A sessão exclusiva do documentário “Rosa – A narradora de outros Brasis”, de Valmir Moratelli e Libário Nogueira, reuniu diferentes personalidades ligadas ao Carnaval carioca no Teatro da Biblioteca Parque do Rio de Janeiro. Nomes como os carnavalescos Cahê Rodrigues e Edson Pereira, além do diretor executivo da Imperatriz Leopoldinense João Drumond, foram alguns dos que prestigiaram a exibição do filme, seguida de um debate com a participação dos diretores, do jornalista Fábio Fabato e do comentarista Milton Cunha.

Tanto Cahê quanto Edson conversaram com o site CARNAVALESCO sobre o documentário. Os dois artistas exaltaram a importância de se homenagear Rosa Magalhães, além de relataram a admiração que nutrem pela professora.

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“Fiquei extremamente emocionado, me peguei chorando várias vezes. Para um jovem artista que ficava na arquibancada assistindo os carnavais da Rosa, poder hoje sentar aqui como alguém que faz parte do grupo dos artistas que fazem Carnaval no Rio e assistir essa homenagem linda para ela, é sem dúvidas marcante. A Rosa merece todas as homenagens, eu acho que a gente pode ter outros filmes, outros documentários, de tantos artistas que contribuíram para o Carnaval e tem histórias lindas também. No caso da Rosa, muito dos trabalhos dela me serviram e servem de inspiração. Pude trabalhar na escola em que ela se consagrou, que foi a Imperatriz, e convivi com as histórias sobre ela que eram contadas ali dentro por profissionais que trabalharam comigo no período em que eu estive lá e que fizeram parte também da equipe da Rosa. Então, me sinto um privilegiado de fazer parte desse momento e poder ver a Rosa de fato sendo aplaudida e valorizada cada vez mais. É uma mulher que representa muito para história do Carnaval, necessária para o espetáculo e inspiradora para os que estão trabalhando e principalmente chegando agora na festa”, declarou o carnavalesco da União da Ilha.

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“Sou meio suspeito para falar sobre a Rosa, pois comecei a fazer Carnaval em 1992, na Imperatriz Leopoldinense, trabalhando com ela. Mas antes mesmo disso, já era um grande admirador da obra dela, assim como as do Arlindo Rodrigues e do Renato Lage. Então, Rosa sempre foi uma inspiração muito grande para mim. Hoje, estar participando de um evento como esse, vendo o quanto as pessoas estão nesse mesmo lugar onde eu também me coloco como admirador, é sensacional. Espero que a gente daqui por diante consiga entender o quanto é importante valorizar a nossa própria identidade, que é o Carnaval. Nosso país é tão diverso em culturas, mas o Carnaval é a nossa origem, o nosso merecimento, o nosso mérito que nos leva para o mundo”, disse Edson Pereira, atualmente na Acadêmicos do Salgueiro e na Unidos de Padre Miguel.

O diretor executivo da Imperatriz, João Drumond, não só esteve presente na exibição do documentário como também participou do mesmo. Ao falar sobre o filme em conversa com o site CARNAVALESCO, o dirigente gresilense elogiou a iniciativa e ressaltou o significado que Rosa Magalhães tem para a verde, branca e ouro de Ramos.

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“Não dá para sintetizar rapidamente tudo que a gente pensa sobre a Rosa Magalhães e o que ela representa para a Imperatriz. Afinal, a Rosa é a personificação da estética e da própria personalidade da escola. A Imperatriz é conhecida pelos enredos dela. Quando as pessoas batem o olho no trabalho da Rosa vêem a Imperatriz e vice versa. Sem dúvidas, ela foi uma das grandes responsáveis pela formação e pela identidade da Imperatriz, é a artista que mais tocou a escola. O documentário mesmo fala que a Rosa bebeu muito na fonte do Arlindo Rodrigues, que talvez tenha sido o primeiro grande artista que a Imperatriz teve. Ele simbolizou um momento positivo da escola, nos campeonatos de 1980 e 1981, e a Rosa quando assume a Imperatriz anos depois do Arlindo nos deixar pega esse legado estético e transforma aquilo no que a gente conhece de Imperatriz. Então, eu acho que a Rosa faz parte de um organismo chamado Imperatriz Leopoldinense. Sem a Rosa, a Imperatriz não seria o que é hoje. E tenho certeza que também sem a Imperatriz a Rosa não seria como ela é”, afirmou João Drumond.

Atualmente defendendo o pavilhão principal da Unidos do Viradouro, a porta-bandeira Rute Alves teve a experiência de trabalhar junto com Rosa Magalhães por três anos na Unidos de Vila Isabel. Ao recordar este período, ela destacou o lado humano da carnavalesca e lamentou o fato dela estar de fora do Carnaval de 2024.

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“Algo que me marcou muito na experiência que tive na Vila Isabel é a simplicidade da Rosa. Para se ter uma ideia, ela levava bolo de aipim para a galera do barracão com garrafinha de café. Antes, eu achava que ela era uma fera, mas pude comprovar que não é nada disso. Além de ser uma baita artista, é muito humana, uma enciclopédia ambulante. E eu como artista, como uma figurinista, fico extremamente triste com a ausência da Rosa no no Carnaval de 2024. A Rosa Magalhães foi a pessoa que trouxe e disseminou a importância dos acabamentos. Quando eu comecei a trabalhar com o Carnaval em 1996, ninguém fazia o acabamento dos carros alegóricos como a Rosa Magalhães, ninguém cobria os geradores. Era um cuidado que Rosa tinha desde aquela época. Então, a ausência dela é uma perda muito grande. Eu sinto muito pela minha neta, que tem três anos e já roda como porta-bandeira, que ano que vem não vai poder assistir, mesmo com a inocência de uma criança, um desfile da Rosa Magalhães. Isso é imperdoável”, avaliou Rute.

Outro nome que trabalhou ao lado de Rosa Magalhães é o diretor de Carnaval Junior Schall. Eles estiveram juntos na Portela e na Unidos de Vila Isabel, sendo campeões pela azul e branca do bairro de Noel em 2013. Para o site CARNAVALESCO, Schall comentou sobre a parceria e rasgou elogios para a artista.

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“Todas as homenagens a Rosa, tudo que a gente puder fazer para reverenciar, para ouvir, para ver e para conhecer ela precisa ser feito já. Um documentário como esse que reúne tantas pessoas em uma plateia, a realização de um debate sobre vários intervalos e momentos da narrativa de Rosa é vital. A gente talvez precisasse ficar dias, horas, e não terminaria de falar de Rosa Magalhães, porque são tantas camadas, tantas perspectivas, tantas pedras fundamentais e tantas continuidades que Rosa possui, que justificam o merecimento dela ser cultuada sempre. É a maior contadora de histórias que a gente tem nesse país”, assegurou Junior Schall.

A sessão realizada no Teatro Biblioteca Parque do Rio de Janeiro foi apenas a segunda exibição do filme. A primeira ocorreu no Festival de Cinema de Vassouras, onde foi premiado na categoria documentário longa-metragem. A expectativa é que obra estreie nas plataformas de streaming até o início do ano que vem.