Bruno Chateaubriand realizou nesta quarta-feira, no hotel Fairmont, em Copacabana, o simpósio de casais de mestre-sala e porta-bandeira. O encontrou contou com a maioria dos primeiros casais da Série Ouro e do Grupo Especial, além de uma mesa com especialistas no tema (Maria Augusta, Carlinhos Brilhante, Manoel Dionísio e Haroldo Costa). O anfitrião está está escrevendo o livro “Mestre-Sala e Porta-Bandeira, uma arte essencialmente nossa”. O debate girou em torno do rumo que a tradição da dança do mestre-sala e da porta-bandeira vem tomando.
“O objetivo é a fala de vocês. A gente vê muitas vezes os jornais, as publicações falando de forma muito rasa do que vocês passam… De como é a vida do casal de mestre-sala e porta-bandeira, das intercorrências, do processo, de como vem sendo a evolução da dança. Isso é muito importante para a gente ouvir”, disse Bruno Chateaubriand na abertura do simpósio.
Professor e formador de diversos casais, Manoel Dionísio fez uma ponderação sobre a relação entre os coreógrafos e a dança do mestre-sala e da porta-bandeira.
“Eu não sou contra (os coreógrafos). Mas estou achando que estão mudando a dança do mestre-sala e da porta-bandeira”.
O mestre-sala Claudinho, da Beija-Flor, ressaltou a importância de manter a tradição na hora de defender o pavilhão.
“A gente tenta não deixar fugir essa pegada dessa dança que é importante, que a gente tenha representatividade para o mundo todo… Mostrar que o Rio de Janeiro está bem representado com casais de para passar a nossa experiência já daqueles que fizeram e daqueles que estão hoje”.
Pela primeira vez na Série Ouro, Thainara Matias, porta-bandeira da Unidos da Ponte, falou sobre a relação entre o rumo do profissionalismo do carnaval e a tradição popular.
“Até que ponto é profissional e até que ponto é cultura popular? Porque a demanda do profissionalismo do carnaval está tão grande, e cada vez mais sendo cobrados para dar nota e para ser perfeito. Só que por outro lado é uma dança cultural, ancestral (…)”.
A porta-bandeira da Viradouro, Rute Alves, em entrevista ao CARNAVALESCO, deu uma prévia de como será a relação da dança com o enredo no desfile da escola esse ano.
“A gente está com a nossa dança tradicional dentro da musicalidade que o samba exige. Temos um samba emocionante que conta a vida de uma mulher preta injustamente não reconhecida. A Viradouro tem a missão de fazer ecoar nos quatro cantos desse mundo de Rosa Maria Egipcíaca”, garantiu.
Seu parceiro Julinho complementou com um comentário sobre a responsabilidade da Viradouro em fechar o desfile deste ano. “É uma responsabilidade enorme encerrar o carnaval. Que a Viradouro encerre com a chave de ouro e papai do céu nos faça merecedor”.
Taciana Couto e Daniel Werneck, casal da Grande Rio, estavam representando a única escola que gabaritou o quesito no último carnaval. A porta-bandeira comentou em entrevista sobre a xpectativa de repetir a performance do ano passado.
“Acho que a gente está redobrando tudo que a gente fez no ano passado. Muito mais preparação física, muito mais ensaios, muito mais estudo. Tudo dobrado para que a gente possa fazer uma performance muito melhor”, comentou Taciana.
Representando a Série Ouro, o primeiro casal da União da Ilha do Governador, Thiaguinho Mendonça e Amanda Poblete, falaram sobre o peso de carregar o pavilhão da escola.
“A Ilha é um pavilhão pesado, histórico dentro do nosso carnaval. A expectativa é imensa e acredito que abrir o desfile facilite um pouco, porque a gente já tem todo esse esquema arquitetado de entrar após a comissão de frente. Acredito que isso seja talvez mais organizado para um casal de mestre-sala e porta-bandeira desfilar, mas a responsabilidade continua imensa e a gente está trabalhando muito para trazer um trabalho a altura do nosso pavilhão”, citou Amanda.
“Quando a gente olha para a comunidade e vê todo mundo eufórico, não tem como nós trabalharmos diferente deles. A nossa energia aumenta de acordo com a energia da escola”, complementou Thiaguinho.