Abrindo os minidesfiles que marcam o lançamento do CD das escolas de samba de São Paulo no ano seguinte, a Fábrica do Samba recebeu as dez escolas do Grupo de Acesso II – divisão com cada vez mais destaque pela diminuição gradativa de agremiações (eram doze em 2023 e serão dez em 2025), aumentando a competitividade; e pela mudança na data, saindo da segunda-feira de carnaval para o sábado no fim de semana anterior à folia de Momo. Mostrando criatividade e emoção, as escolas inauguraram com força o já célebre dia 30 de novembro de 2024. O CARNAVALESCO acompanhou todos os minidesfiles das dez agremiações e compartilha os destaques de cada instituição no evento que já se tornou o maior do pré-carnaval paulistano.
Galeria de fotos: minidesfiles do Acesso II de São Paulo para o Carnaval 2025
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Raízes do Samba
Estreante nos grupos organizados pela Liga-SP, o Raízes mostrou desenvoltura na estreia entre as coirmãs mais tradicionais da cidade de São Paulo. Prova disso é a utilização de um elemento com o emblema da escola, para que todos já se familiarizassem com a novata. O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Danielle Santiago e Alex Augusto, aproveitou para mostrar que os giros estão em dia, utilizando bastante tal artifício na frente de cada uma das arquibancadas – que aplaudiam o pavilhão da instituição. Dentre os casais, por sinal, destaque para o terceiro, com máscaras faciais. Juninho Branco, intérprete da instituição, empolgou os componentes com vários gritos de guerra, deixando os desfilantes animados e com uma evolução bastante solta – sintetizadas pelas baianas, que estavam coreografadas e girando com frequência.
Imperatriz da Pauliceia
Com alguns componentes bastante conhecidos no mundo do samba, a escola da Vila Esperança também investiu em pinturas faciais – logo de cara, na comissão de frente. Ronaldo e Leila, primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, valorizaram o samba no pé para o público presente. A parte musical, entretanto, foi o destaque: em mais uma grande exibição de Tiganá, o samba-enredo foi potencializado por uma ótima tarde da Swing da Pauliceia, comandada por mestra Rafa. Por sinal, muito provavelmente influencida pela comandante, foi possível notar muitas mulheres ritmistas e, também, com diretoras de naipes.
Unidos do Peruche
Um dos lançamentos de enredo mais emocionantes do carnaval paulistano neste ciclo foi coroado com um chão muito forte da Filial do Samba no minidesfile. Com seo Carlão, fundador da escola e grande homenageado do enredo, à frente, ficou nítido que a “peruchada”, como descrito no samba-enredo, comprou o samba – e fez questão de deixar isso bastante claro, cantando forte a canção. Foi interessante, também, ver a montagem da agremiação, com a bateria (com muitos ritmistas, diga-se) encerrando a apresentação. A Rolo Compressor, comandada por mestre Marcel Bonfim, teve uma das maiores cortes de todos os minidesfiles: cinco destaques à frente.
Torcida Jovem
Conhecida no mundo das escolas de samba como “cabeça”, a entrada da agremiação chamou bastante atenção. A escola, que homenageará São Luís, veio com um boi-bumbá à frente, interagindo com outros componentes da comissão de frente. Entre os dois primeiros casais de mestre-sala e porta-bandeira (Gabriel Vullen e Joice Cristina, o primeiro deles, esteve bem sorridente e com movimentos leves), uma ala coreografada também chamou atenção. Comandados por mestre Marcelo Caverna, a Firmeza Total fez uma bossa no refrão principal que contagiou – a canção, por sinal, foi bem levada pelos componentes ao longo de toda passarela. Ainda falando sobre a bateria, vale destacar a presença de um pandeirista à frente dos ritmistas.
Pérola Negra
Desde 1988 sem disputar o terceiro pelotão do carnaval paulistano, a tradicionalíssima escola da Vila Madalena contou com alguns nomes de destaque. Bruno Ribas, um dos intérprete da instituição, esteve presente em um modelito inteiramente vermelho. A cor, por sinal, esteve muito presente nos primeiros figurinos, talvez indicando algo para o desfile. Lucas Donato, que completa a dupla, veio na cor azul e branco – completando as cores oficiais da instituição da Vila Madalena. Outro ponto de atenção foi a estreia de Carlos Augusto Rezende, o Sombrinha, como mestre de bateria da Swing da Madá: e ele já começou com o pé direito, fazendo uma bossa no refrão principal que vai albuns versos além. Por sinal, a escola teve bom nível de canto, sobretudo nos últimos versos do refrão – “Se você não respeitar/A Vila Madalena vai te cobrar”. Dentre os bandeirões que fecharam o minidesfile, destaque para o que homenageava Mydras, torcedor declarado da escola e famoso compositor de sambas-enredo na folia paulistana.
Morro da Casa Verde
A entrada do Morro foi destaque e nem precisou de muito investimento em algo estético para isso. O carro de som da escola, conduzido pelo renomado Wantuir, cantou o tradicional hino da verde e rosa, depois executou uma versão de “Muito Obrigado Axé” (clássico de Carlinhos Brown) e emendou uma passagem inteira do samba com uma caixa de guerra na marcação, timbau, cavaco e tantan, tal qual um samba de roda – com os componentes cantando bem desde então. Só depois o intérprete deu o grito de guerra e a marcação tradicional do samba-enredo começou. A comissão de frente dava destaque para um integrante todo paramentado, e a ala seguinte era coreografada, com alguns componentes representado orixás. As baianas trouxeram folhas de arruda para benzer os caminhos da agremiação, e a Bateria do Morro, sob a batuta de mestre Fábio Américo, fez uma ótima bossa depois do refrão do meio.
Imperador do Ipiranga
Enquanto a bateria esquentava, a escola fez algo que poucas fizeram nesse ano: lançaram papel picado, dando um destaque especial ao momento. Na comissão de frente, Yasmin, a menina que encantou no quesito no desfile de 2024, novamente apareceu destacada na coreografia – que contou com leques por parte dos integrantes. Estreando na agremiação, Alex Malbec sambou bastante para acompanhar Naiomy Pires, formando o novo primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da instituição da Vila Carioca. A estreia de mestre Renato Fuskão à frente da Só Quem É também foi marcante, com uma bossa nos versos antes do refrão principal e com o carro de som deixando a agremiação cantar à capela.
Primeira da Cidade Líder
Mais um conjunto musical foi destaque na apresentação da escola que homenageará Pai Tinho, famoso pai de santo da Zona Norte paulistana. A Batucada de Primeira, comandada por Alexandre Junior, o mestre Alê, fez uma inventiva bossa na segunda estrofe do samba. A escola também contou com ótima condução do aclamado samba por Thiago Melodia. Formando o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Fabiano Dourado e Sandra de Jesus investiram nos giros, mostrando sincronia e velocidade. Por fim, importante citar a solução da agremiação para se apresentar: após a comissão de frente, guardiões carregavam peças que, juntas, formavam a palara “Líder”.
Brinco da Marquesa
Após cair e voltar em um período de dois anos, a agremiação do Cursino mostrou força e animação, com uma evolução bastante leve dos componentes. Mesmo com umvento bastante forte soprando, Samuel Lemos e Mariana do Carmo souberam conduzir o pavilhão com força, aproveitando para mostrar samba no pe. A Fantástica, sob a batuta dos mestres Bigode e Maurício Camilo, aproveitou para também mostrar criatividade ao fazer uma série de convenções – incluindo um apagão no verso “Mas alguma coisa acontece no meu coração”, último antes do refrão principal.
Camisa 12
Encerrando os minidesfiles do Grupo de Acesso II, a agremiação foi recepcionada com fogos – das poucas e utilizar tal artifício tão comum em eventos carnavalescos no Anhembi. A Ritmo Doze, comandada por Luís Felipe Moreira, o mestre Lipe, não fez o primeiro recuo e foi direto para a passarela, optando por improvisar um box na esquina das duas alamedas que formavam a passarela – os ritmistas, por sinal, estavam bastante cadenciados. Luã Camargo, primeiro mestre-sala da instituição, veio com um chapéu africano para dançar com Estefany Righetti, mestre-sala – e ambos também resistiram à ventania. A 12, por sinal, trouxe quatro casais próprios e mais um da Academia de Casais e veio bastante leve para evoluir.
Público destaca energia dos componentes das escolas nos minidesfiles do Grupo de Acesso 2