Por Gustavo Lima e fotos de Fábio Martins (Colaboraram Lucas Sampaio, Will Ferreira, Naomi Prado e Nabor Salvagnini)
A Independente Tricolor realizou o seu segundo ensaio técnico na tarde do último domingo no Anhembi. O destaque principal vai para a comissão de frente, que tem uma imponência e uma força pelo seu contexto mostrado. O outro destaque vai para o componente da agremiação. Não só pelo canto e evolução, mas principalmente por encarar uma alta temperatura onde várias escolas sofreram para lidar com seus integrantes mais vulneráveis. A entidade da Vila Guilherme entrou na pista debaixo de sol e terminou com o pôr dele.
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Com o enredo “Gritos de Resistência”, a Independente será a terceira escola a desfilar no domingo de carnaval, pelo Grupo de Acesso 1.
“Hoje foi maravilhoso, tudo dentro do planejado, pouca coisa para corrigir. Já estamos aguardando o dia principal, o dia 2 de março, onde vamos tentar vir com tudo para voltar para o Grupo Especial, que é o nosso lugar. Surpreendeu as nossas expectativas, temos muita coisa ainda a corrigir, muita coisa a melhorar, mas esse ensaio foi aquém do que todos esperavam, estamos felizes, vamos sentar agora, analisar o que erramos de fato, corrigir em casa, temos ensaios de rua, e vir para a pista mordendo no dia do desfile”, analisou o membro da direção de harmonia, Sérgio.
Comissão de frente
A ala, que é coreografada por Edgar Júnior, é recheada de drama, comoção e resistência. Por isso é o grande destaque do ensaio. Dentro da encenação os bailarinos eram separados em dois grupos – Um representava os negros que aparentavam serem os escravos e os outros vestidos de branco, que oprimiam este primeiro grupo. Fortes cenas de repressão aconteciam, os elementos cênicos que estavam por lá eram bastante usados e realmente foi uma abertura de ensaio técnico impactante. Se foi assim em um treino, provavelmente dentro de um desfile será ainda maior. A interpretação que fica é que burguesias e realezas eram aclamadas, enquanto o negro sofria nas mãos desse mesmo povo.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal Jeff Antony e Thais Paraguassú prezou pelos movimentos necessários para uma boa dança do quesito. Durante o percurso não houve muita coreografia dentro do samba, e sim movimentos obrigatórios realizados com máximo sucesso. A dupla mostrou que está sincronizada nos giros, finalizações e também na hora de estender o pavilhão para a cabine de jurados.
“Acredito que nesse ensaio passamos tão bem quanto o outro. No anterior tivemos a chuva, a pista molhou, não pegamos chuva literalmente, mas a pista estava molhada. Hoje o que nos pegou bastante foi o sol, mas o astro-rei só veio para somar e acabamos passando tão bem quanto no primeiro ensaio. Estamos muito satisfeitos e realizados com esse ensaio de hoje”, disse o mestre-sala.
“Hoje saímos muito felizes e satisfeitos. Tudo o que a gente ensaiou aqui, tudo o que a gente previu, deu certo, mas sempre tem uns pontinhos. Até o dia do desfile vamos melhorar para chegar ao mais próximo da perfeição”, completou a porta-bandeira.
Harmonia
A agremiação tricolor tem uma comunidade forte e também é conhecida por ter o canto aguerrido. Realmente se viu isso na tarde deste último domingo. A comunidade da Vila Guilherme acatou o enredo e o samba e entregaram o seu máximo pela escola. o refrão principal onde diz: “De punho cerrados sou Independente”, é entoado mais forte, pois enaltece o grande símbolo da escola e também o gestual com os punhos cerrados e cruzados.
Evolução
A escola evoluiu de forma satisfatória. Não há coreografia dentro do samba, mas há de se destacar algo diferente: Na segunda parte do samba, após o refrão principal, os componentes balançavam o corpo de um lado para o outro, mas sem sair do lugar. Isso acontecia na maioria dos versos dessa parte da obra, onde só parava apenas na parte “Cantos contra a ditadura”.
No refrão principal quando se canta “punhos cruzados”, os componentes faziam o típico gesto da torcida organizada.
Sérgio, membro da direção de harmonia, exaltou o andamento dentro da evolução da escola. ‘’O andamento da escola foi melhor, nós conseguimos fazer um andamento mais cadenciado e acertar os tempos que estávamos com dificuldade, principalmente de apresentação nos módulos. Hoje esteve 100% dentro dos tempos que a gente calculou’’, afirmou.
Samba
O intérprete Chitão Martins desfilou na sua tradicional característica de empolgar quem está ao seu redor – tanto comunidade, quanto componentes. O carro de som também tem o apoio do grande cantor e compositor Maradona, além de outros músicos de renome do carnaval paulistano. O samba, que é funcional, acabou se tornando uma das forças da escola.
O intérprete Chitão Martins não escondeu a felicidade com o ensaio e contou que os ajustes necessários foram realizados. “Hoje foi muito bom, de verdade. No ensaio anterior a gente tinha algumas coisinhas para ajustar, principalmente na parte do canto e neste ajustamos. Acredito que o samba veio no mesmo andamento do começo até o final, o pessoal cantando com alegria, com garra, isso é importante, com vontade de vencer e eu tenho certeza que o resultado vai sair”, declarou.
O cantor exaltou o samba-enredo da escola: “O samba é fácil de cantar, com dois refrões que agitam o pessoal não consegue ficar parado, quer pular, quer cantar, fazer a coreografia, portanto o samba vai crescendo de acordo com o tempo. A gente chega na avenida com um samba forte, com um samba valente, com um samba que eu tenho certeza que vai contagiar todo mundo”, completou.
Outros destaques
A bateria “Ritmo Forte”, regida por mestre Cassiano Andrade, realizou bossas e deu o andamento necessário ao samba. Destaque especial para a afinação dos fortes surdos de primeira e segunda.
Cassiano exaltou o alto astral da bateria e alta performance feita neste domingo, apesar da alta temperatura em São Paulo. “Primeiramente, a felicidade dos ritmistas. Eles tem que estar felizes. Hoje, isso daí já ganhou bastante ponto. Execução das bossas foi bem segura, o andamento, com o calor, eu senti que poderia às vezes ter tocado um pouquinho mais para frente, porém, tocou no andamento confortável. Quando se trata de calor, sentimos hoje o drama de como pode ser uma fantasia muito quente. Pegamos 17h no calor máximo do começo ao fim. Eu vi que se manteve a mesma coisa, já é um avanço para escola”, avaliou.
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