A pesquisadora do Bembé, Ana Rita Machado, em entrevista ao CARNAVALESCO, frisou que o Bembé não é apenas uma festa ou uma religião: é um projeto civilizatório.
“O candomblé é uma referência civilizatória africana”, explicou. “Ali existem princípios muito mais profundos do que a gente possa imaginar. É um lugar da diáspora, uma perspectiva de mundo afrocentrada, diferente de uma experiência de classe média branca”, completou a pesquisadora.
Essa dimensão conecta Bahia e Rio: Tia Ciata, que levou o samba ao Rio, saiu de Santo Amaro; Mãe Agripina, liderança do Afonjá, importante terreiro da Baixada Fluminense, também era santamarense. O fio é o mesmo.
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Para ela, o Bembé precisa ser entendido em sua grandeza. “Não é uma simples festa ou celebração do 13 de Maio. É uma coisa muito maior”, destacou.
Ao levar o Bembé para a Sapucaí, a Beija-Flor atualiza no corpo nilopolitano essa memória. A avenida se torna extensão do Barracão do Mercado: lugar de canto, dança e afirmação de que a liberdade não veio de cima, mas foi fincada no chão, em um mastro, pelo povo negro. Um encontro ancestral que, mais de um século depois, continua a ser celebrado.