Lucas Milato e Alexandre Louzada formam a dupla de carnavalescos que a Unidos de Padre Miguel terá na sua volta ao Grupo Especial depois de décadas longe do principal grupo da folia. A escola levará “Egbé Iyá Nassô” para a Marquês de Sapucaí no próximo ano, e o CARNAVALESCO conversou com os artistas para saber um pouco mais da inspiração do enredo, a concepção e a pesquisa do mesmo. Louzada começou contando como ele e Lucas pensaram no enredo que UPM deveria ter no Carnaval de 2025.
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“Não foi uma encomenda, mas foi um pedido de que a gente trouxesse ideias de temas que pudessem navegar pelo universo do afro, de África, de candomblé, da religiosidade que todas as escolas de samba, e a Unidos de Padre Miguel vivem tão intensamente. Na verdade, esse enredo nasceu quando nós estávamos debatendo que tipo de tema que a gente apresentaria para direção. E foi o próprio Lucas que falou assim ‘Poxa, gostei disso aqui, gostaria de saber mais sobre isso’. E acabou que a Iyá Nassô ficou na cabeça tanto do Lucas quanto na minha. Foi assim que aconteceu”.
Lucas complementou Louzada, pontuando que o enredo tem a essência da Unidos de Padre Miguel: “A escolha percorreu muito uma vontade de agradar a comunidade da Vila Vintém, os apaixonados pela Unidos de Padre Miguel. É um enredo que tem a essência da escola e agrada muito a nossa comunidade. O nosso maior objetivo esse ano, com a escolha do tema, era agradar nossa comunidade que por tanto tempo esperou por esse momento da Unidos de Padre Miguel no Grupo Especial. A gente está muito feliz e eu acho que não tinha como não ser esse enredo”.
Ouça o samba-enredo da Unidos de Padre Miguel para o Carnaval 2025
Lucas ressaltou o samba potente da escola: “É um samba forte, potente, mas acima de tudo e singelo. Essa é a essência da Iyá Nassô. Ela é uma mulher muito potente, foi uma mulher muito potente e que deixou plantada uma semente aqui no Brasil. Muito, muito forte, muito importante. O axé que ela plantou germina até hoje. Temos a história dessa mulher, dessa fundadora do primeiro terreiro de candomblé Ketu do Brasil, que é o terreiro da Casa Branca. O nosso samba tem a força que a Unidos merece”.
Galeria de fotos da final de samba da Unidos de Padre Miguel para o Carnaval 2025
Louzada concordou com Lucas, principalmente, para mensagem de preservação das raízes e tradições do país: “Eu endosso as palavras do Lucas. É uma história de verdade que nós estamos trazendo e que tenha toda a força do axé que Iyá Nassô plantou aqui no Brasil e que se transformou numa religião com tantos seguidores no país. E ter uma mensagem positiva de preservação das nossas raízes, da nossa cultura e que também é que eles entendam que que uma escola de samba também é uma pequena África, também é um Ilê e que nós vamos apresentar. Nosso enredo começa na África e termina na pequena África, que é a Vila Vintém”.
Por fim, a dupla contou o que mais chamou a atenção de ambos durante a pesquisa do enredo para 2025, com Alexandre Louzada contando como o enredo foi pensado e escrito até a confirmação no terreiro da Casa Branca.
“Vamos considerar que cada ser humano utiliza só uma mão para escrever. O enredo da Unidos de Padre Miguel teve quatro mãos e quatro cabeças pensando em todos os desdobramentos que esse enredo pudesse ter. É um mosaico de informações onde nós tivemos, até mesmo com a ajuda dos nossos enredistas, que é o Clark Mangabeira e o Victor Marques, que cada um pensou e saiu em campo de pesquisa de várias coisas para condensar em um só pensamento. Nós tínhamos opções de seguir a linha de algumas teses sobre sobre a vida e a vinda da Iyá Nassô para o Brasil. A gente escolheu aquela que mais nos agradava como história e como uma história lúdica para se transformar em carnaval. E eu acho que nós acertamos que quando fomos pedir autorização ao terreiro da Casa Branca, bem como ao orixá que comanda a casa nós. Nós escolhemos a versão certa, e foi uma versão que agradou a todos lá”.
Lucas, inclusive, encerrou ressaltando a importância da ida ao local para fortalecer a certeza de que estavam indo pelo caminho certo para contar a história de Iyá Nassô: “O grande clarão ele se deu quando a gente foi no terreiro, quando a gente chegou em Salvador, tivemos o primeiro contato com os orixás do terreiro da Casa Branca. Naquele momento, a gente confirmou a potência desse enredo, a importância e foi uma grande conexão de pensamentos, porque a gente viu que o que a gente tinha pesquisado até então, e era extremamente coerente com a verdade delas. Eu acho que isso inclusive culminou nessa aprovação, porque elas ficaram muito lisonjeadas e felizes de terem a sua história real contada”.