O casal de mestre-sala e porta-bandeira da Estrela do Terceiro Milênio, Arthur Santos e Waleska Gomes, estrearam na escola em 2024 e, prontamente, levaram o resultado para a agremiação que conquistou a vaga no Grupo Especial. Agora, estão indo para o segundo ano com expectativas dobradas, colocando o forte enredo no mais alto patamar e empolgados para representar o manifesto LGBTQIAPN+. A dupla conversou com o CARNAVALESCO e contaram as experiências do último carnaval, a gratidão pela comunidade e todo o sentimento que foi estrear ostentando o pavilhão do Grajaú.

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Foto: Gustavo Lima/CARNAVALESCO

Desfilando com um tema necessário

A porta-bandeira falou sobre a importância do enredo que a Estrela do Terceiro Milênio irá cantar na avenida e se diz feliz de ter a oportunidade de homenagear as pessoas que fazem parte do movimento LGBTQIAPN+. “A gente se sente honrado em fazer parte desse momento, porque eu acho que é muito necessário, não só para a Milênio, mas para o carnaval inteiro. Eu acho que o carnaval é esse lugar, de vozes das minorias, das pautas, que a gente pode falar de várias questões. Eu acho que a nossa escola, também quando falou das mulheres, é uma agremiação que levanta essas bandeiras e defende mesmo. Então, eu me sinto honrada de poder homenagear tantos artistas e tantas pessoas que fazem esse movimento acontecer. Também, de fato, a gente faz um manifesto contra tudo que essas pessoas sofrem no nosso país, que é muito difícil. Ao mesmo tempo que a gente fica feliz, também ficamos tristes de ter que vir aqui manifestar e pedir igualdade para todos”, comentou a porta-bandeira.

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Seguindo a linha de raciocínio de sua companheira, Arthur declarou que demorou a ter esse tema no carnaval e, também, elogiou a sua escola pela responsabilidade. “Eu acredito que até demoramos a ter um enredo tão importante como esse no carnaval, que representa o mundo. De fato, o carnaval tem essa responsabilidade de levantar a bandeira e de ser a voz do povo. A Terceiro Milênio mais uma vez, como a minha porta-bandeira falou, chegou para falar por todos”, afirmou o mestre-sala.

Escola ativa e empenho nos ensaios

De acordo com a dançarina, o carnaval desde que a escola venceu o Grupo de Acesso 1 não acabou, devido ao fato de serem chamados para inúmeras apresentações, além de ensaios visando o próximo ano. “A gente costuma brincar que o trabalho aqui na Milênio não acabou, porque quando a escola acaba sendo a campeã, a gente sempre é chamado para fazer várias apresentações. É muito ativa. Aqui sempre teve muitas coisas e a gente já começou o nosso trabalho focado para o nosso julgamento. Então a gente já ensaia na fábrica. Mais uma vez, eu sempre agradeço o suporte que a diretoria nos dá. É um apoio incrível para os profissionais trabalharem. Nós temos uma condição de ter aula, um espaço legal, um espelho e uma preparadora. Nós conseguimos nos preparar bem e já estamos fazendo isso”, contou.

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Arthur completou dizendo que já estão avançando bastante nas fases que levam ao desfile de 2025, já caminhando para a etapa em que se adicionam pesos nas roupas de ensaios, simulando a fantasia da avenida. “Já iniciamos o nosso processo. Dividimos todo o nosso trabalho e o início de apresentações, preparação com coreografia, passos e preparação individual. A gente arruma aquelas imperfeições que sempre notamos. Nós somos dançarinos e nunca estamos satisfeitos. A gente tem esse suporte da preparadora Ana Reis graças a nossa diretoria e ao nosso presidente Silvão. Já estamos iniciando o processo de peso, vocês acreditam? Já estamos adicionando peso nas nossas roupas, a blusinha para simular ao máximo o nosso grande dia”, disse.

Emoção da posse e confiança da agremiação no trabalho

Waleska contou que chegou tímida na escola, com o ciclo na metade do caminho, mas que prontamente foi abraçada pela comunidade do Grajaú. Ela prometeu que levaria o resultado e conseguiu. “Eu falo para todo mundo que a empatia e o carinho que essa comunidade teve comigo, foi incrível. Eu nunca vou esquecer, porque foi realmente um momento bem delicado. Eu moro em Guarulhos, eu não conheço ninguém e quando eu cheguei aqui, essas pessoas me abraçaram demais. A comunidade, a diretoria, a minha parceria com o Arthur, parece que a gente já se conhecia há anos. Mas o que fez a diferença para mim realmente foi a empatia que todas as pessoas da comunidade, tiveram comigo e com os meus sonhos. Muitas vezes eu ficava aqui de cantinho, não sabia onde eu ia, mas sempre vinha alguém me receber. O dia da minha posse foi um momento muito especial para mim. Foi um momento que eu nunca vivi, do jeito que eles recepcionaram até a minha família. Eu até falei para o Japa (diretor de harmonia) no dia da minha posse: ‘Eu não tenho como te agradecer, só tenho como te agradecer de um jeito. Eu prometo para você que eu vou dar o meu melhor, eu vou trazer o resultado que a escola precisa e vou levar uns prêmios para casa. Graças a Deus, eu consegui cumprir essa promessa”, contou.

O mestre-sala também citou o momento da posse como algo emocionante, pois um jovem que já estava na casa foi designado a ocupar o cargo. O dançarino destacou o empenho e o trabalho de conquistarem notas e prêmios para a agremiação. “Sempre tem ansiedade. A partir do momento em que não tem nervosismo, ansiedade, tem alguma coisa errada. A minha ‘portinha’ citou um momento muito lindo, que foi a nossa posse. Eu coloquei meu primeiro pé direito na quadra e já comecei a chorar, porque os harmonias falaram pra mim: ‘Nosso menino virou nosso primeiro mestre-sala’. Foi tão forte essa parte do nosso menino, me trouxeram tão para dentro, me incluíram tanto na família, que é surreal. Não tem palavras para descrever. Como a minha porta-bandeira disse, vamos trazer resultado, dar o nosso máximo, trazer prêmio. É a nossa vontade, porém a gente trabalha muito para ter essa troca. Foi surreal, lindo, maravilhoso. Ter aquela noite prestigiando o pessoal a nossa volta, ver a diretoria torcendo e cantando o nosso samba com tanto vigor, foi maravilhoso e indescritível”, finalizou o mestre-sala.