A bateria da Beija-Flor representou, nesta segunda-feira, a lei dos vadios e capoeira. A lei enquadrava pessoas sem trabalho que pudesse comprovar. “De um modo oculto, existe uma visão ainda desta lei na sociedade. Por exemplo, se um homem negro estiver andando na rua de madrugada vai ser confundido com um marginal”, disse Marlon Victor, diretor de chocalhos, que além de ritmista, é homem negro e advogado.

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Os ritmistas usaram um paletó bege, com detalhes prata e dourado. Por baixo, uma blusa branca de gola azul e, na cabeça, um chapéu bege e dourado com uma flor e penas azuis.

“Eu sou servidor público federal, e ja senti isso na pele. Eu não fui preso, mas ja fui oprimido por não conseguir provar que sou servidor federal”, relatou William Marques, servidor federal, ritmista negro da azul e branca da baixada. “A bateria é a lei e os vagabundos e marginalizados ao mesmo tempo”, completou.

Para os ritmistas, a lei sempre pesa para o lado mais fraco. A escola fez uma crítica ao fato do país criminalizar alguém antecipadamente pela classe social.

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“Na maioria dos casos, os crimes pesam mais para os pretos e pobres. O que acontece na zona sul não acontece na zona norte. A gente tem que lutar contra esse sistema. Eu sou negro, sou de familia pobre e sai desse sistema porque eu estudei e batalhei para conseguir ocupar esses lugares. Temos que lutar porque somos fortes”, disse Marlon.

A Beija-Flor foi a penúltima escola a apresentar nesse segundo dia de desfile. A azul e branca deu voz aos excluídos em seu desfile desta segunda.