O casal de mestre-sala e porta-bandeira do Águia de Ouro, João Camargo e Monalisa Bueno, apesar de já ter defendido o pavilhão da agremiação no último carnaval, ainda é uma dupla em formação. A parceria começou a ensaiar em janeiro do ciclo de preparação da escola. Já nos ensaios técnicos. Isso é devido ao fato da saída da porta-bandeira Lyssandra Grooters, que logo foi substituída por Monalisa. O mestre-sala, por sua vez, já tem muito tempo de casa e foi para o Anhembi com várias dançarinas ao longo de sua passagem. A dupla conversou com o CARNAVALESCO e falou sobre a expectativa para 2025, entrosamento e desabafo por parte de João.

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Foto; Gustavo Lima/CARNAVALESCO

Felicidade e empenho na Pompeia

Monalisa falou sobre a parceria tão repentina e o pouco tempo juntos. A porta-bandeira afirmou que está feliz na Pompeia e pretende se empenhar para fazer um Carnaval 2025 ainda melhor. “Para falar a verdade, desde que acabou o carnaval, a gente teve poucos ensaios, porque tinha o evento de aniversário, que foi junto da escola. Mas desde o início da nossa parceria, a gente tem falado da nossa conexão e tem dado muito certo. Nós estamos muito felizes com tudo que vem acontecendo. Estou contente, na expectativa de fazer um carnaval muito melhor em 2025 e empenhada a ir para dar o nosso melhor, com certeza”, disse a porta-bandeira.

Nota máxima e falta de incentivo

João Camargo, que está na posição de mestre-sala da agremiação há mais de 15 anos, exaltou a experiência de Monalisa e celebrou os 40 pontos, mas se diz incomodado, pois ninguém acreditava na parceria. “Eu sempre falo que carnaval é uma caixa de surpresas. Eu tive essa surpresa de ter recebido a Monalisa como a minha porta-bandeira, experiente e focada no processo de trabalho. Eu acho que quando junta duas pessoas muito experientes no que faz, com seus trabalhos consagrados e independente de nota, tem tudo para dar certo. Muitas páginas, muitos sites e muitas pessoas não acreditaram que daria certo e eu acho que o julgamento das pessoas é natural, mas eu acho que as pessoas tem que entender como funciona o carnaval de São Paulo e o seu critério de julgamento. Nós estamos trabalhando não só dentro dele, mas principalmente queremos mostrar que é amor dentro do quesito. O julgamento faz parte, mas às vezes falta incentivo por um momento muito importante que ela assumiu e que eu estava nessa transição. Porém, melhor do que isso foi a consagração da nota máxima. Poderia não ter vindo, porque eu sempre falo que a nota máxima não consagra ninguém”, declarou.

Desabafo do mestre-sala

De fato, foi uma formação que pegou todos de surpresa. Não era de se imaginar que uma porta-bandeira seria trocada perto do primeiro ensaio técnico da escola. Tanto é que foi um ensaio ‘protocolar’ nos movimentos, pois havia poucos dias de treino entre a dupla. Porém, João saiu em defesa de Monalisa e disse que ela foi bastante atacada, onde ambos se sentiram sozinhos e faltou empatia.

“A Monalisa chegou e ela sofreu muito, foi muito atacada. Eu estava esperando passar esse carnaval para poder desabafar e falar um pouco do que a gente estava sentindo, porque ninguém em nenhum momento perguntou como que a gente estava se sentindo. Depois que vem o trabalho, poucos batem no nosso ombro para dar os parabéns. Então, às vezes, os papéis são invertidos. Por isso eu queria agradecer a vocês, que estão sempre cobrindo e estou sempre acompanhando. Mas é importante a gente também falar, porque temos essa voz. Vocês dão essa liberdade. É importante como a gente vê o mundo externo. Se não centralizarmos esse trabalho em nós mesmos, muitos casais podem se sentir afetados por essa gama de falta de empatia, respeito, carinho e afeto. Todo mundo bate no peito e fala que é sambista, mas o sambista de verdade tem que aprovar e bater palma para o outro. As pessoas que acharem que ainda não está bom, paciência. Esse é o novo casal, João Camargo e Monalisa”, desabafou.

Adaptação da dança

Como citado, foi um espaço bastante pequeno entre o anúncio da porta-bandeira e a primeira aparição de apresentação dos dois juntos. Entretanto, o mestre-sala comentou que a adaptação da dança foi tranquila, apesar das turbulências enfrentadas. “A Monalisa é uma porta-bandeira que chegou em um momento muito difícil. Ela chegou focada. Se quando há foco e há entendimento do que a gente representa, fica fácil. Já tinha sido uma estrutura construída no que se refere ao critério de julgamento da parte coreográfica. Ela já veio com bastante ideias também. Muitos não sabem, mas nós tivemos que fazer uma fantasia do zero para ela. Nós tivemos só 12 ensaios. Não foram 30, nós tivemos 28 dias de contato e 12 de ensaios. Mas conseguimos entender que o critério de julgamento, mesmo estando fora, ela estava se atualizando, estudando e observando o que estava acontecendo. Eu posso dizer que a gente entrou na pista sabendo que a gente tinha condições de tirar os 40”, concluiu.

“Acho que ele falou tudo. A gente tem essa parceria na dança, mas na fala ele me representa. É literalmente o meu guardião”, finalizou a porta-bandeira.