A ampliação para 54 jurados no julgamento das escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro no Carnaval 2026 é vista por dirigentes e profissionais como uma experiência de renovação. A decisão, aprovada em plenária da Liesa, prevê que apenas 36 notas serão lidas, com a menor descartada. A mudança também traz a presença de dois jurados por quesito nas cabines 3 e 10. Em entrevista ao CARNAVALESCO, representantes do Grupo Especial repercutiram a novidade.
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Para Thiago Monteiro, da Grande Rio, a ampliação tem saldo positivo. “Avalio muito positivamente. Quanto mais avaliadores para essa festa que já é macro por natureza, melhor. Você tem mais cabeças, mais olhares diferentes, multidisciplinares, entendendo melhor essa festa que é multifacetada”, declarou o diretor de carnaval da agremiação de Caxias.
O entendimento de que o novo formato deve ser encarado como um teste se repete entre dirigentes. Cátia Drummond, presidente da Imperatriz, resumiu: “É uma experiência. Caso não dê certo, voltamos aos 36. Isso não é problema nenhum”.

Já Escafura, dirigente da Portela, defende que a flexibilidade faz parte do carnaval: “Se der certo, continua; se não der, muda de novo. Acho que a mudança sempre é bem-vinda.”
A presença de dois avaliadores por quesito nas cabines 3 e 10 é recebida como uma alteração que exige ajustes das escolas, mas que não muda a essência da disputa. Para Escafura, cada agremiação saberá criar sua estratégia: “Cada escola tem seu jeito de desfilar e sabe o contingente que vem, a quantidade de alegorias. É uma questão da harmonia com a direção de carnaval, que sabe o que cada escola precisa fazer”.
Tarcisio Zanon, carnavalesco da Viradouro, reforça que o objetivo maior não deve mudar: “Independentemente do jurado, a gente tem que fazer para o público, e o jurado é um público especializado”.
O sorteio que define quais 36 notas serão lidas gera opiniões distintas. Thiago Monteiro valoriza o sistema por dar mais peso a falhas recorrentes e não a erros isolados: “Isso é bom porque você não é punido por um erro pontual. Se você tira uma nota, perde duas, você realmente acaba penalizando aquela que efetivamente errou, aquela que merece a punição, porque o erro perdurou em mais de uma cabine, em mais de um momento do desfile”.
Já Tarcisio aponta para a imprevisibilidade: “O fator sorte acaba sendo até mais valorizado nesse ponto, porque às vezes você tem um jurado que gostou e, se não for sorteado, a gente acaba perdendo pontos”.
Ele também manifesta curiosidade sobre a ausência de divulgação das notas não lidas:
“Se fosse mostrado, ia ser um fuzuê”.
Escafura lembra que já houve carnavais com envelopes de jurados não lidos: “Isso faz parte. Estamos preocupados em fazer um grande trabalho, um grande carnaval, para que todos deem a melhor nota possível”.
Apesar das diferenças de enfoque, todos convergem no desejo de que o resultado final reflita os desfiles da Sapucaí. Tarcisio sintetiza essa expectativa: “O que eu espero é que termine o Carnaval e a gente realmente tenha a sensação de que a campeã foi a campeã, que as colocações foram boas e que o descenso seja justo também”.