Por Guilherme Ayupp. Fotos: Magaiver Fernandes
A bateria Furacão Vermelho e Branco quase botou a Avenida Amaral Peixoto, no Centro de Niterói, abaixo no primeiro ensaio de rua da Viradouro rumo ao Carnaval 2019. Mestre Ciça e seus comandados brincaram nas paradinhas, coreografias e deram uma amostra grátis do que esperar do desempenho neste quesito na avenida. A equipe do CARNAVALESCO acompanhou o primeiro treino da vermelha e branca em uma das principais vias do município.
O ensaio teve início por voltadas 19h30 deste domingo e durou quase 90 minutos, se contados o esquenta e show realizado ao final do treino com sambas antigos. O intérprete Zé Paulo Sierra iniciou o esquenta relembrando os sambas de 1998 e 2014, além do samba hino da Viradouro. Ao final ainda reviveu os sambas de 2016 e 2007. O presidente de honra Marcelo Calil chamou os componentes aos brios, garantiu um carnaval competitivo e cobrou dos desfilantes um canto de escola que tem intenção de ser campeã.
“Exigir muito em um primeiro ensaio não é justo. Temos muita coisa a acertar. Ainda vamos evoluir bastante. O que posso dizer que o caminho a percorrer é longo. Teremos 2.800 componentes, aproximadamente 2.000 delas virão com as roupas de comunidade. Mas as alas comerciais vivem o dia a dia da escola e não temos preocupação. No caso da Viradouro temos um local ótimo para treinar, mas é claro que o nosso Maracanã (Sambódromo) faz falta. Embora o nosso CT seja ótimo”, brincou o diretor Alex Fab.
Harmonia
Quesito que ainda pode evoluir para a Viradouro alcançar seus objetivos, já publicamente assumidos, almejar as primeiras colocações. Como foi o primeiro ensaio na rua há ainda bastante tempo para colocar o canto no lugar até o dia do desfile. Tradicionalmente alas iniciais em ensaios são aquelas que mais cantam, mas no específico treino da Viradouro deste domingo, algumas dessas alas demonstraram que precisam melhoria no canto. Destaque positivo para algumas alas na parte final da escola, que já demonstraram um canto bastante evoluído.
“Esperamos muito desse samba. Ficamos felizes com a gravação. É uma obra de força, de refrão contagiante. Consegue também ser calor com relação ao enredo. Juntando todas essas ferramentas acredito que ele nos levará a um grande desfile”, comentou o presidente Marcelinho Calil, que falou da relação com o carnavalesco Paulo Barros.
“Temos tido uma química importante com o Paulo Barros, que já teve uma passagem aqui. Jogamos limpo desde o início, indicando qual era o projeto da escola. Paulo é um cara acostumado a vencer e isso agrega muito à nossa agremiação. É um casamento fundamental. Seremos conservadores onde for necessário e modernos em outros momentos. A Viradouro é muito eclética e o Paulo também”.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Julinho e Rute aproveitaram o espaço para fazer marcação de dança para cabine de julgadores, embora todos os casais possam utilizar o Sambódromo para realizarem treinos específicos, que ainda não começaram na Avenida. Em determinados momentos eles caminhavam e ofereciam a bandeira ao público, mas em quatro instantes realizavam uma apresentação técnica, simulando uma cabine de julgamento. A coreografia, no entanto, não se sabe se foi a oficial da avenida ou uma apenas para demarcação de tempo e de espaço. Os dois demonstraram a tradicional garra que marca a dupla. Julinho arriscou ousados passos.
“O ensaio de rua tem importância, pois temos a condição de trabalhar o andamento em linha reta. Temos aqui essa vivência algo próximo do que acontece na Sapucaí. Na rua tem algumas ondulações de asfalto. É legal pelo calor do público. Mas nos adequamos ao espaço que temos”, contou Julinho.
“Depois que a gente monta a coreografia de jurado a gente faz quatro vezes, simulando a avenida. Com ensaiador, onde podemos melhorar, condicionamento físico. Cada ano é um ano. O nosso quesito é importante para ajudar a Viradouro. Temos recebido um apoio muito grande da escola e por esperarem esse retorno de nós dois ao Especial, sem dúvida, que isso aumenta a nossa responsabilidade, que é imensa”, citou Rute.
Samba-Enredo
O destaque do samba da Viradouro é certamente o seu refrão principal, aquele com uma característica de arrasa quarteirão, típico de desfiles que marcaram a história da agremiação. O trecho final da segunda parte da obra, “das cinzas voltar, nas cinzas vencer”, além de ser uma sacada poética muito interessante, mexe com os brios dos componentes e faz com que o integrante chegue para o refrão com a voz já empostada para cantar forte. Zé Paulo conduziu com firmeza ao lado de sua equipe do carro de som.
“A expectativa para 2019 é muito boa, pois a comunidade se mostra empolgada, abraçando a escola. Esperamos chegar assim até o carnaval. O ensaio do Sambódromo ele é pertinente pelo aspecto de evento, para o público. Mas tecnicamente para o carro de som não é tão imprescindível, pois a sonoridade não é a mesma do desfile. Eu vou buscar uma caracterização, mas dentro de um perfil competitivo que a escola vai implementar. Será algo mais pé no chão, não pode atrapalhar”, afirmou o cantor Zé Paulo.
Bateria
Um show da Furacão Vermelho e Branca. Ciça e seus ritmistas foram ovacionados pelo público ao final da apresentação. O mestre já deu mostra do que pretende apresentar na avenida com duas coreografias treinadas na rua. Em uma delas os naipes de tamborim vão para o corredor central da bateria e, enquanto os demais ritmistas se ajoelham, eles tocam junto da rainha Raíssa Machado. Em outro momento toda a bateria faz uma saudação ao público, virando-se para ele.
“Temos de corrigir algumas coisas, estamos definindo ainda o desenho de tamborim. No próximo já estaremos com a correção. Essa coreografia dos tamborins terei de corrigir, achei pouca gente. Serão 280 ritmistas. Eu lamento profundamente, como sambista, a ausência do ensaio técnico. Isso tem me chateado muito. Cheguei a pedir ao nosso presidente fazer um lá só com a Viradouro, mas a questão logística é complicada”, explicou mestre Ciça.
Evolução
Outro quesito que necessita de ajustes até o desfile e encontra o tempo hábil para isso até o domingo de carnaval. Um aspecto que toda escola que faz ensaio de rua precisa observar é a interação com o público. Em alguns casos os populares embolam-se com as alas e comprometem a correta evolução das mesmas. Mas é um problema menor, uma vez que não há este componente no desfile oficial. A Viradouro usou toda a extensão da Amaral Peixoto e a bateria também se posicionou em dois recuos, como acontece no desfile oficial. A escola usou cerca de 70 minutos para ensaiar, também se aproximando do tempo regulamentar de desfile.
Outros Destaques
A avenida Amaral Peixoto esteve tomada de admiradores da Viradouro. Até o mestre de bateria da Acadêmicos do Cubango, Demétrius, foi acompanhar o ensaio. Entre as alas havia uma com casais de escolas do carnaval de Niterói.
A rainha Raíssa Machado como sempre esbanjou simpatia. Em um determinado momento do ensaio, o presidente de honra Marcelo Calil puxou a bela para sambar junto de uma garotinha. Raíssa não só sambou com a criança, como a levou para a frente da bateria. Um momento de extrema singeleza.
O dirigente, aliás, demonstrou todo o seu conhecimento da parte técnica de um desfile, orientando alas, corrigindo eventuais erros de evolução. No final do ensaio Zé Paulo ainda reviveu sambas antigos, enquanto passistas sambavam no meio da bateria. Por volta de 21h o treino foi finalizado com os ritmistas festejando com mestre Ciça.
A Unidos do Viradouro será a segunda escola a desfilar no domingo de carnaval pelo Grupo Especial. De volta à elite do carnaval em 2019, a vermelha e branca apresenta na avenida o enredo ‘Viraviradouro’, de autoria do carnavalesco Paulo Barros.
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