A Independente Tricolor, vice-campeã do Grupo de Acesso I em 2022, e que retornou ao Grupo Especial, será apenas a segunda vez. O enredo do retorno tem tudo a ver com tudo que passaram nos últimos anos: “Samba no pé, lança na mão, isso é uma invasão!”, será a primeira escola a desfilar na sexta-feira, dia 17 de fevereiro.

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Fotos de Fábio Martins/Site CARNAVALESCO

A Independente Tricolor passou por dois problemas graves recentes. O primeiro foi logo no seu auge, quando subiu pela primeira vez ao Grupo Especial em 2018. O abre-alas deu problema, a escola que fez um desfile interessante, acabou rebaixada. Depois, disputou normalmente em 2019, ficando em quarto lugar. Já em 2020, um incêndio atingiu o barracão e a escola não concorreu naquele ano. Veio a pandemia… Somente em 2022 disputaram, onde voltaram ao Especial. Transformando assim uma comunidade mais guerreira dentre as adversidades e ressaltando o trecho do samba “Um guerreiro valente eu sou. Se preciso for, eu vou. Além do infinito, defender você. Sou Independente até morrer””

Retorno e o enredo

Recebidos por Amauri Santos, carnavalesco da Independente, que entrou no projeto do carnaval de 2022. E tinha saído logo após o acesso, mas acabou retornando na vaga do Anselmo Brito, refez o projeto e explicou um pouco sobre a volta a Independente.

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“O enredo no carnaval passado o presidente já tinha a ideia de fazer o enredo, havia comentado, só que não tinha entrado em um acordo e sai da escola. Contratou um outro profissional (Anselmo Brito), talvez não deu liga, não sei o que aconteceu. Pedi para retornar, e retornei. E tinha começado o projeto profissional, mas quis que tivesse mais a minha cara, já que no último carnaval quando cheguei já estava iniciado. Então queria que tivesse meu olhar desde o início”.

Após o tour pelo enredo, a sensação ficou que vai surpreender muitos sobre o que será passado, a ideia da Independente através do carnavalesco Amauri Santos é trazer ‘Toia’ em sua essência, mas junto toda a fama da escola que é guerreira e valente após tantos problemas em sua história. Em uma sala da escola, Amauri explicou todo o projeto, com as fantasias e alegorias, o que é uma passagem completa para todos os fãs da mitologia grega e troiana.

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“O enredo é bastante simples, didático, segue muito a história. Apesar da história da guerra de Tróia ter várias interpretações, nós criamos a nossa em cima da mais original que possa ter, inclusive até do filme, só que dando nosso molho. A gente mistura um pouco, os deuses aparecem muito no nosso enredo. Então traçamos um paralelo com o que a escola está vivendo hoje, retornando ao grupo de elite do carnaval de São Paulo. Nossa intenção é chegar para ficar, mostrar que o Anhembi e o Grupo Especial é o nosso lugar, queremos conquistar a avenida. Assim como a Grécia conquistou Tróia, a gente quer conquistar a avenida e mostrar que é nosso lugar”.

Sobre a preparação das fantasias e o seu trabalho

Como citado acima, o carnavalesco Amauri mostrou para nós a sequência das alas, fantasias e toda a riqueza da história que será contada na avenida. Foram muitas pesquisas na história de Troia, nos deuses envolvidos, e isso que veremos em sua sequência da apresentação, promete arrepiar os fãs da mitologia grega. Em questões estéticas, Amauri contou sua ideia para o site CARNAVALESCO.

“Variei muito, escalonei, começo no branco, depois faço uma passagem, a nossa bateria tem uma cor mais neutra, depois começo do amarelo para o vermelho, vou fazendo essa passagem, brinco com as cores, fazendo toda uma escola de cores. Agrada muito esse visual, pois a gente não quebra muito de uma cor para outra. Estamos fazendo uma passagem mais suavizada, mais bacana, mas passamos pela escala todas cores, todas as cores possíveis da escola, está bem colorida”.

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Ao ser perguntado sobre o seu estilo de trabalho, Amauri Santos contou: “Gosto de acompanhar tudo, preparo tudo. Escrevo enredo, desenho todas as alas, carros, faço plantas de carro, acompanho toda construção e toda parte de piloto, reprodução de fantasia, acompanho 100%. Passo meu dia aqui. Chego por volta de 10 horas da manhã e vou embora por volta de 21 ou 22 horas também. Gosto de pintar um pouquinho, às vezes alegoria, as fantasias estou pintando. Gosto de meter a mão, e estar com a galera, acompanhando 100%”.

Mudança de Grupo e meta da escola em 2023

Vice-campeão do Grupo de Acesso I na última temporada, a agremiação com as cores vermelho, branco e preto volta ao Grupo Especial somente pela segunda vez. E é a primeira vez do carnavalesco Amauri Santos em São Paulo. Portanto é algo muito novo para ambos, mas com pontos positivos avaliados pelo Amauri.

“Muda em vários sentidos, a dificuldade ainda permanece, a forma financeira, pois a escola acabou de sair do Grupo de Acesso. Mas diante de tantos problemas que a escola passou e teve que reconstruir. Não existe ainda uma estrutura de uma escola que estava no Especial há muito tempo, então tudo se torna um pouco mais difícil. Mas Grupo Especial, a verba melhora logicamente, os componentes se animam muito mais, a procura é outra, a Independente tem um contingente bacana, um povo que canta. No Especial você sente um clima, muda completamente. Para mim como profissional, tenho maior liberdade de criação também, nada como estar no Grupo Especial, que em São Paulo ainda não estive a frente, é a primeira vez. Então essa liberdade, espaço físico para se trabalhar. Na Fábrica do Samba você consegue centralizar toda a escola, fantasia, alegoria, pouca coisa sendo feita fora, só primeiro casal e comissão de frente. Restante tudo dentro de casa. E isso, o nosso olhar, estou aqui diariamente, desço, pinto, ajudo, consigo visualizar tudo de perto, diferentemente do que fosse em um ateliê fora. Então como profissional, é o melhor, estar aqui”.

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Sobre a meta neste ano no Grupo Especial, o carnavalesco relatou: “Estou sentindo um clima muito bacana, que vai permanecer. Nossa luta hoje é permanecer, o que for acima disso é lucro. Não que nós estejamos fazendo um carnaval simplesmente para permanecer, além de fazer um carnaval com nível legal de especial sim, queremos trabalhar de forma muito técnico. Pois o julgamento de São Paulo é muito rigoroso, então monto toda pasta, mas tem pessoas para revisar. Estamos com esse cuidadozinho final”.

Conheça o desfile

Setor 1: “A brincadeira de que os Deuses interferem muito, desde que Afrodite que são nossas baianas, semeiam esse amor, é quase um acordo com o príncipe Páris, ela semeou esse amor e a gente começou a desenrolar. E quando falo que é paralelo, é porque esse enredo envolve vários sentimentos de ódio, vingança, principalmente o amor. E o amor que nossos guerreiros tricolores têm pela escola que vai fazer que nós consigamos esse êxito. Então começamos contando com Grécia, mostrando os guerreiros, e começamos a desenrolar nossa bateria que tem um exército bem bacana. E vamos encaixando dentro desta história da Guerra de Tróia com o que a gente vive, então assim tento representar nossos guerreiros ali, as armas que eles têm, para impulsionar para que chegamos ao objetivo. Estamos preservando alguma coisa, a nível do carnaval passado, pois achamos que deu muito certo. Estamos tentando passar o mais técnico possível, sem inventar demais. Porém temos alegorias com tamanho razoável, nosso abre-alas tem cerca de quarenta metros, com acoplado, a gente faz uma abertura não tão vermelha, mas clara, um pouco esse ano. Estamos trazendo as baianas na frente do abre-alas, e as cores das baianas ajudam a compor as cores do abre-alas também. E entre dourado, branco, é nosso maior carro”.

Setor 2: “Começa a contar história de forma didática, a traição, o desejo de vingança, essa travessia que faz pelo mar egeu, chega em Tróia, e eles chegam e desrespeitam os deuses, as virgens, sacerdotisas e isso causa uma revolta nos deuses. Nem tudo dá para falar, aí começa desenrolar. Mostramos a travessia para o Mar Egeu, é uma coisa muito lúdica, misturada com a rusticidade de um navio, daí brincamos com essa coisa lúdica do Mar Egeu”.

Setor 3: “Tem a parte da construção do cavalo enquanto eles estão comemorando achando, Tróia, que venceu essa batalha. Começa a construir esse cavalo, também é um detalhe do nosso enredo, que é um presente que está sendo preparado. Depois mostramos Tróia ainda de forma, com a construção preservada, toda a comemoração achando que venceu a batalha, enquanto o presente está sendo preparado. Depois mostramos Troia, preservamos uma cidade, uma coisa mais contida a nível de cores. Pois o segundo carro explode um pouco mais as cores”.

Setor 4: “Mais para o final, mostramos a invasão. Uma parte que gosto muito do enredo é uma ala que antecede o último carro – que é o Cavalo de Tróia – e a fantasia deles é uma mistura de um guerreiro grego com nossos guerreiros tricolores, então esse paralelo. É o momento de invadir. A invasão vai começar, rumo a vitória como diz o samba. Então no mesmo momento que a Grécia estará invadindo Troia, nós estaremos invadindo a avenida para mostrarmos que ali é o nosso lugar. O último vai surpreender pelo tamanho, da alegoria, não de comprimento, mas talvez de altura, também é rústico, vai ter uma ação neste. Inclusive ao ser perguntado sobre o ponto chave do desfile, o carnavalesco Amauri Santos destacou justamente o último setor que promete fortes emoções: “Gosto muito do último setor, a última alegoria vai surpreender. Não só pela estética, pela movimentação e também pelo coração da escola que vai estar neste momento, que estará batendo mais forte ainda”.

O recado que Amauri Santos mandou para a comunidade da Independente Tricolor

“O recado é que temos uma Independente renovada depois de algumas adversidades, está bastante renovada, com mentalidade que quer ficar no Grupo Especial. Não só neste ano, mas permanecer por muito tempo, pois é uma escola que tem um presidente que ama isso. Tem uma diretoria e um presidente muito vaidosos, que querem fazer, não se contentam com o mais ou menos, são muito exigentes, e isso é muito bom para o meu trabalho. É uma escola que vai permanecer, tenho certeza, faremos um trabalho bacana, só contamos com os componentes, os guerreiros apaixonados façam o papel deles, eu sei que vão fazer, e que o público goste também”.

Ficha técnica
Alegorias: Quatro
Componentes: 1.800
Alas: 19
Diretor de barracão: Emerson Branco
Supervisão de fantasias e ateliê: Direção de Carnaval