Crianças e adolescentes ligados à Beija-Flor por meio do instituto de ações sociais amparado pela escola estiveram no palco da quadra da azul e branca em Nilópolis, no sábado, para celebrar o Dia da Consciência Negra. Eles participaram de uma esquete teatral relacionada ao enredo “Empretecer o pensamento é ouvir a voz da Beija-Flor”, que será apresentado na Marquês de Sapucaí ano que vem.

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Foto: Eduardo Hollanda/Divulgação

Organizada pela porta-bandeira Selminha Sorriso, que também atua na direção cultural da agremiação, a iniciativa transformou cerca de 30 crianças em atores e atrizes por um dia. Diante das próprias famílias e de segmentos da Beija-Flor, todos sob os cuidados de protocolos contra a Covid-19, os artistas mirins encararam — com coragem e talento — a missão de encenar situações racistas vividas em sala de aula, ambiente em que convivem diariamente, e explicar ao público o que há de errado em cada uma delas.

Foram discutidos, por exemplo, o viés racista embutido na utilização de expressões como “denegrir” e “a coisa ficou preta”, bem como “cabelo pixaim” e outras referências a pessoas de pele preta e seus traços físicos. Tudo de maneira didática e com foco na relevância da discussão: a plateia foi lembrada, mais de uma vez, que racismo é crime e que as escolas públicas são obrigadas por lei a ajudar a combatê-lo através do ensino da história afro-brasileira aos estudantes.

O conteúdo foi transmitido online, por meio do YouTube, em parceria com a produtora Fitamarela, para garantir que os ensinamentos do roteiro, escrito pela dançarina, possam ser amplamente acessados e difundidos.

Ao abrir os trabalhos, Selminha discursou à comunidade da Beija-Flor, enalteceu os profissionais negros da escola (incluindo o presidente Almir Reis, um dos poucos negros entre os dirigentes do Grupo Especial do Carnaval carioca) e explicou a intenção por trás da peça:

— Nossa turma, formada no Instituto Beija-Flor, não é de atores e atrizes profissionais, mas preparou um espetáculo muito bonito para explicar assuntos importantes para a escola, para o Carnaval e toda a população negra. É uma mensagem que precisa chegar à sociedade brasileira, ainda mais num dia como o de hoje — disse Selminha, vestida com um turbante, acessório que remete à ancestralidade em culturas afro.

Além de Selminha e das estrelas da festa, estiveram no palco da Beija-Flor figuras como Rodrigo França, ator e diretor teatral; Katiúscia Ribeiro, filósofa e Flávia Oliveira, jornalista com atuação na GloboNews e no Jornal O Globo. Eles foram homenageados pela porta-bandeira e estão entre as personalidades negras convidadas pela Beija-Flor para desfilar em 2022.

Há um ano, também no Dia da Consciência Negra, a Deusa da Passarela iniciou sua disputa de samba para o próximo Carnaval, em busca de uma trilha sonora que embalasse sua apresentação sobre a intelectualidade das pessoas pretas. Recentemente, em outubro, foi escolhida no programa “Seleção do Samba”, da TV Globo, a obra da parceria do compositor J. Velloso (em memória). Os ensaios de canto para componentes estão acontecendo todas as quintas, às 21h, também na quadra.

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