Donos do “bailado” mais sublime do carnaval, os casais de mestre-sala e porta-bandeira tiveram alguns motivos a mais para comemorar esse grande dia. Em evento realizado na Praça da Apoteose, alguns representantes da classe, entre primeiros e segundos casais, integrantes de escolas do Especial e do Acesso, veteranos e projetos com crianças e adolescentes, se reuniram e cantaram “parabéns” para reverenciar a data que homenageia os guardiões do pavilhão da escola.

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Ainda em fase de criação, a Associação Brasileira de Mestre-Sala, Porta-Bandeira e Porta-Estandarte (Abramespeb), tem em Selminha Sorriso, sua presidente de honra, e principal entusiasta da união de casais do Brasil e quem sabe do mundo inteiro.

“Agora estamos em fase de registrar a Associação. Está tudo caminhando muito bem. A Associação é Nacional e depois que tudo estiver mais organizado do que está, ou seja, terminar a fase de registro, mais alguns ritos que temos que seguir, nós iremos fundar uma associação internacional, também extensiva a casais do exterior”, conta a porta-bandeira da Beija-Flor.

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Selminha também falou sobre a importância de comemorar a data, principalmente podendo ser de forma presencial.

“Hoje é um presente de Deus. Devemos acreditar sempre nos nossos sonhos. O carnaval sobreviveu. Os casais de mestre-sala e porta-bandeira têm a incumbência de conduzir os pavilhões, ou seja, a alma da escola, aqui está o sonho de tantos que se foram, da ancestralidade. Nós que estamos e os que virão continuaremos cuidando desse manto sagrado. Esses guardiões merecem muito comemorar esse dia. Que bom que eu faço parte dessa história, dessa legião, desses majestosos personagens incríveis do nosso carnaval”.

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A festa teve bolo e antes de ser partido, todos tiveram direito a palavra. Em uma tarde de boas notícias, o vice-presidente da Riotur, Bruno Mattos, representando o prefeito Eduardo Paes, que não pode comparecer, enalteceu a importância da data e revelou em discurso e com mais detalhes à reportagem do CARNAVALESCO que uma das obras realizadas no Sambódromo vai ajudar demais para uma melhor performance do quesito.

“A gente fica muito feliz de poder participar desse evento. A gente sabe que é uma justa homenagem, de ter esse reconhecimento, saber dessa responsabilidade que o casal de mestre-sala e porta-bandeira tem, de representar seu pavilhão, defender, da história do passado, quando começou no rancho, esse bailado que eles têm que é encantador. Uma reforma que já vem sendo solicitada e o prefeito quis fazer que é a mudança de toda a Avenida, da pista, a partir de agora do início de dezembro vai começar, quando vai ser feito uma drenagem, vão ser colocados novos ralos para diminuir os bolsões de água que acontecem nas chuvas. A gente acredita que com isso o espetáculo vai ter um brilho ainda maior”, explicou Bruno.

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O prefeito Eduardo Paes foi lembrado nos discursos, inclusive, pela porta-bandeira Lucinha Nobre que destacou o fato de o prefeito ser portelense após Selminha comemorar que o prefeito é gente do carnaval. À reportagem do CARNAVALESCO, Lucinha contou da adaptação a esse novo momento em que a pandemia começa a regredir e falou da importância de incentivo às novas gerações para a sobrevivência do quesito.

”Eu ainda estou na fase de adaptação. Na verdade, eu fiquei muito tempo dentro de casa, de fato. Até pela minha mãe. Então, eu ainda tenho receio de cumprimentar as pessoas, ainda uso máscara, eu ainda saio com todos os cuidados, ainda ando com meu álcool na mão. Mas, acho que a data de hoje é uma data importante porque é uma conquista para mim que estou militando na arte de mestre-sala e porta-bandeira desde 1984, como porta-bandeira mirim, e depois de 1992 pra cá, contando ponto. É uma conquista que a gente está comemorando hoje e passando também o nosso conhecimento, a nossa gratidão para os mais novos. Acho bacana ter veteranas aqui, como eu e Selminha, e as crianças do Manoel Dionísio que são novinhas, acho importante que elas entendam a magnitude do que é a nossa arte”, acredita Lucinha.

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Citado por Lucinha, o projeto de formação de casais de Manoel Dionísio, não foi o único a se fazer presente na festa, que também contou com a participação dos projetos Minueto do Samba e “Latopa”, do Império Serrano. A primeira porta-bandeira do Paraíso do Tuiuti, Dandara Ventapane, também destacou a importância do encorajamento às novas gerações.

“Eu acho que é muito importante a gente comemorar, manter viva essa chama dos casais da importância do significado que é carregar um pavilhão, que é estar comemorando essa volta ao samba. Chegar para as novas gerações, e mostrar que a gente tem que estar unidos, perseverando. Isso para a gente também ter conquistas e melhorias para o nosso quesito. É importante para que a gente possa fazer com que eles possam ter dias melhores que os nossos”, entende Dandara.

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A comemoração também teve a participação do síndico da Sapucaí, Machine, além de representantes do quesito como Diogo Jesus, primeiro mestre-sala da Mocidade, Verônica Lima, primeira porta-bandeira do Império Serrano, além do companheiro de tantos carnavais de Selminha Sorriso na Beija-Flor, o mestre-sala Claudinho. Ao site CARNAVALESCO, Claudinho aproveitou para agradecer a Deus por poder celebrar a data e lembrou das dificuldades passadas durante a pandemia.

“Mais um ano que a gente comemora esse dia do mestre-sala e da porta-bandeira. Hoje para a gente é uma data muito importante, pois temos que agradecer a Deus por termos passado por toda essa pandemia. E, está aqui, hoje, presente, no palco sagrado do carnaval que é a nossa Marquês de Sapucaí. E hoje eu só tenho que agradecer a Deus por ter chegado até aqui. Porque foi um momento muito difícil que todo mundo passou nessa pandemia e hoje está podendo celebrar a nossa data, é muito gratificante para todos os casais, para todos do samba, já que somos representantes de todo o pavilhão e de toda uma nação, cada um na sua escola, representados pelo casal de mestre-sala e porta-bandeira”, conta Claudinho.

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Diogo Jesus também citou as dificuldades impostas pela pandemia, sentiu alívio pelas coisas estarem voltando ao normal, mas lembrou que ainda é preciso se cuidar.

“É um prazer imenso participar desse momento, estou arrepiado, estou vivendo uma das sensações mais bonitas que existe no carnaval, que é estar comemorando esse dia tão especial para todo mestre-sala e toda porta-bandeira, de estar participando ao lado da Selminha (Sorriso), Milton Cunha que sempre nos ajuda com tudo que a gente precisa. E, ter esses casais, ter essa galera toda junto com a gente, é uma sensação muito boa. Eu tenho certeza que a gente vai viver os melhores momentos daqui para frente. A pandemia já está acabando, a gente também precisa estar atento que ainda não acabou. A gente precisa ainda ter muito cuidado, da forma que a gente vai agir, a forma como a gente vai lidar com o próximo, que é um momento delicado ainda. Eu tenho certeza que tudo isso vai passar, tudo isso vai acabar”.

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E como não poderia ser diferente, os casais ainda fizeram uma pequena apresentação bem despojada, sem a pressão das coreografias para a competição, próximo à Praça da Apoteose. O dia do mestre-sala e da porta-bandeira foi instituído por lei em 1992, após articulação do ‘Grupo da Calçada’, formado por sambistas da Portela e do Império Serrano, com o intuito de valorizar e preservar a arte da dança.

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