A Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo (Liga-SP), a União das Escolas de Samba Paulistanas (UESP) e o SENAI-SP lançaram, nesta terça-feira, na unidade do Bom Retiro, o projeto Carnaval Sustentável SP. Com foco na gestão ambiental e na responsabilidade social, a iniciativa visa não apenas mitigar os impactos da festa, mas redefinir a relação do maior evento cultural do país com o meio ambiente. Como etapa inicial, algumas das 105 agremiações carnavalescas da capital (32 ligadas à Liga-SP e 73 à UESP) passaram por visitas técnicas do SENAI. O objetivo foi realizar um diagnóstico preciso sobre o volume de descarte, o potencial de reuso de materiais e a geração de renda nas comunidades.
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Para Lucia Helena, gestora do projeto na Liga-SP, a parceria oficializa e potencializa práticas que já fazem parte do DNA das escolas. “Os desafios financeiros que as agremiações enfrentaram ao longo das décadas acabaram por capacitá-las naturalmente na questão do reuso e da troca de materiais, fantasias e esculturas entre si. A criatividade nascida da necessidade é o ponto de partida deste projeto”, explica.
A dimensão profissional das escolas surpreendeu Carlos Coelho, diretor da unidade SENAI de Biotecnologia, que destacou a mudança de percepção ao visitar a Fábrica do Samba. “Ali pude ver o quanto o carnaval gera emprego, renda, cultura e entretenimento de forma estruturada. Levar a expertise do SENAI para dentro das escolas de samba e blocos é uma forma de reconhecer esse trabalho e oferecer ferramentas para elevá-lo à excelência industrial”, afirmou. Ele também faz parte do Núcleo de Sustentabilidade, responsável por orientar decisões com base em critérios técnicos, viabilidade operacional e geração de valor para as agremiações.
Vanguarda e Impacto Urbano
A busca por essa excelência técnica motivou a aproximação institucional. Segundo Renato Remondini, presidente da Liga-SP, o carnaval paulistano tem a responsabilidade de liderar inovações. “Nosso espetáculo cresce a olhos vistos. Agora, precisamos fazê-lo crescer também onde os olhos do público não veem, mas onde o planeta sente”, pontua Remondini, reforçando que ideias implementadas em São Paulo tendem a ser replicadas nacionalmente.
A complexidade logística também foi abordada por Alexandre Magno, o Nenê Teixeira, presidente da UESP. Ele ressaltou os desafios específicos do carnaval de rua em comparação ao Sambódromo. “Como os desfiles da UESP ocupam as vias públicas de diversos bairros, o cuidado com os resíduos exige atenção redobrada. O espaço precisa ser devolvido à sociedade pronto para a normalidade do dia seguinte, o que demanda uma operação de sustentabilidade muito ágil”, analisa.
Essa operação ganha reforço com o apoio do poder público. Osmário Ferreira, secretário municipal de Limpeza Urbana, destacou a importância da integração das equipes. “Seja no Anhembi, no Butantã ou na Vila Esperança, as particularidades divergem, mas convergem em um ponto: a sustentabilidade é alcançada de forma mais eficaz quando combinada com a limpeza urbana e, principalmente, com a valorização dos profissionais de coleta”, concluiu.
Próximos Passos e Legado
O projeto prevê ações de curto e longo prazo:
• Desfile Mirim Temático: No dia 7 de fevereiro, o Sambódromo do Anhembi receberá mais de 4.000 crianças para um desfile monotemático sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Antecedendo o Grupo de Acesso II, o evento, com entrada gratuita, visa conscientizar as novas gerações sobre o futuro do planeta.
• Polo de Economia Circular: Está em estudo a implantação de um polo dentro da Fábrica do Samba, focado em soluções para resíduos complexos, como isopor e têxteis, atendendo todas as agremiações da cidade.
• Capacitação Profissional: A partir de março de 2026, o SENAI/FIESP iniciará a qualificação técnica de mais de 3.000 profissionais vinculados à cadeia produtiva do carnaval.
O projeto Carnaval Sustentável SP atende diretamente aos seguintes Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU:
• 3 – Saúde e Bem-Estar
• 4 – Educação de Qualidade
• 8 – Trabalho Decente e Crescimento Econômico
• 10 – Redução das Desigualdades
• 12 – Consumo e Produção Responsáveis
• 13 – Ação contra a mudança global do clima









