A Unidos do Viradouro realizou, na noite do último sábado, a primeira eliminatória em chave única do concurso de samba-enredo para o Carnaval de 2024. Como parte da série “Eliminatórias”, a reportagem do site CARNAVALESCO esteve presente e acompanhou essa nova fase da competição promovida pela vermelha e branca de Niterói. Ao todo, oito obras se apresentaram e uma delas será cortada. O anúncio das que seguem no páreo será feito na próxima segunda feira, às 18h, nas redes sociais da agremiação. Já a etapa seguinte da disputa ocorrerá no sábado que vem, dia 09 de setembro.

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Foto: Wagner Rodrigues/Divulgação Viradouro

No ano que vem, a Viradouro será a sexta e última escola a passar pelo Sambódromo da Marquês de Sapucaí na segunda-feira de Carnaval, dia 12 de fevereiro, encerrando os desfiles do Grupo Especial. A agremiação irá em busca do terceiro título de campeã da folia carioca com o enredo “Arroboboi, Dangbé”, sobre a energia do culto ao vodum serpente, que será desenvolvido pelo carnavalesco Tarcísio Zanon.

Parceria de Thalita Santos: O primeiro samba a se apresentar foi o composto por Thalita Santos, André Ramos, Gustavo Huber, Leandro Henrique, Marcello Pereira, Tchaca Arruda e Soares, com a participação de Nina Rosa. O intérprete Rodrigo Brites foi quem teve a missão de conduzir a obra. A torcida, apesar de pequena, mostrou animação. Ornamentados com bandeiras e balões nas cores da escola, assim como com bastões de luzes coloridas, eles cantaram e pularam ao longo de toda apresentação. Os momentos de maior canto foram nos refrões, especialmente o principal, que trazia os versos “Arroboboi, arroboboi/Sete cores no meu manto encarnado/Minha caixa é de guerra, é a ponte pro sagrado/No roncar do tambor, Viradouro, alafiou/No roncar do tambor, Viradouro, alafiou”. Outro ponto de destaque no samba foi trecho de subida para o refrão principal, com os versos “No toque do adarrum, na imagem de Doné/A serpente é fundamento, é de jeje o candomblé”.

Parceria de Dudu Nobre: A obra assinada por Dudu Nobre, Samir Trindade, Victor Rangel, Deiny Leite, Valtinho Botafogo, Fabrício Sena, Felipe Sena e Jeferson Oliveira foi a segunda a se apresentar. Os responsáveis por defender o samba na quadra foram a dupla de intérpretes formada por Igor Sorriso e Guto, que tiveram uma boa performance. A obra melodiosa e aguerrida teve um rendimento alto ao longo de toda a apresentação, tendo o seu momento de catarse durante o refrão principal, em especial no verso “Se me desafiar… É Guerra”, cantando duas vezes. Nele, era possível observar as pessoas entoando o samba a plenos pulmões. Aliás, com direito a bandeiras estampadas com o pavilhão da agremiação, os torcedores presentes na quadra fizeram bonito e contagiaram quem estava no local. Tanto que foi possível observar segmentos da escola cantarolando o samba.

Parceria de Renan Gêmeo: O samba de autoria dos compositores Renan Gêmeo, Raphael Richaid, Rodrigo Gêmeo, Bebeto Maneiro, Paulo Cesar Portugal, Marcelo Adnet, Bello, Silvio Mesquita, Carlinhos Viradouro e Ricardo Neves foi o terceiro na ordem de apresentações. A obra foi defendida por um time de cantores encabeçado por Gilsinho, mas que também contava com outros nomes conhecidos como Nino do Milênio e Daniel Silva. Com bandeiras coloridas, a torcida demonstrou bastante empolgação. O canto mais forte ocorria durante os refrões, enquanto no restante do samba era possível observar diversos torcedores sem entoar a obra. O restante da quadra também reagiu apenas de maneira tímida ao samba. Vale mencionar que, além dos refrões, o trecho com os versos “Agô dilê mahim á Dan issu Dan” se sobressaiu positivamente.

Parceria de Igor Leal: A quarta obra a se apresentar nessa eliminatória foi a de autoria de Igor Leal, Gustavo Clarão, Inácio Rios, Márcio André, Arlindinho Cruz, Diogo Nogueira, Igor Federal, Rubinho, Vaguinho e Vitor Lajas, com as participações especiais de Márcio André Filho e Daniel Katar. Os intérpretes Evandro Malandro e Freddy Viana, da Acadêmicos do Grande Rio e da Mancha Verde, foram os condutores do samba. A obra começou a apresentação de maneira mais acelerada, mas depois se estabilizou em um ritmo menos frenético, porém mantendo uma pegada “para cima”. Quanto aos torcedores, ornamentados com bandeiras nas cores da agremiação, eles deram um show na quadra. Com direito a coreografias, cantaram e pularam o tempo inteiro. Em relação a obra, um dos pontos altos foi o refrão principal. Também vale chamar atenção para o início da primeira estrofe do samba, cuja os versos “Arroboboi!/Eu disse: Arroboboi, Dangbé/Alafiou… Alafiou!/Jorra o sangue pra Serpente/Viradouro incorporou” são de fácil assimilação e com uma variação melódica interessante.

Parceria de Lucas Macedo: O quinto samba a passar pelo palco da Unidos do Viradouro nessa eliminatória foi o da parceria de Lucas Macedo, Diego Nicolau, Richard Valença, João Perigo, Cadu Cardoso, Marquinhos Paloma, Orlando, Ambrósio, Lico Monteiro e Silas Augusto. O intérprete Zé Paulo Sierra, que no último Carnaval encerrou uma passagem de uma década pela vermelha e branca de Niterói, é quem defendeu a obra. Apesar do ritmo acelerado, o samba conseguiu manter as variações melódicas. A torcida veio com bandeiras diversas nas cores da escola, além de bexigas vermelhas. Eles cantaram e sambaram ao longo de toda a apresentação. Os momentos de explosão ocorreram no refrão principal, especialmente no trecho “Ô deixa girar/Arroboboi, dangbé”, que era entoado a plenos pulmões até por segmentos da própria vermelha e branca de Niterói.

Parceria de Claudio Mattos: Dando sequência para as apresentações, o sexto samba foi assinado Claudio Mattos, Claudio Russo, Julio Alves, Thiago Meiners, Manolo, Anderson Lemos, Vinicius Xavier, Celino Dias, Bertolo e Marco Moreno. A obra teve a condução de uma dupla de intérpretes de peso, os premiados Tinga e Pitty de Menezes, vozes oficiais da Unidos de Vila Isabel e da Imperatriz Leopoldinense respectivamente, que fizeram um show à parte. Além deles, a torcida também fez bonito. Ornamentados com bandeiras nas cores da Viradouro e bexigas coloridas, eles cantaram, pularam e até fizeram coreografias casadas com trechos da letra. Quanto ao samba em si, o destaque ficou para o trecho que antecede o refrão principal. Os versos “Ê alafiou, ê alafiá, é o ninho da serpente/Jamais tente afrontar/Ê alafiou, ê alafiá, é o ninho da serpente/Preparado pra lutar” foram berrados pelos torcedores da parceria e contagiaram o restante dos presentes na quadra.

Parceria de Mocotó: A sétima obra a passar pelo palco da Unidos do Viradouro foi a da parceria de Mocotó, Peralta, Alexandre Fernandes, Andre Quintanilha, Bira do Canto, Rodrigo Deja, Reinaldo Guimarães, Ronilson, Henrique Vianna e Luiz Mata, com participação especial de André Diniz. O intérprete oficial do Acadêmicos do Salgueiro, Emerson Dias, foi quem defendeu o samba e demonstrou segurança ao conduzi-lo. O cantor estava tão confortável que até mesmo arriscou alguns passos de dança e adotou como caco o chiado de um chocalho de cobra. Sobre a torcida, eles vieram com bastões de luzes pisca-pisca coloridas e, em alguns momentos da apresentação, fizeram movimentos sincronizados, dando um belo efeito visual. Apesar da animação por parte dos torcedores, o canto teve altos e baixos. O destaque ficou para o refrão principal, com os versos “O toque do adarrum bate no couro/Ressoa no tambor da Viradouro/Na dança dos voduns, é feiticeiro/E abençoa o mundo, grande terreiro”.

Parceria de Diego Thekking: Encerrando essa eliminatória, o oitavo e último samba a se apresentar foi o composto por Diego Thekking, Roberto Doria, Claudinho Manhães, Adilson Couto, Thyaguinho Reis, Silvio Henrique, André Couto, Dr Diogo Valente, Thiago Dal Bello e Jandré. Defendida pelo intérprete Thiago Acácio, a obra apostou em um andamento mais cadenciado, que evidenciasse os desenhos melódicos. Mesmo que não tenha arrastado, o samba acabou não empolgando. Até a torcida da própria parceria, que trouxe bandeiras nas cores vermelha e branca, só cantou com mais força os refrões, especialmente o principal, com os versos “ Vejo a luz no Odu Iká, o caminho/Que conduz o meu andar, não tô sozinho/Quando o aguidavi do ogã vibrar no couro/Vai começar o InakiDan da Viradouro”. O curioso é que o destaque dessa apresentação terminou sendo a performance artística realizada por um grupo de mulheres que vieram fazendo alusão às guerreiras de Daomé.