A Unidos da Tijuca anunciou, na última quarta-feira, uma iniciativa histórica para o mundo do carnaval. A escola do Borel abriu, em seu barracão na Cidade do Samba, um setor de psicologia dedicado a cuidar da saúde mental de todos os profissionais e agentes envolvidos no processo de carnaval. A iniciativa partiu da recém-chegada diretora de carnaval da Unidos da Tijuca, Elisa Fernandes. Em entrevista ao CARNAVALESCO, Elisa revelou que a ideia surgiu a partir de experiências vivenciadas por ela no mundo corporativo.
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“Eu venho do mundo empresarial, sou empresária e sei o quanto a saúde mental faz diferença na vida da pessoa, da sociedade, de todo mundo. É um debate que está em voga e acho que o carnaval tem um papel importante, a gente tem que entrar para essa conversa, é um espaço de muita visibilidade. É importante que a sociedade saiba que uma escola de samba se preocupa com seus funcionários, com seus artistas e com as pessoas que estão no dia a dia do barracão, na quadra, fazendo o carnaval da escola”, contou Elisa.
De acordo com a diretora de carnaval, uma boa parte da equipe da Unidos da Tijuca já está fazendo atendimentos com os psicólogos e outros profissionais do projeto. A escola não obriga que as pessoas façam, mas ela orienta que as pessoas façam e as pessoas estão fazendo”.
“Tem muita gente que ainda tem um preconceito com essa ideia de você fazer uma terapia, de ter um psicólogo, ter um momento de autocuidado. Muita gente não se permite ter um autocuidado. É um carinho que a Tijuca está fazendo para a sua equipe, para os seus funcionários e para os seus artistas. Fico muito feliz que a Tijuca seja pioneira nesse aspecto e espero que esse modelo seja replicado nas coirmãs”, completou Elisa Fernandes.
‘Psicólogos podem ajudar para que quesitos entreguem melhor resultado’
A diretora de carnaval da Unidos da Tijuca, Elisa Fernandes, também comentou sobre a pressão que é colocada sobre os quesitos no mundo do carnaval. Um casal de mestre-sala e porta-bandeira, por exemplo, é responsável diretamente por um quesito da escola na apuração.
“É uma responsabilidade muito grande. A gente também tem que entender que esses profissionais precisam desse suporte, eles tecnicamente estão preparados para essa responsabilidade, mas se o emocional estiver comprometido, a coisa pode desandar”, explicou.
Elisa definiu o acompanhamento psicológico como “determinante para que eles se sintam menos pressionados e mais confiantes da sua capacidade”. “Tenho certeza que só pode agregar para que eles cheguem na avenida e entreguem o melhor resultado”.
Impacto das redes sociais
Elisa Fernandes também falou sobre o impacto das redes sociais no trabalho e na saúde mental dos quesitos e departamentos das escolas de samba. A gente sabe que, no Carnaval, existem fóruns, grupos de WhatsApp, em que as pessoas às vezes ficam muito à vontade para criticar os profissionais, sem tanto conhecimento do dia a dia, sem entender de fato como é a rotina de um barracão”.
“Com certeza, a rede social e a internet como um todo acabam abalando os profissionais porque os prints circulam, as críticas, às vezes os profissionais se apegam nas críticas, na falta de tato das pessoas ou na certeza da impunidade, de perfis fakes. O papel da terapia é contribuir para que eles entendam que muitos desses comentários falam mais sobre quem faz o comentário do que sobre o profissional”, completou.
A Unidos da Tijuca será á quarta escola a desfilar na segunda-feira de carnaval em 2026, com o enredo “Carolina Maria de Jesus”, do carnavalesco Edson Pereira.