No coração do desfile da Unidos de Vila Isabel, a ala das baianas assumiu um papel que vai além da tradição e da beleza das fantasias. Em 2025, com o enredo “Quanto mais eu rezo, mais assombração me aparece”, do carnavalesco Paulo Barros, elas ganharam mais destaque como as guardiãs espirituais da escola, carregando consigo amuletos, rezas e patuás que protegem a agremiação e afastam as energias negativas. A força, a fé e a ancestralidade dessas mulheres guiou a Vila Isabel na Marquês de Sapucaí.
O CARNAVALESCO conversou com as baianas da escola sobre a fantasia que trouxe elementos de proteção contra as assombrações. Verinha, presidente da ala das baianas, explica que os amuletos são a base da proteção espiritual. “Tem figa, tem cruz, tem búzio, tudo o que está presente no ritual da baiana. Estamos benzendo a escola na abertura do desfile com esses símbolos”, disse a veterana. O giro da baiana, segundo ela, é uma forma de espantar o mal. “Se gira para a direita, espanta as coisas ruins. Se gira para a esquerda, traz coragem. Nosso giro está afastando tudo de negativo”, declarou.
A fantasia das baianas é um retrato dessa força espiritual. Verinha, que está há 21 anos na ala, não esconde a emoção ao falar do trabalho do carnavalesco Paulo Barros. “Ele tem um carinho enorme pelas baianas. Diminuiu o peso das fantasias, e elas estão lindíssimas. É uma honra proteger a escola”, afirmou.
Para Eloá Oliveira Santos, de 37 anos, desfilar na ala das baianas é mais que uma tradição: é um legado familiar. “Desfilo desde pequena, e para mim, ser baiana é uma gratidão. É uma honra e um dever porque meu bisavô, minha avó e minha mãe fizeram parte dessa história. Seguir esse caminho é uma responsabilidade e uma alegria imensa”, declarou. Ela destaca que a fantasia traduz a força dos amuletos e da fé. “Cada detalhe, como o trevo da sorte e a figa, representa proteção e dedicação. É isso que a gente traz para a avenida”, afirmou.
Cléo Alves, de 50 anos, está em seu terceiro ano como baiana na Vila Isabel. Para ela, a fantasia é uma representação da ancestralidade e da espiritualidade. “Tem o olho grego, a figa, a estrela… Cada símbolo traz uma energia de proteção e fé”, explicou. Cleo acredita que o giro da baiana é uma forma de espantar as energias ruins. “É a força da mulher baiana, guerreira e cheia de fé. Isso não tem como duvidar”, afirmou.
A emoção de desfilar na avenida, para Cléo, vai além do carnaval. “É um momento de gratidão. Minha mãe está comigo após um princípio de AVC e minha irmã se recupera de uma depressão. Hoje, só tenho a agradecer e mandar as energias ruins para longe”, disse emocionada.
Em 2025, a ala das baianas da Vila Isabel guiou a escola com sua energia protetora. Cada giro, cada amuleto e cada detalhe da fantasia carregam a força de uma tradição que une fé, ancestralidade e amor pela agremiação.