O carnaval tem um histórico papel de luta e inclusão, e no Camarote King não é diferente. Neste ano, o espaço se tornou o primeiro camarote do Brasil com 100% de acessibilidade para pessoas com deficiência. Quem esteve no primeiro dia de desfiles da Série Ouro, na noite desta sexta-feira, pôde conferir as novidades.
O projeto está sob o comando da ex-capitã da Seleção Brasileira de Futebol Feminino, Carol Basílio. Ela perdeu as duas pernas após sofrer um grave acidente de trânsito em 2010 e, desde então, desenvolve projetos de acessibilidade em eventos. Neste ano, a atleta é coordenadora de acessibilidade do camarote. É a primeira vez que ela desenvolve um trabalho no mundo carnavalesco.
“Estou muito feliz de estar recebendo essa demanda de maneira plena, com dignidade e autonomia. A gente trouxe vários recursos e, hoje, podemos receber não só cadeirantes, como também cegos, surdos, neurodivergentes e autistas. Hoje, o Carnaval tem um espaço democrático e acessível para ser chamado de seu. É a pessoa com deficiência com dignidade para curtir o Carnaval”, ressaltou Carol.
Entre os recursos de inclusão, o King fornece sinalização em braile, rampas de acesso, espaço PCD com vista privilegiada para a Avenida, elevador exclusivo e até um cardápio audiodescritivo que disponibiliza tudo o que o espaço tem a oferecer. Para o público neurodivergente, o camarote tem abafadores, parede sensorial e espaço reservado.
Carol contou ter recebido diversos retornos positivos somente no primeiro dia de desfiles. Exemplo de superação, ela destacou a importância da luta e, acima de tudo, da inclusão no Carnaval.
“Primeiro dia e já tivemos mais de 15 pessoas com deficiência frequentando esse espaço. Num passado muito próximo, isso parecia uma realidade muito distante. Com esse projeto na prática, isso está sendo cada vez mais viável. Estou muito feliz. Se todo mundo conseguir transformar o luto em luta, com certeza amanhã teremos um mundo melhor. Essa é a mensagem”, disse.
Uma das frequentadoras da última sexta-feira foi a atleta de canoagem Joelma Teles, de 50 anos. Pelo segundo ano no Camarote King, ela aprovou a acessibilidade e o projeto desenvolvido por Carol Basílio.
“Achei o máximo ter esse espaço. Além de eu ser deficiente, tenho um filho autista. É fazer a gente participar. Nós também somos humanos e precisamos participar. Eu amo o Carnaval, e isso (acessibilidade) está sendo maravilhoso”, contou Joelma.