Quadrilhas de festas juninas são sempre uma atração à parte quando se trata da cultura de São João. São raros os eventos relacionados ao tema que não tem a dança. Na primeira festa junina da Liga-SP, na noite do último sábado, não foi diferente. A entidade promoveu uma brincadeira onde algumas escolas participaram e uma saiu vencedora. Sendo assim, contou com um júri especial para avaliar a apresentação de cada escola. As seis agremiações executaram danças que saíram do tradicional que há em uma quadrilha. Houve forró, teatro e outros gêneros musicais. Realmente, um show à parte para as pessoas que lotaram a Fábrica do Samba.

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Fotos: Gustavo Lima/CARNAVALESCO

Bumba meu boi nordestino

A Brinco da Marquesa foi a primeira a se apresentar. A escola levou um espetáculo de aproximadamente seis minutos e contou com uma encenação envolvendo o boi do nordeste. Houve um narrador particular que guiava os passos dos dançarinos e, após o teatro, começou a dança de fato. A música não era a tradicional da festa junina. Eles usaram uma adaptação da trilha-sonora “Xaxado no Chiado”, da cantora nordestina Lucy Alves. O júri avaliou a escola para ficar na quinta colocação.

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Kasai Joe,rainha de bateria do Brinco da Marquesa

Kasai Joe, rainha de bateria japonesa da escola, contou que foi uma experiência diferente dançar com coreografia. “Eu gosto muito de carnaval e é diferente. Eu vou muito sozinha, não tem coreografia. Aqui tem muita energia, eu gostei, sou japonesa. É uma cultura muito tradicional aqui no Brasil. Eu adoro o carnaval de São Paulo, já desfilei no Rio e gosto dos dois”, disse.

Coreografia na música

A Nenê de Vila Matilde fez uma apresentação mais curta comparada às demais. Levou duas músicas diferentes, com muita energia e os dançarinos executaram coreografias. Ao término, os participantes da quadrilha cantaram o samba exaltação da escola, fazendo os presentes que estavam assistindo, irem juntos. De acordo com a votação, os festeiros da Águia ficaram com a quarta posição.

Eloíse Magalhães, que faz parte da comunidade da agremiação, representou a Nenê na festa. De acordo com a apaixonada pela escola, o objetivo maior da participação foi elevar o nome da Nenê de Vila Matilde. “Para nós, fazermos parte da primeira Festa Junina da Liga-SP e trazer a raiz da Nenê, unir a escola novamente e vir aqui por esse propósito, foi emocionante. Além, claro, de querer competir, para nós foi uma união da escola e a retomada da nossa tradição também. Nós tivemos um mês de ensaio e, nos três últimos ensaios, o que nós tivemos em mente? Elevar o nome da escola, colocando o nosso amor pela Nenê em primeiro lugar. Por isso, a decisão das crianças saírem com a bandeira, com a nossa diretora de harmonia entregando a elas, que é a próxima geração e, em seguida, nós expressarmos o nosso amor, que é com o hino da Nenê”, declarou.

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Eloíse Magalhães, componente do Nenê de Vila Matilde

A foliã ainda diz que foi muito especial poder, pois mostra que carnaval não é só em fevereiro. Pode ser o ano todo. É muito mais do que a pista. “Essa festa, para mim, ela tem uma atenção especial e um carinho especial, porque ela mostra para o público em geral que o carnaval não é só aquela uma hora de passarela. O carnaval não é só a passista seminua. É um ano inteiro de trabalho, preparo e amor”, completou.

Dança tradicional e samba-enredo

A Mocidade Unida da Mooca usou a dança tradicional da quadrilha, mas com músicas diferentes. Entretanto, com uma apresentação de 10 minutos, precisou-se de mais trilhas sonoras para concluir a apresentação. Devido a isso, outras músicas representando a festa foram utilizadas e o refrão do samba-enredo de 2020 também. Para finalizar com energia, foi terminado com o refrão principal da obra de 2024. No entendimento do júri, a MUM ficou com a terceira posição.

Rosane Garcia, desfilante da entidade, contou que foi uma correria com uma semana de ensaio, mas deu tudo certo. O objetivo do grupo era de fato levar a dança a sério. “Nosso presidente nos convocou e a gente achou incrível unir as duas culturas, porque a gente está acostumado só com o carnaval. Mas foi sensacional. Em pouco tempo, reunimos um pessoal com estilo e com harmonia. A gente tentou fazer uma quadrilha tradicional, realmente, do São João do Nordeste, usando indumentária adequada. A gente foi muito a fundo e saímos muito felizes. Ainda ganhamos um terceiro lugar aqui. A gente está muito satisfeito. Foi uma semana de ensaio, uma loucura, mas deu muito certo. O pessoal abraçou e a gente correu atrás”, comentou.

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Rosane Garcia, desfilante da Mocidade Unida da Mooca

Sobre mais festas na Fábrica do Samba, a componente aprova mais eventos desse porte, pois une o carnaval e usa o espaço maravilhoso. “Acho maravilhoso! Espaço incrível que a gente usa pouco e agora graças a Deus a gente começou a usar mais. Acho que todas as datas importantes que realmente são de cultura eu acho importante estar aqui e unir o carnaval. São João, festa, alegria”, completou.

Danças com elementos cênicos

A Rosas de Ouro entrou apresentando uma quadrilha com o jeito da escola. Os dançarinos iniciaram a apresentação com o hino da agremiação e, logo após, a introdução da gravação do samba-enredo de 2018, que tem temática sertaneja. As coreografias no meio da música intercalando com apresentações de padrão de quadrilha deram o tom da dança da Roseira. Os festeiros ainda usaram elementos cênicos para dar um tom ainda mais especial. Segundo o júri, a Rosas de Ouro mereceu a segunda colocação.

Eloá Garcia, componente e personagem noiva da quadrilha, falou da alegria que a Roseira levou para a Fábrica do Samba. “A gente deu muito suor, fizemos uma semana de ensaio. Foi o tempo que a gente teve contando de quinta-feira para cá. A gente deu o melhor hoje e arrasamos muito. Foi uma escola que trouxe muita emoção e carisma. Nós sorrimos muito e trouxemos felicidade”, disse.

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Eloá Garcia, componente e personagem noiva da quadrilha do Rosas de Ouro

A desfilante falou sobre a importância dos eventos na Fábrica e seguiu a linha de raciocínio: O carnaval precisa ser o ano todo. “Eu acho que é o que a gente precisava ver aqui a Fábrica para trazer muito evento. O carnaval não pode ficar ali, porque é o ano inteiro, não é só em fevereiro. Não é só naquela avenida, naquele momento que acontece o carnaval. A gente trabalha o ano todo para chegar na avenida e apresentar. Toda vez que podemos apresentar um pouquinho do nosso carnaval aqui, é toda a emoção que a gente traz pra vocês”, finalizou.

O passista Victor Provedeli, que participou da quadrilha, levou o resultado do segundo lugar bastante a sério e queria bastante levar a premiação máxima. “A gente trabalhou para conquistar o campeonato. Foi bem difícil, porque a gente deixa a nossa vida, trabalho, estudo e outras coisas para estar ensaiando. A única coisa que a gente leva é a nossa animação. Então, quando a gente chegava na escola de samba para ensaiar, deixava todos os nossos problemas lá fora, ensaiava e depois a gente até esquecia aquela maré de problemas para dançar com o coração, animação, que era tudo que a Liga-SP pedia. Não é um campeonato. É para se divertir, distrair um pouco e quebrar aquele gelo”, comentou.

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Victor Provedelli, passista do Rosas de Ouro

O passista completou dizendo que a união entre as escolas de samba em eventos dentro da Fábrica é de suma importância. “Essa união é muito boa, que a Liga-SP está propondo para todos nós sambistas paulistanos, porque acaba juntando todas as escolas. A gente vive em uma coisa só e mostra a força que o carnaval tem. É super importante essas coisas. Deveria ter mais eventos, porque o carnaval para a gente nunca acaba. Todo ano quando acaba os Desfiles das Campeãs, já pensamos em outro carnaval”, concluiu.

‘Tigres da Rosa’ e o Auto da Compadecida

O Império de Casa Verde, apresentou a sua quadrilha ‘Tigres da Roça’. Vale destacar a presença da rainha de bateria Theba Pitylla entre o elenco dos dançarinos do ‘Tigre Guerreiro’. A dança realmente foi muito criativa. Antes de começar de fato, houve uma encenação representando o filme “O Auto da Compadecida”. O áudio do longa-metragem ficava ao fundo e dois atores dublavam. Os mesmos narravam a quadrilha que durou aproximadamente 10 minutos. O júri coroou a quadrilha do Império campeã.

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Rainha de bateria Theba Pitylla, do Império de Casa Verde

Rainha de bateria da “Barcelona do Samba”, Theba Pitylla falou sobre a quadrilha. Segundo a imperiana, ela está sempre junto com o povo e está sempre feliz de estar ao lada da comunidade. “A gente veio como os ‘Tigres da Rosa’ e a quadrilha é totalmente da comunidade. Tinha baiana, tinha ala das crianças, todo mundo… Nós trabalhamos juntos, fizemos as nossas roupas, ensaiamos há mais ou menos um mês. Foi muito legal. Ontem mesmo, que foi o nosso último ensaio, a gente fez uma confraternização, tipo uma festa junina. A gente veio para se divertir mesmo. Era todo mundo com saudade. O império demora pra começar. Foi bom que a gente matou a saudade. Eu adoro participar dessas coisas, participo de tudo. Falou que tem festa, estou dentro. Eu topo tudo, eu amo. Eu gosto muito de estar no meio da minha comunidade, no meio do meu povo.”, contou.

A rainha elogiou a gestão da Liga-SP, comandada pelo presidente Sidnei Carrioulo e Renato Remondini, pois de acordo com ela, os gestores estão fazendo de tudo pelos sambistas. “Quero aproveitar e dar parabéns para essa nova gestão da Liga. Eu acho que desde esse carnaval que passou está sensacional. Desde os ensaios técnicos, os desfiles, a definição da ordem. Essa festa junina está incrível. Isso aproxima mais o sambista. Acho que a Liga está fazendo festa para o sambista, para o povo do carnaval”, completou.

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Cássia Magi, que faz parte da comunidade imperiana

Cássia Magi, que faz parte da comunidade imperiana, falou sobre a família que é o ‘Tigres da Rosa’. De acordo com a integrante da agremiação, é um grupo formado pela comunidade. É além de uma dança para quadrilha. É uma família. O ‘Tigres da Rosa’ é uma quadrilha de festa junina que é feita pelo Império já tem alguns anos e faz as festas juninas da própria escola. Quando surgiu a oportunidade da Liga-SP fazer esse evento e convidar a gente, juntamos a comunidade, pessoas de todas as alas da escola, alas de passista, bateria, comunidade, velha guarda”, finalizou.

Veja fotos das quadrilhas

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Fotos: Gustavo Lima/CARNAVALESCO

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