Após 25 anos de carreira, o ator Cridemar Aquino, que interpretou Laíla, na peça “Joãosinho e Laíla – Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia”, venceu o Prêmio Shell de Teatro, na noite de terça-feira, no Teatro Riachuelo, no Centro do Rio de Janeiro.
“Sou um folião, primeiro que eu sou o Beija-Flor de Nilópolis, sou um torcedor da escola. Cria de São João de Meriti, desde sete, oito anos de idade, estou do lado da quadra. Sempre que possível desfilo na escola e esse ano foi um presente receber esse carinho. Estou comemorando 25 de carreira como ator e fazer esse personagem nesse contexto falando desse carnaval específico de 1989 é muito importante pra mim”, disse ator Cridemar Aquino ao site CARNAVALESCO, na época da peça.
No espetáculo, Cridemar Aquino e Wanderley Gomes dão vida aos ícones do carnaval, Laíla e Joãosinho Trinta, respectivamente, trazendo a genialidade do diretor de carnaval e carnavalesco no emblemático desfile da Beija-Flor de Nilópolis em 1989, com o enredo “Ratos e urubus, larguem minha fantasia”. O maior desfile da história do carnaval do Rio de Janeiro traz a Praça da Apoteose para o palco. O elencocontou ainda com Ana Paula Black, Milton Filho e Fábio D Lellis, levando ao público um pouco da dinâmica dos bastidores do carnaval, a rotina dos barracões, os sambas de enredo e as figuras que compõem esse universo.
Todo aquele contexto revolucionário de mendigos fantasiados e mendigos reais, com a réplica da estátua do Cristo Redentor – em farrapos – coberta por um plástico preto, que tantas reflexões levaram ao público que lotava a Marquês de Sapucaí chegou ao teatro provando o quão importante é o carnaval para a quebra de paradigmas, a desconstrução de preconceitos, e para a formação da cultura e valores de um povo. A ideia surgiu de uma conversa de Édio Nunes, diretor da peça, que participou do histórico desfile, com o coreógrafo de comissão de frente Patrick Carvalho.
“Jamais esqueci a cena em que nós, os mendigos, arrancávamos o plástico preto (desfile das campeãs) que cobria a réplica da estátua do Cristo Redentor, um Cristo mendigo, que havia sido censurado pela Igreja e execrado pela mídia. Durante o desfile, a gente foi arrancando aquele plástico, desvelando aquele Cristo, provocando uma comoção. Essa memória me veio conversando com meu amigo Patrick, sobre Laíla e Beija-Flor. Fui percebendo que havia ali um espetáculo. Resolvi, então, levar para o palco aquela memória tão viva dentro de nós, aquele desfile que foi um divisor de águas”, exalta Édio.