Os ritmistas da Furiosa, bateria do Salgueiro, pisaram na Sapucaí com a fantasia chamada “Diamante Bruto”, representando metais com pontinhos brilhantes, metais esses que eram controversos na comunidade Yanomami. Uma vez que os maiores (os mais velhos) da aldeia contam que, antigamente, coletavam esses metais para fabricar uma substância de feitiçaria que era usada para cegar suas inimizades. Atualmente, os mais novos não sabem para o que esses metais servem. Já os descendentes de Yoasi, o criador da morte e aquele que despertou a cobiça do homem, desejavam esse metal, que acreditavam ser diamantes, para vender e obter dinheiro.
E, por fim, os ritmistas trazem em sua fantasia o pensamento dos napës, os garimpeiros, a cobiça pelo diamante bruto. A publicitária Paula Santos, de 27 anos, que toca tamborim, está com o significado da fantasia na ponta da língua.
“Acho que todo mundo achava que a Furiosa iria vir de indígena, mas a gente está vindo de diamante, a gente está no setor que fala sobre garimpo e a fantasia representa o bem maior que a gente tem de exploração hoje no Brasil. A gente vem com uma mensagem de fora garimpo dentro da bateria também, então os naipes dos tamborins e as cuícas estão com essa mensagem do fora garimpo e os diretores, que vem no meio da bateria, vêm de garimpeiros. Então a Furiosa é o diamante bruto, que é super cobiçado, em forma de uma fantasia super tranquila, boa para o ritmista tocar e vamos que vamos”, contou Paula.
“A gente está representando no setor 3, o setor que fala da mata que chora, falando das mazelas do garimpo. E a fantasia está bem bacana, está bem leve, está confortável, está bem bonita, dá até para a gente guardar chinelo, guarda tudo dentro da fantasia. Vamos entrar com tudo!”, disse a professora Adriane Soares, de 28 anos.
Com uma fantasia leve, reta e nada volumosa, a bateria do Salgueiro cruzou a Sapucaí. Com um clássico vermelho Salgueiro, preto e dourado, a fantasia dos ritmistas era composta de uma capa vermelha, uma calça preta brilhosa, adornos e bota dourada e no chapéu, o cobiçado diamante bruto furta cor. Os mestres de bateria aprovaram o figurino e disseram que tiveram total liberdade sobre o figurino.
“A fantasia da bateria é o Diamante Bruto. Vem representando o Diamante Bruto e os diretores da bateria vem de garimpeiros. Eu gostei muito da fantasia, o Edson é muito solícito quanto a isso. Sempre quando ele faz o protótipo ele chama a gente para ver e a gente vai ajustando da melhor forma para o ritmista e para o diretor jogar. Nessa conversa com o carnavalesco a gente diminuiu algumas coisas. O chapéu, que é o diamante, algumas coisas de adereço da fantasia a gente diminuiu para que chegasse nesse resultado de hoje”, disse o mestre de bateria Guilherme Oliveira.
Para o outro mestre de bateria, Gustavo Oliveira, a bateria representar essa cobiça pela terra Yanomami, por parte do garimpo, é importante, pois a bateria entra para fazer barulho contra o garimpo e ajudar os irmãos Yanomamis.
“A gente vem no centro da escola, que é justamente para falar de todo o problema, falando da parte do garimpo, da extração do diamante. E a gente vai fazer esse barulho aí, para que a gente consiga ajudar a acabar e consiga ajudar nossos irmãos Yanomamis a sair dessa situação. Sempre há uma conversa com o Edson, ele é um cara sensacional, que sempre deixou tudo as claras com a gente, quando vamos lá ver a fantasia. Temos muito liberdade de estar tirando um pouquinho aqui, tirando um pouquinho ali para poder ajeitar, ele sempre é muito solícito. E assim a gente consegue sempre chegar em um resultado bom para os dois lados. E esse ano foi isso, uma fantasia bem leve, sem ferro nenhum. Tudo certinho para a galera ficar confortável e conseguir desempenhar legal na avenida”, contou Gustavo.