Jamilly Marques foi apresentada como nova musa da Viradouro, na noite da última da terça-feira, para a comunidade. O anúncio foi feito por Marcelinho e Marcelão Calil, junto com a entrega de flores pela primeira dama da agremiação. Os integrantes receberam a jovem como se já ela já fosse parte da família há bastante tempo. A musa se emocionou em alguns momentos do seu primeiro ensaio, principalmente ao reverenciar o pavilhão, que foi conduzido por Thiaguinho Mendonça e Amanda Poblete.

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Fotos: Giovanna Garcia/CARNAVALESCO

O convite da Viradouro surgiu de maneira inesperada para Jamilly. “Eu fiz um figurino homenageando a Oxumaré, e o presidente viu, e graças à Zambi, ele despertou no coração de me fazer esse convite muito especial, ancestral. Eu peço licença aos mais velhos, aos da casa, pra chegar nesse chão, como eu disse, bem miudinho, respeitando todos, e vai Alafiar. É só isso que eu digo. Alafiou!”, conta Jamilly Marques.

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Marcelinho Calil, diretor executivo, afirma que foi sua ideia: “Foi pessoal mesmo. Na verdade, assim como a Belinha, assim como a Macharete, a Thaís que é da casa e a Lore também. São meninas que eu acho que a escola já vem observando de outras agremiações. E uma mulher como a Jamilly muito ligada à ancestralidade dela, sambista, uma pessoa de muito respeito, muito carinho ao samba, enfim, e que também, acontece na pista, que consegue ser realmente encantadora. A gente vai observando, acompanhando e tem algumas meninas que a gente vem monitorando, olhando, com todo carinho. E recentemente, enfim, vi a Jamilly sambando, vi alguma coisa e, né, por que não? Criamos um espaço para que ela viesse. E, no momento que eu resolvi, levei isso à direção da escola para perguntar e todo mundo tinha muito carinho e aprovou de prontidão”.

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O enredo de 2024 ‘Arroboboi, Dangbé’, é conhecido e tem grande significado para a nova musa. “É um enredo muito especial, homenageando com o Vodum, Dambê, e Oxumaré tem um lugarzinho bem especial na minha vida. Me sinto muito honrada de fazer parte desse enredo”, aborda Jamilly.

Marcelinho explica também não só a conexão com o enredo de 2024, mas com os valores da escola.  “Eu acho que ela tem tudo a ver não só com o enredo, com a força dessa mulher negra que a gente vem narrando ao longo do nosso enredo. Como também, independentemente do enredo, ela estaria aqui de qualquer forma, pois, de fato, há toda essa sintonia. Pelo menos é o que a gente pôde perceber até agora entre a maneira dela enxergar, a maneira de ela viver o samba e a escola também”.

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E vem surpresa por aí! Jamilly avisa para que o público prepare o coração, porque tem novidade na avenida. Marcelinho conta: “Posso adiantar que ela vem no primeiro setor da escola. Ela vem numa posição muito interessante, na frente de uma alegoria muito bonita, muito importante, muito imponente. De fato, eu tenho certeza que vai ser de muita força a passagem da Jamilly pela avenida”.

A modelo, de apenas 20 anos, é musa da comunidade do Império Serrano desde o ano passado, mas suas raízes no carnaval vem desde desde criança quando ainda desfilava na ala das crianças. “O carnaval me ensinou a ser quem eu sou, a respeitar quem veio antes de mim, a respeitar a velha guarda, a respeitar os mais velhos. Tudo que eu sei hoje eu aprendi no samba. O carnaval significa ancestralidade. O ancestral me chamou, me deu esse chamado, esse legado, e eu estou, graças a Zâmbi, cumprindo com muita honra e carinho. Tudo que eu faço é com muito amor, carinho e dedicação, porque eu sou oriunda de ala de passista”, disse emocionada após primeiro ensaio da Viradouro.

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O orgulho e a história dessa mulher que é uma potência, que é a atriz, modelo, passista e musa, vai transbordar na avenida no amanhecer do desfile da Viradouro. “É uma grande honra porque eu venho desfilando na Série Ouro com o Império Serrano e hoje no Especial, com a Viradoura, significa ser reconhecida. O meu trabalho ser reconhecido. Eu venho com muitas passistas ao meu lado representando a mulher preta, estou muito orgulhosa da minha caminhada e espero que vocês, mulheres pretas, passistas, sintam-se representadas”.

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Além disso, Jamilly comenta a importância da representatividade e responsabilidade sob as crianças e passistas que sonham um dia chegar aonde ela está. “Isso é muito especial porque a gente desde pequenininha sonha com esse espaço. Me organizo muito, penso muito. Muito antes de falar, de me posicionar. Representar todas essas meninas que sonham em estar aqui um dia é honroso e eu espero que eu esteja deixando um legado importante e especial para elas”, completou.

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A atual gestão Calil tem sido muito presente em suas ações a valorização do sambista, da representatividade e enxerga cada vez mais como uma missão. “Às vezes a gente evita algumas coisas, falar isso, porque tudo hoje em dia é uma coisa muito difícil com a internet e com interpretação, mas eu não tenho outra resposta para te dar. De fato, na minha cabeça é uma missão. É como a gente enxerga o carnaval, como eu enxergo o que eu tenho como dever presidindo uma escola de samba ou administrando. Além de ser uma coisa que nos toca no lado pessoal, valorizar a sambista e o sambista, quando eu enxergo isso, que isso está na minha cabeça, está na cabeça dele (Marcelão) e muito mais acho que é de forma coerente. É um dever de uma administração de escola de samba valorizar quem de fato luta e sempre lutou por esse chão. É minha maneira de pensar e como eu acredito que vai ser na Viradouro pelo menos enquanto eu tiver”, disse Marcelinho Calil.