O CD com os sambas-enredo da Série A para o Carnaval 2019 chega às lojas e plataformas digitais nos próximos dias. Como acontece desde a criação da Lierj para o carnaval 2013 o site CARNAVALESCO acompanhou a produção do álbum, que aconteceu desta vez nos estúdios da Companhia dos Técnicos, em Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro. Leonardo Bessa comandou mais uma vez a produção junto de sua equipe. O cantor da Tucuruvi implementou algumas mudanças para a edição de 2019. A principal delas foi segmentar a logística de gravações. Antes, as escolas usavam um mesmo dia para gravarem voz guia e bases de bateria e desta vez houve a divisão destas importantes etapas. Segundo Bessa, essa medida tornou o trabalho mais dinâmico.
“Fizemos essa divisão e o resultado foi uma gravação muito mais produtiva. Gravar ritmo em estúdio é um processo muito minucioso e por vezes demorado, pois precisa estar perfeito. Os cantores gravaram a voz guia e em outro dia os ritmos pesados eram gravados para que todos conseguissem trabalhar mais descansados. O resultado foi excelente”, ressaltou.
As gravações começaram ainda em agosto, com as quatro escolas que optaram pela não realização de disputa e portanto já tinham seus sambas definidos, casos de Unidos da Ponte, Renascer de Jacarepaguá, Sossego e Inocentes de Belford Roxo. A Santa Cruz, que também encomendou, só bateu o martelo em setembro e por isso gravou depois dessas escolas. Com as gravações das bases, complementos e voz definitiva concluídas a mixagem ocorreu entre os dias 24 e 30 de setembro. No início de outubro as escolas e a imprensa foram convidadas para realizarem a audição das 13 faixas do CD.
Duas passadas com bateria sem perder qualidade de arranjos musicais
Outra importante alteração em relação àquilo que foi apresentado no álbum de 2018 é a volta do ritmo em duas passadas completas. O disco da Série A vem se notabilizando desde a edição de 2015 por um caprichado trabalho de valorização das melodias das obras através de arranjos elaborados. Dessa vez o CD mesclará essas duas características. Além disso, houve a mistura entre os principais ritmistas do carnaval carioca com integrantes das baterias de cada uma das 13 agremiações da Série A. Emprestaram seu talento ao CD de 2019 nomes do gabarito de mestre Marcão (Salgueiro), mestre Lolo (Imperatriz) e mestre Thiago Diogo. Os mestres de bateria de cada escola troco figurinha com Leonardo Bessa sobre a gravação das faixas.
Intérpretes comentam sobre as gravações
Desde o primeiro dia de gravações, em 20 de agosto, até a última etapa de mixagens, em 30 de setembro, foram 40 dias de produção, acompanhadas pela reportagem do CARNAVALESCO, que ouviu aqueles que darão voz à cada faixa do álbum de 2019 da Série A. Confira abaixo a opinião de cada cantor envolvido na produção.
“A responsabilidade da gente é bastante grande, desafiadora, por termos uma reedição para defender. Sempre há uma comparação com o que foi apresentado. Hoje em dia as coisas estão diferentes, embora tenhamos gravado um samba antológico” (Tiganá – Unidos da Ponte)
“O ouvinte de nossa faixa escutará um andamento e um tom bem próximo daquilo que a escola apresentou em 1984. Tentamos dar o nosso melhor nessa volta da Ponte à Sapucaí. Cantar essa obra foi um presente” (Lico Monteiro – Unidos da Ponte)
“O samba da Renascer valoriza bem a letra, falando de Bahia com gosto de Bahia. Colocamos as referências musicais do estado no samba. Temos dolência e swing. Embora seja em menor é uma obra bastante alegre. A produção foi bastante aberta às nossas sugestões, mas garantimos ser uma faixa sem estardalhaços” (Diego Nicolau – Renascer de Jacarepaguá)
“O pessoal da escola teve a ideia de convidar a Juliana Pagung pois o samba é um diálogo e ela faz a parte de Deus e eu faço Jesus Malverde, como indica nosso enredo. Porquê não deus ser uma mulher?” (Guto – Sossego)
“Venho cantando na avenida todos esses anos, mas como intérprete oficial será minha estreia. É uma felicidade grande poder participar de um álbum com tantos nomes renomados do carnaval. O convite veio por intermédio da direção depois que participei da gravação da versão demo realizada pela escola” (Juliana Pagung – Sossego)
“Preparamos uma faixa para que as pessoas entendam o enredo. É um samba bastante melódico, dentro da característica da minha voz. É uma obra que permite um andamento confortável para desfilarmos. Esperem uma faixa linda da nossa Inocentes” (Nino do Milênio – Inocentes de Belford Roxo)
“É um bom samba, pois foi a obra que toda a escola desejava. Busquei botar o coração na interpretação. Estou muito feliz por essa nova oportunidade. É um samba que me fez estudar bastante pois tem bastante palavras específicas” (Thiago Britto – Cubango)
“Graças a Deus fomos premiados com mais um belíssimo samba. Vamos tentar galgar esse sonhado acesso com nossa obra. Vila Vintém, aqui se aprende a amar o samba. É basicamente isso que nossa faixa pretende mostrar nesse disco” (Pixulé – Unidos de Padre Miguel)
“Nosso samba tem um refrão de pegada, é uma obra muito forte. Eu procurei jogar a minha cara e minha interpretação, com aquela força. O império da tijuca é uma escola guerreira. Largamos o prego negão” (Daniel Silva – Império da Tijuca)
“Podemos esperar um samba como um dos melhores da safra. A obra é assinada pelo Samir Trindade, um dos melhores da atualidade. Estamos realizando o nosso sonho em poder cantar na Sapucaí” (Tem-Tem Jr – Bangu)
“A galera vai encontrar um samba dentro da religiosidade, sem perder alegria, como é a nossa Umbanda. A obra tem uma pegada bem trazida pelo lado do axé. O couro vai comer e ninguém vai ver nada” (Igor Vianna – Alegria)
“Nosso samba com certeza é um dos grandes sambas do carnaval. Tivemos o nosso laboratório e trabalhamos essa obra para essa gravação. Eu fiz o que sempre faço, estudo o samba para fazer minhas criações” (Ciganerey – Rocinha)