A tradicional ala das baianas é sem dúvidas uma das alas que geram mais expectativas não só do público, mas também dos próprios componentes. Esse ano, a ala das baianas da Em Cima da Hora, escola que abriu o Carnaval 2022, veio representando as mães suburbanas. Elas são as donas de todas as aflições e perrengues, além de abençoarem seus filhos e filhas antes da saída para mais um dia de luta mundo a fora.
Em entrevista ao CARNAVALESCO, a baiana Maria das Graças Carvalho da Silva de 53 anos, descreveu um pouco do sentimento em fazer parte de uma ala tão importante para a escola e aguardada pelo público.
“Eu desfilava na ala da comunidade, mas sempre fiquei muito encantada com a ala das baianas, justamente por representar a escola, além de ser referência em respeito e ancestralidade. A escola de samba sem a nossa ala, não é uma escola de samba”.
A assistente social também aproveitou para contar da sua relação com suas duas filhas, com quem afirmou ter uma ótima relação, já que as duas sempre as apoiam, independente do que for.
“Eu fico sempre preocupada com minhas filhas, mas procuro sempre orientar, principalmente com esse mundo violento em que vivemos. Hoje você confiar no outro ser humano, é algo extremamente difícil, então tento sempre passar isso para elas. Mas independente disso tudo, a vida não pode parar, temos que enfrentar nossa luta diária e torcer para que não aconteça nada de ruim”.
A baiana Maria da Conceição Casemiro de 63 anos, atual cozinheira, também se mostrou bastante satisfeita com a representatividade de sua fantasia.
“Os meus filhos já estão adultos, então hoje em dia eu consigo respirar melhor”, brincou. “Na época em que tive meus dois filhos sozinha, confesso que foi muito difícil. O mundo hoje está uma loucura, não basta só aconselhar os filhos, porque a cabeça dos jovens infelizmente é muito fraca, e as mães que sofrem. Hoje em dia eu não teria filhos”, afirmou.
A auxiliar de serviços gerais Zélia dos Santos Bento de 63 anos, também nos contou em entrevista sobre a emoção de estar se sentindo representada. Baiana há 20 anos, a dona Zélia contou que o carnaval é a sua verdadeira paixão.
“A sensação de não saber se nossos filhos atingirão suas metas ao final do dia é muito angustiante. Fico muito preocupada quando
meus filhos demoram a chegar em casa, seja por condução ou até mesmo perigos do mundo a fora, mas graças a Deus nunca aconteceu nada a nenhum deles”, concluiu aliviada.