia com alusões ao enredo e a trechos do samba, mas sem perder as características da dança do quesito. Com giros precisos, Thainara conseguiu unir a leveza à garra. Por sua vez, Emanuel deu um espetáculo de condução. Cortejador, elegante, sempre esbanjando talento e simpatia. A segurança da dupla também impressionou e se destacou ao longo do desfile.
“A gente ama muito o que faz, embora a dedicação tenha que ser enorme, muita responsabilidade de ter a nota na mão de duas pessoas, a gente ama muito isso, os treinos de musculação, os treinos de posicionamento, os treinos aqui na Sapucaí, todos estão sendo muito intensos, desde meados do ano passado, mas quando a gente gosta do que faz vai de boa. Estamos dando de tudo, ainda mais com as quatro cabines que exigem mais fisicamente da gente, mas estamos conseguindo o nosso melhor”, disse a porta-bandeira.
“A preparação física está sendo fundamental, a Thai já fazia essa preparação, agora também comecei a fazer, mas tivemos a ajuda da Bruna que é nossa coreógrafa, nossa tudo, pra fazer essa preparação que foi muito importante pra chegarmos aqui tranquilos, conseguimos realizar tudo que havíamos programado pra fazer, estamos felizes com a sensação de dever cumprido”, completou o mestre-sala.
Harmonia e samba
A comunidade pareceu não estar familiarizada com o samba-enredo. O canto foi baixo e tímido ao longo do ensaio técnico deste domingo. Pode-se citar como exemplo a primeira ala, que parecia pescar alguns trechos do samba ao longo da Avenida. Nos últimos metros de desfile, havia componente que sequer balbuciava o hino da agremiação. Por outro lado, entre os versos cantados pela comunidade, vale destacar “É bicho morrendo queimado (Ah, meu Deus)//”. De fato, a escola poderia ter cantado muito mais, no entanto, a comissão de harmonia ainda terá algumas semanas para corrigir o problema.
Já o carro de som, comandado pelo intérprete Leonardo Bessa, fez uma boa condução da obra e ajudou a elevar o nível do canto da escola. O entrosamento com a bateria do mestre Darllan também foi nítido.
Evolução
A evolução da Azul e Branca meritiense foi comprometida pelo tamanho da escola. Com uma quantidade baixa de componentes, foi preciso evoluir de forma mais lenta e, em determinados momentos, a escola chegou a segurar os passos na Passarela do Samba. Entre os destaques ala a ala, algumas delas levaram balões como adereços de mão.
Outros destaques
Destaque para a bateria do mestre de bateria estreante na Marquês de Sapucaí, Darllan Nascimento.
“Eu estou feliz demais. Estamos trabalhando desde abril, a cada 15 dias a galera chegando, meus alunos, meus amigos, minha família, todo mundo comigo é surreal para mim. O ensaio no setor 11 já foi ótimo, já me deixou muito feliz. Hoje é 75% do que a gente tem que entregar. Os 100% a gente entrega lá em março. Eu sei que vai ser um trabalho muito bonito. A gente tem mais uma bossa para passar. A gente não passou ela hoje. A gente só vai passar esse arranjo que tá faltando. No mais, é alinhar uma coisa ou outra ali, uma falta de atenção que acontece ali ou aqui. Fora isso, é só ser feliz”, disse o mestre.