O Baródromo, bar de todas escolas de samba, na Lapa, deixará o reduto de tantos momentos inesquecíveis, mas sua despedida temporária não poderia ficar sem o último afago. Por isso, no sábado, dia 1 de agosto, a partir do meio-dia, acontece a live “Abraço do carnaval ao Baródromo” reunindo cantores das escolas de samba, compositores e fãs do carnaval. A transmissão será feita no canal do site CARNAVALESCO no YouTube e terá a produção da Parole.
O Grupo Arquibancada, que por diversas vezes encantou os sambistas nas feijoadas, estará presente para acompanhar todo o espetáculo. Em um momento de tanta dificuldade, devido à pandemia da Covid-19, haverá uma vaquinha virtual em prol dos cantores que vão participar do encontro.
O jornalista Aydano André Motta escreveu um texto sobre o Baródromo. Leia abaixo.
Até daqui a pouco, Baródromo
Por Aydano André Motta
Das muitas identidades do ser carioca, a contemplação está entre as mais preciosas. Na cidade inventada entre mar, montanha, sol e verde – até mergulhar no caos sem volta da megalópole -, observar a vida passar inspirou artistas, gerou manifestações, criou projetos, sedimentou amizades e histórias de amor. Daí ser o Rio, em sua melhor cara, a terra da conversa, do encontro, da convivência, do despojamento, do saber viver.
Assim, os cariocas, de nascimento e adoção, unem-se no DNA do botequim. Como nos cafés de Paris – só que muito melhor. Lugares que viram a casa da gente, da amizade com o garçom, do chegar, ficar, sair e voltar na mesma perfeita sem-cerimônia. Endereços que adotamos com paixão e transformamos em causa.
Como o Baródromo.
A capital inventora das escolas de samba negligencia criminosamente a exaltação de sua arte maior. Muito ao contrário, vira as costas, desprezando a virtude inestimável de Portela, Mangueira, Beija-Flor, Salgueiro, Império Serrano, Mocidade, todas, todas. Bastava uma escola, para o Rio ser um lugar único sobre a Terra – e temos mais de 80, diferentes, plurais, incríveis, épicas.
O Baródromo assumiu a missão – e a cumpriu com louvor. Tornou-se, rapidamente, a casa da tribo do samba, em jornadas inesquecíveis, que reuniam a confraria apaixonada e apaixonante do culto às escolas. Estava pronta a fórmula.
A pandemia maldita obrigou ao tropeço da troca de endereço, mas não há de ser nada. Como as homenageadas em suas paredes, ano após ano, o Baródromo voltará com todo esplendor e glória. Pedirá passagem em outro endereço, sob a escolta da sua tribo. E o samba-enredo soará vigoroso, materializando o melhor Rio de Janeiro de todos.
Vida longa ao botequim dos bambas!