Carnavalesco da Grande Rio lança livro sobre Rosa Magalhães

Grande Rio Bora Livro001A poética artística de umas mais vitoriosas carnavalescas da folia carioca virou tema de livro. De autoria do carnavalesco Leonardo Bora, que divide com Gabriel Haddad a responsabilidade pelo Carnaval da Acadêmicos do Grande Rio em 2020, a obra “A Antropofagia de Rosa Magalhães”, lançada pelo Selo Carnavalize, investiga a ideia de brasilidade e antropofagia por meio de diversos estilos artísticos em onze carnavais da artista à frente da Imperatriz Leopoldinense. O lançamento acontece dia 5 de julho, a partir das 16h, no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, que fica na Rua Luís de Camões, 68, na Praça Tiradentes.

Segundo Bora, trata-se de uma adaptação do texto da dissertação de Mestrado em Teoria Literária defendida na Faculdade de Letras da UFRJ, em 2014. “O centro dessa pesquisa é o enredo de 2002, “Goitacazes… Tupi or not Tupi, in a South American Way!”, que levou para a Passarela do Samba as múltiplas vertentes do conceito de antropofagia cultural. Naquele ano, a carnavalesca Rosa Magalhães traduziu, em fantasias e carros alegóricos, uma série de fragmentos literários, dos diários dos cronistas estrangeiros às letras tropicalistas, passando em revista a prosa de O Guarani, de José de Alencar, e o Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade. As obras de Tarsila do Amaral e as diferentes facetas de Carmen Miranda também foram abordadas, bem como a montagem de O Rei da Vela dirigida por José Celso Martinez Corrêa. A partir desse enredo tão amplo, famoso devido às polêmicas envolvendo o patrocínio da cidade de Campos, eu expando a leitura e analiso temas recorrentes nas dez narrativas de enredo anteriores, conjunto iniciado com o enredo de 1992, primeiro ano em que Rosa esteve à frente da Imperatriz Leopoldinense.”

Grande Rio Bora Livro002Ainda segundo o autor, que é professor da Escola de Belas Artes e dá continuidade às pesquisas sobre Rosa Magalhães no Programa de Pós-Doutorado em Cultura Contemporânea da UFRJ, o livro investiga conceitos como “identidade nacional” e “brasilidade”, bem como questiona as leituras que a artista faz de símbolos como a onça-pintada e a própria figura do índio enquanto personagem de desfiles carnavalescos. “Nesse conjunto de onze enredos, a figura do indígena brasileiro ganha destaque em oito. Trata-se de uma recorrência temática que muito revela do sistema simbólico da artista e da memória da escola em que ela estava trabalhando, a Imperatriz Leopoldinense. Os desdobramentos desses símbolos, as polêmicas que envolvem isso e as particularidades do processo criativo de Rosa, tudo está presente no livro, um grande caldeirão fervente.”

Na ocasião do lançamento, será realizado um cine-debate com a presença de Rosa Magalhães e de demais agentes que participaram do processo de confecção do desfile de 2002, como Mauro Leite, assistente e figurinista da carnavalesca há mais de 30 anos, Penha Lima, projetista e cenógrafa responsável pelo desfile naquele ano e Samile Cunha, que desfilou e ajudou a confeccionar fantasias do referido desfile. A mediação será de Fred Góes. Durante a sessão de autógrafos, também será possível adquirir os últimos livros de autoria de Rosa Magalhães.

Serviço:

Lançamento do livro “A Antropofagia de Rosa Magalhães”, editora Rico
Data: sexta-feira, 5 de julho
Horário: a partir das 16 horas
Local: Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica – Rua Luís de Camões, 68 – Praça Tiradentes – Rio de Janeiro – RJ