A Visconde de Niterói ficou pequena, na noite do último domingo, durante o primeiro ensaio de rua de 2025 da Estação Primeira de Mangueira. Desfilantes, torcedores e público em geral compareceram em peso para demonstrar a força do chão da Verde e Rosa e foram o grande destaque. O ensaio durou pouco mais de 1h10 e teve um percurso de cerca de 600 metros. A escola percorreu a via desde a estação de trem do Maracanã até, praticamente, o viaduto de acesso à Mangueira. Ao fim do treino, o diretor de carnaval, Dudu Azevedo, fez um balanço da apresentação e fez elogios ao canto da comunidade.
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“Foi mais um ensaio que a comunidade cantou e a gente conseguiu evoluir. Ajustamos algumas coisas de tempo e evolução. No nosso bate-papo final, já temos algumas coisas para verificar. Acredito que até a Sapucaí – que é no dia primeiro – iremos bem mais firmes. A presidente Guanayra conseguiu – com as parcerias – entregar a Visconde de Niterói, que faz com que a gente chegue na Sapucaí ainda mais preparados. A gente vê a escola cantando cada vez mais. Hoje, parece que a escola gritou o samba. A parte final da escola era de emocionar e encantar”, analisou o diretor de carnaval.
Comissão de frente
Sob o comando dos coreógrafos Lucas Maciel e Karina Dias, o quesito levou, ao menos, 17 bailarinos – todos homens – para a Visconde de Niterói. A apresentação foi marcada pelo entrosamento e pela profunda conexão com a letra do samba. A sincronia e a garra exposta através de cada movimento corporal arrancou aplausos e gritos do público presente.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Sinônimo de excelência, o “casal furacão” fez uma apresentação impecável, repleta de força, sincronismo e conexão. Cintya Santos – como sempre com seu bailado único e giros impactantes – deu um show de garra, precisão e leveza, enquanto o mestre-sala Matheus Olivério enfatizou o bailado, o característico sorriso e sua tradicional elegância. Juntos, os dois pareciam flutuar pela avenida.
Harmonia
O ápice da noite. Mais uma vez, a Mangueira mostrou a força do canto de sua comunidade. Os componentes e o público presente entoaram o samba ao longo das mais de 1h10 de ensaio de rua. Apesar de ainda haver espaço para melhora – principalmente nas primeiras alas – os componentes já dão sinais de que vão dar conta do recado na Passarela do Samba – algo que parece estar sempre presente no DNA mangueirense. Vale o destaque para a ala 13.
Evolução
Sempre alegre e com muita determinação, a comunidade vibrou e brincou carnaval com muita espontaneidade. Os componentes se mostraram “soltos” e não deixaram de aproveitar cada metro de ensaio na Visconde de Niterói. Mesmo após o fim do treino, os desfilantes seguiram cantando até a altura do Palácio do Samba, que fica a cerca de 200 metros adiante. Por outro lado, apesar de dar um show no treino, algumas alas embolaram em determinados trechos do circuito – o que é completamente normal nesta altura do campeonato. A mudança do local do ensaio de rua surtiu efeito e mostrou ser um fator primordial para um grande espetáculo.
Samba-enredo
A obra musical teve uma excelente evolução até aqui e foi nitidamente abraçada pela comunidade. Sem dúvida, o ótimo entrosamento entre o carro de som e a bateria também foi um fator para o sucesso da obra. Destaque para “É de arerê, força de matamba/ É dela o trono onde reina o samba/”, que além de chiclete, marca o início de uma explosão da obra. Ao final do ensaio, o intérprete Dowglas Diniz destacou a força do canto dos componentes e o trabalho musical feito pela agremiação.
“Hoje, fizemos um ensaio positivo. Graças a Deus, a comunidade está correspondendo. Acredito que o trunfo que levaremos para a Avenida é o trabalho musical, juntamente com o canto da escola, bateria e carro de som. É um dos trabalhos mais ousados que temos desde 2023. A gente tem algumas coisas para melhorar um pouco, mas é questão de tempo. O samba está evoluindo a cada encontro que temos e tenho a certeza que ele vai funcionar bastante na Avenida. O entrosamento da bateria com o carro de som é resultado de muito ensaio e, acima de tudo, respeito que temos um pelo outro. Procuramos trabalhar em conjunto”, avaliou o intérprete mangueirense.
Outros destaques
Destaque para o show de excelência da bateria da Mangueira, comandada pelos mestres Rodrigo Explosão e Taranta Neto. Um dos pontos altos da apresentação foi a bossa nos versos “O alvo que a bala insiste em achar/ Lamento informar, um sobrevivente/”. Neste trecho, a bateria simula sons de tiros e reforça a letra da obra, assim como a violência cotidiana sofrida pelo povo preto e periférico.