Por Gustavo Lima
A Dragões da Real realizou na noite de sábado o seu último ensaio de quadra do ano visando a preparação para o carnaval de 2020. A noite na Caverna do Dragão começou com uma roda de samba conduzida pelo intérprete Renê Sobral. Após, a bateria começou a esquentar, com o mestre Tornado chamando a comunidade para cantar o samba de 2020, ensaiando suas bossas e andamento. Apesar das festas de fim de ano a quadra estava completamente lotada. O ensaio com o samba de 2020 começou por volta das 23h e terminou por volta de meia noite, com todas as alas e casais de mestre-sala e porta-bandeira evoluindo pela quadra.
“Sem dúvida nenhuma o ensaio de quadra é o termômetro daquilo que nós vamos levar para a avenida. É aqui que nós conseguimos realmente efetivar os laços de harmonia, evolução e também de familiaridade com o nosso componente. É aqui que ele vai ganhar a identidade da escola, ter a garra, gana de vencer, que será levada para a avenida”, disse o diretor de carnaval, Márcio Santana.
Samba-enredo
A Dragões da Real tem como característica levar sambas alegres e descontraídos para a avenida, e em 2020 a tradição será mantida. É uma obra que permite o componente de fato brincar e desfrutar do carnaval, melodicamente para cima e com refrões de fácil entendimento, além de passar uma mensagem que se tornou o lema da escola para este carnaval: “vamos juntos buscar.” O carro de som, comandado por Renê Sobral, estava formado com dois cavacos e um violão, que juntamente à comunidade já estão bem adaptados com a obra e promete cantar forte no Anhembi.
“Desde o primeiro ensaio, foi a maior surpresa, praticamente a primeira vez que eu vi após as eliminatórias, você dá um samba e no ensaio seguinte você dar para o povo e cantarem de ponta a ponta. Foi um samba muito bem estruturado pela proposta do enredo, e ele transmite essa alegria, quando você começa a cantar ele, você sente essa alegria. Os compositores entenderam bem a proposta e isso favoreceu, é um samba leve, é um samba curto e tem um refrão ‘chicletão’, toda hora você lembra dele, começa a cantar e rir do refrão e o restante do samba flui, sem palavras difíceis para cantar”, declarou Renê Sobral.
Bateria
Mestre Tornado vai para seu sexto na agremiação e já criou uma identidade na bateria Ritmo Que Incendeia, que conquistou quatro notas 10 no último carnaval. Com caixas e repiniques dominantes e um desenho de agogô ousado, o diretor apostará em muitas bossas neste samba, o que talvez irá beneficiar, pois o novo regulamento exige mais criatividade. A bateria interage muito bem com as alas e o carro de som, que fazem longas paradinhas, jogando muitas vezes o samba para a comunidade cantar a uma só voz.
“O trabalho é para trazer a nota máxima pra escola sempre, é lógico que na cabeça dos jurados, nem todos entendem o trabalho que todas as baterias fazem, a gente começa em abril a preparação com escolinha de bateria, depois começam os ensaios, eliminatórias, então a bateria quase que não para aqui na casa. Sobre as bossas, eu tenho meia dúzia, talvez eu nem use todas, mas colocamos a bateria um pouco mais pra frente, andamento 146 BPM (batidas por minuto), 147, não pode subir e nem descer muito, mas a média é essa, o enredo pede, o samba é muito bom e as bossas estão encaixadas. Vamos sair com 230 ritmistas e vão vir como soldadinhos de chumbo, com muita alegria, com coreografia, que será feita no box, até pra não prejudicar o andamento da escola”, declarou mestre Tornado.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Rubens de Castro e Evelyn Silva, mostrou muita simpatia neste último ensaio. Sorrindo a todo instante, o casal demonstrou confiança e alegria em defender o pavilhão da Dragões da Real, priorizando o bailado e a coreografia, sem dança rápida. Eles disseram já estar preparados para o carnaval de 2020 e destacaram o ritmo de ensaios frenéticos.
“Nosso ritmo de ensaio está sendo bem frenético, como todos os anos. Muitos ensaios, ensaios com peso, preparação física e nós não temos nenhuma novidade, vamos vir no tradicional como todos os anos, assim como eu e o Rubens estamos acostumados”, disse a porta-bandeira.
“Quando nós desenhamos a coreografia e recebe a fantasia, tudo é feito em cima do regulamento, nós fazemos uma leitura do regulamento e da nossa dança, pontualizando cada parâmetro que é julgado no Sambódromo, para que não perca nenhum décimo, porque todo décimo é importante. O regulamento diz sobre um sincronismo frenético e acabamento de movimentos, isso sempre é uma coisa sempre particular do nosso, principalmente nós que somos muito interpretativos, somos meio artistas dançando, não levamos muito para o lado tradicional da dança, nós interpretamos o personagem, o samba e tem que ter o sincronismo, é nato”, declarou o mestre-sala.
Evolução
A Dragões da Real evoluiu muito bem, mostrou bastante organização, sendo cada ala ou segmento separados com camisetas diferentes, coreografando durante a execução de todo o samba. Algumas alas carregavam bexigas e outros adereços de mão, que davam um efeito especial. Tal organização já é vista na escola há algum tempo, com o constante trabalho do experiente diretor de harmonia, Rogério Félix, que tem mais de 30 anos de carnaval e vai para seu décimo ano consecutivo na comunidade.
Comissão de frente
A comissão de frente da escola realizou sua própria coreografia do samba durante todo o ensaio, nada teatral ainda, talvez, veremos algo mais aproximado do que vão usar no desfile apenas nos ensaios técnicos e de rua.
Harmonia
Claramente o foco da escola é o canto. Impressionante como a comunidade da Dragões da Real canta com entusiasmo o ensaio todo. Animados pelas palavras do presidente Tomate, os componentes mostraram muita energia e vontade de brigar novamente pelo título, não pararam um minuto sequer, a bateria e a ala musical realizavam paradinhas para a comunidade cantar em uma só voz, o que os faziam emanar vozes ainda mais forte, sendo animados e orientados o tempo todo pelos integrantes da harmonia.