A 21° edição da Bienal Internacional do Livro celebra, este ano, a carreira e a obra de Ana Maria Gonçalves. A romancista mineira escreveu o livro “Um defeito de cor”, base para o enredo da Portela para o ano de 2024. A obra narra a trajetória da protagonista Kehinde inspirada em Luísa Mahin, importante figura história durante a Revolta dos Malês, na Bahia. A cerimônia de abertura contou com a apresentação da escola de samba Portela para reverenciar Ana Maria e os 40 anos desse evento que foi considerado Patrimônio Cultural Imaterial da cidade do Rio de Janeiro.
Animada com o reconhecimento, Ana Maria Gonçalves falou de sua emoção para o site CARNAVALESCO e fez sua aposta para o carnaval que se aproxima.
“Eu ainda não sei colocar em palavras isso não. Eu falei que vou viver e, depois da Bienal e depois do carnaval, eu tento entender o que é isso. Mas é algo grandioso, eu não tenho a menor dúvida. As conversas da literatura, principalmente da literatura que eu faço, com outras linguagens com um apelo que provavelmente um livro não alcançaria. Eu estou muito feliz com esse diálogo com a Portela. Eu acho que é um desfile que tem tudo para ser campeão sim”, disse a homenageada.
Ana Maria também se mostrou ansiosa para ver sua obra na Avenida. O enredo homônimo foi construído por Antônio Gonzaga e André Rodrigues e vai seguir a ótica do afeto.
“Eu acho que o Antônio [Gonzaga] e o André [Rodrigues] foram muito felizes no recorte que eles fizeram do tema, que é na verdade uma conversa com o livro. É uma carta de resposta à carta que é o romance epistolar O defeito de cor. Eu estou muito animada para ver como eles estão tratando questões da maternidade, do afeto, que é algo muito novo inclusive quando se trata da história do povo preto. As pessoas preferem mostrar o sofrimento, a dor, as dificuldades. E tudo isos tem, mas, sem a esperança do amor, do afeto, das boas contribuições que a gente fez para esse país também, nossa existência aqui não seria possível. Esse desfile vai dar para nós uma nova alternativa de existência possível através do afeto.”, refletiu Ana Maria.
O evento de abertura da Bienal foi comandado pela dupla de apresentadoras Isa e Pétala Sousa, as Afrofuturas, e contou com as participações da autora Thalita Rebouças e do influenciador Fábio Cruz. Eles foram acompanhados pela exibição do violoncelista Federico Puppi.
Estavam presentes na celebração o prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes, o secretário de Educação Renan Ferreirinha, o governador do estado do Rio de Janeiro em exercício Thiago Pampolha, a secretária estadual da Educação Roberta Barreto e a secretária estadual de Cultura e Economia Criativa Danielle Barros. Também estavam na solenidade os representantes das prefeituras de Queimados e Angra dos Reis e do Ministério da Cultura, em nome da ministra Margareth Menezes.
No palco, Eduardo Paes refletiu sobre a diversidade e importância da Bienal ser esse ponto de cultura e educação e na construção de diálogo.
“Como é bom comemorar os 40 anos em um momento em que o Brasil volta a respirar liberdade e a diferença”, disse o prefeito do Rio.
Além da homenagem à Ana Maria Gonçalves, a Bienal reconheceu a relevância do Programa Nacional do Livro e do Material Didático com o Prêmio José Olympio. A premiação busca reverenciar pessoas e iniciativas que incentivam e apoiam o setor literário.
“Ao homenagear a autora Ana Maria Gonçalves, a Bienal mostra o potencial de resistência do livro”, discursou Dante Cid, presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros.
Em 2023, a Bienal Internacional do Livro tem o objetivo de gerar diálogos, afeto e uma experiência imersiva leitora. O evento ocorre entre os dias 1° (hoje) e 10 de setembro, das 10h às 21h.