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Baianas da Imperatriz levam à Sapucaí a força e a ancestralidade das ialorixás

As ialorixás, também conhecidas popularmente como mães de santo, desempenham um papel fundamental nas religiões de matriz africana, como o Candomblé e a Umbanda. Muito além de líderes espirituais, elas são guardiãs da tradição e responsáveis por transmitir conhecimentos ancestrais, preservando rituais e mantendo a conexão com os orixás, voduns e inquices. Sua importância transcende o campo religioso, alcançando esferas sociais e culturais que moldam a identidade afro-brasileira.

baiana imperatriz

A ala das baianas da Imperatriz Leopoldinense trouxe uma homenagem às ialorixás e ao que elas representam.

“O importante das ialorixás é aquela representação da mãe de santo. Todas elas, com a sua representatividade, têm a função de mãe baiana também, aquelas que abençoam. Elas têm uma representatividade muito forte. Eu acredito que elas têm aquela força, aquele axé, aquela magnitude de representação. A ala das baianas da Imperatriz representa a ancestralidade”, declara Henrique Bianchi, de 38 anos, responsável e coordenador técnico da ala desde 2024.

A ancestralidade ficou perceptível nos mínimos detalhes da fantasia, como a saia, o pano da costa e o da cabeça.

“Olha, é maravilhosa! É uma representação muito boa, satisfatória, feliz. A roupa está uma delícia, porque não está pesada. Vou rasgar a avenida!”, diz Jaciara, conhecida como Neném, de 45 anos, desfilante da escola há 31 anos.

O uso de colares e as comidas de Oxalá têm uma simbologia bastante significativa para as ialorixás com o sagrado. A fantasia destaca essas características marcantes, com a roupa na cor branca, estampa em um tom de azul bem suave que remete às águas, colares com miçangas, búzios e cordas trançadas. Já na cabeça, estampas, rendas, pérolas, flores claras e uma pomba branca, símbolo do orixá.

baiana imperatriz2

No contexto da diáspora africana, as ialorixás foram essenciais para a manutenção dos laços espirituais entre os povos escravizados e suas origens. Durante períodos de perseguição, muitas dessas mulheres utilizaram estratégias de sincretismo religioso e camuflagem cultural para garantir que os rituais sagrados continuassem vivos.

Verdadeiras guardiãs da ancestralidade, as baianas da verde e branco de Ramos carregam as cores azul e branco de Oxalá, simbolizando a cerimônia das águas. “Elas representam esse banho novo, esse novo axé, e esse banho é para purificar, aquela purificação para que todos possam ter as águas de Oxalá, representando toda magnitude e fé dentro da religião”, destaca o coordenador da ala.

A baiana da escola Juciara Nascimento, de 70 anos, que desfila na escola há 31 anos, declarou estar bastante emocionada em representar uma ala sobre o enredo que conta sobre sua nação religiosa e carrega toda sua ancestralidade. “É uma emoção muito grande, porque eu nunca imaginei que uma escola de samba fosse falar da minha nação, fosse falar desse Oxalá, que é o rei, é o dono da minha nação. São dois reis: Oxalá e Iruco, que é o dono da nação Efon. Meu avô, Cristóvão do Ogum, baixei a Pantanal, foi quem trouxe o Efon aqui para o Rio de Janeiro.”

Em uma conexão sagrada entre o humano e a divindade, Maria de Fátima, de 67 anos, desfila na escola desde 1995 e finaliza dizendo: “Representar essa conexão sagrada com esse orixá é muito importante. É uma apresentação muito bonita que estamos fazendo ao nosso pai Oxalá.”

 

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