Inspirada no enredo “Empretecer o pensamento é ouvir a voz da Beija-Flor”, que será apresentado na Marquês de Sapucaí em fevereiro, a Beija-Flor de Nilópolis realizou, ao longo desta semana, uma intervenção na fachada de seu barracão na Cidade do Samba, Zona Portuária do Rio de Janeiro.
A azul e branca incluiu no local, em posição de destaque, um alerta a respeito da importância da política de cotas raciais no Brasil, bem como do ensino sobre a cultura negra e afro-brasileira nas escolas. Há também uma menção de repúdio à intolerância religiosa no país.
Diz o texto, elaborado a pedido de Almir Reis, presidente da escola (um dos poucos dirigentes negros entre as agremiações do Grupo Especial do Carnaval carioca):
“Beija-Flor de Nilópolis, referência cultural formada essencialmente pelo povo negro da Baixada Fluminense, reforça as demandas que passam pela defesa do sistema de cotas e pelo cumprimento da Lei nº 11.645, que trata da obrigatoriedade do ensino da história e da cultura afro-brasileira e indígena nas escolas. Repudia ainda qualquer discriminação religiosa contra o nosso povo, reafirmando a laicidade do Estado brasileiro. Somos mais uma voz a se levantar contra a violência racial no país!”.
A intervenção se soma a uma série de ações antirracistas que a Deusa da Passarela vem promovendo desde meados de 2020, quando anunciou a temática que está sendo preparada para a próxima temporada de folia, a primeira após o início da pandemia da Covid-19. No início de dezembro, por exemplo, crianças e adolescentes ligados à escola protagonizaram uma peça de teatro que tratou dessas temáticas agora registradas no barracão.
O enredo está sendo desenvolvido pelo carnavalesco Alexandre Louzada, com sinopse desenvolvida coletivamente pela comunidade da Beija-Flor. Uma comissão de artistas pretos também integra a execução dos trabalhos: dela, participam André Rodrigues, Fabynho Santos e Rodrigo Pacheco.