InícioGrupo EspecialArtigo: 'Tuiuti representa muitas lutas dentro e fora do carnaval'

Artigo: ‘Tuiuti representa muitas lutas dentro e fora do carnaval’

O Paraíso do Tuiuti completa no Carnaval 2025 o oitavo desfile consecutivo no Grupo Especial. A escola, conhecida como “Quilombo do Samba”, fez história neste período, conquistando o histórico vice-campeonato em 2018 e que teve sabor de campeão, tanto que o lema adotado para aquele ano foi de “campeã do povo”.

A escola de São Cristóvão carrega alguns momentos simbólicos. Traz enredos culturais e que defendam causas e contem história de libertação. Posso citar “O salvador da pátria” (2019) e “Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?” (2018) e agora para 2025 o “Quem tem medo de Xica Manincongo?”. O carnavalesco Jack Vasconcelos formou um casamento perfeito com o Tuiuti. Ele sabe, como ninguém, desenvolver os desfiles da agremiação.

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O enredo de 2025 é histórico desde o nascimento. Conta a história da considerada primeira travesti do Brasil, Xica Manincongo. A homenagem vai muito além, traz também a reverência para todas Xicas das nossas vidas. Promete emocionar do início ao fim.

O samba-enredo, mais uma vez, foi encomendado. Decisão acertada, afinal, com o enredo e samba, o Tuiuti pode chegar na Sapucai com 80 pontos no bolso ou perto disso. São bolas de segurança. A obra do ano que vem é o “dedo na ferida”. “Eu conheço o meu desejo/Este dedo que acusa/Não vai me fazer parar” e “Eu travesti/Estou no cruzo da esquina/Pra enfrentar a chacina/Que assim se faça” são exemplos de versos impecáveis da construção de Claudio Russo e Gustavo Clarão.

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Foto: Matheus Morais/CARNAVALESCO

Garantida em enredo e samba, o Tuiuti conta com uma das melhores baterias do carnaval carioca. Mestre Marcão e os ritmistas da “Supersom” são craques. O ritmo é gostoso, sem correria, favorecendo a melodia de cada samba e deixando o ponto ideal para o carro de som e o intérprete Pixulé cantaram sem esforço, tocando o trabalho com extremo prazer. Aliás, a equipe do carro de som merece elogios. Condução correta, sem atropelos, e levando aos componentes e público geral o perfeito entendimento de cada palavra cantada no samba-enredo.

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Foto: Nelson Malfacini/CARNAVALESCO

O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Raphael e Dandara, também traz segurança para o Tuiuti. A dupla tirou três notas 10 em 2024 e uma 9.8, que foi descartada. A parceria deles vem de longa data, entraram muito bem na escola, e possuem hoje muita identificação com todos os segmentos da agremiação de São Cristóvão.

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Foto: Nelson Malfacini/CARNAVALESCO

Sendo uma das escolas de samba que mais faz ensaios de rua para o carnaval, os treinos começam no início de novembro, o Tuiuti procura valorizar cada vez mais seus componentes. Quem comparece aos treinos, nas segundas, sai feliz com o que é visto. Uma verdadeira escola de samba. É verdade que a harmonia do canto dos componentes pode melhorar. Foi dada apenas uma nota 10 esse ano. O trabalho precisa ser ainda mais forte no canto dos integrantes.

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Foto: Nelson Malfacini/CARNAVALESCO

Claudia Mota e Edifranc Alves acertaram a mão no trabalho da comissão de frente em 2024. Receberam três notas 10 e apenas uma 9.8. A coreografia foi forte e a leitura de fácil entendimento. Deu o tom correto para uma abertura com show, e, principalmente, fazendo a síntese do enredo e do que viria no desfile.

Falando em desfile é preciso citar a imponência da abertura de 2024. Acho muito pesado o julgamento dos quesitos Fantasias e Alegorias. Não foi dada nenhuma nota 10. Tivemos desfiles mais complicados na parte plástica e que foram julgados com mais leveza. Porém, o alerta fica ligado para o ano que vem. Cabe ao trabalho do carnavalesco Jack Vasconcelos e da escola entender o que aconteceu e resolver para o desfile do ano que vem. Acho muito viável que isso seja feito.

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Foto: Nelson Malfacini/CARNAVALESCO

Sinceramente, percebe pré-conceito e preconceito com o Tuiuti. O tal “peso da bandeira” é conhecido no carnaval. Muitas agremiações são olhadas de forma diferente, inclusive, por sambistas. Causa estranhamento, afinal, o povo do samba deveria defender com unhas e dentes quem vem da comunidade, do morro e da raiz.

Romper a barreira do preconceito e julgamento precoce nunca é fácil. O Tuiuti passou por cima em 2018. Mostrou que é possível. Agora, vem para 2025 para expor a história de Xica Manicongo. É só não julgar pela boca que beija, pela cor da blusa e a fé que professar. O Tuiuti já pediu e não custa relembrar: “Liberte o cativeiro social”.

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