O independente Alexsandro Furtado viralizou nas redes sociais ao eternizar, na perna, uma homenagem a duas comissões de frente recentes da escola de Padre Miguel: a do Aladim (2017), que rendeu à agremiação seu último título, e a atual, de 2025, bastante elogiada pelo estilo high-tech e pela ausência de tripé, na contramão da tendência do segmento nos últimos anos.
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Furtado, de 51 anos, é morador de Realengo e sempre torceu pela estrela-guia da Zona Oeste. Ele desfilou pela escola na Sapucaí em 1994, 1995, 1996, 1997, 2006, 2007 e 2008, mas garante frequentar os ensaios da agremiação de forma ininterrupta há décadas. Em 2020, assumiu a direção de carnaval da escola mirim Estrelinha da Mocidade e, em 2022, passou a trabalhar no barracão da escola-mãe. Atualmente, ocupa o cargo de diretor de patrimônio. Sua filha, Bárbara, de 9 anos, é musa da Estrelinha.
“Eu já pensava há algum tempo em fazer uma tattoo em homenagem à Mocidade. A ideia inicial era fazer apenas o escudo, mas, conversando com o Renatinho (meu tatuador, que é uma fera na arte do rabisco, um grande amigo e também apaixonado pela Mocidade), decidi fazer algo a mais. Batendo um papo sobre como foi impactante a comissão deste ano, surgiu a ideia de eternizar esse momento do desfile da Mocidade e, como o Aladim também entrou para a história, resolvemos eternizar aquele voo inesquecível na pele”, declarou Alexsandro ao CARNAVALESCO.

Para o coreógrafo Marcelo Misailidis, responsável pela comissão de frente da Mocidade em 2025, o ato representa um reconhecimento inesperado de seu trabalho.
“Foi uma surpresa enorme para todos nós, porque esta é uma manifestação de muito carinho. As pessoas fazem uma tatuagem quando querem marcar, registrar um momento inesquecível na vida delas, uma grande conquista. Nós não tínhamos noção de como esse trabalho atingiu as pessoas de modo geral e, particularmente, de como isso tocou o Alexsandro”, afirmou o artista.
Cobrindo boa parte da perna direita, o torcedor independente afirmou que a tattoo foi feita em duas sessões.
“Na primeira, fizemos o escudo e o castor. Depois de duas semanas, no dia 26 de março, voltei e ficamos tatuando por cinco horas até finalizar. A dor existe, mas o amor pela escola ajuda a superá-la”, detalhou Alexsandro.
Aclamado pela especificidade — a Mocidade foi a única escola do Grupo Especial de 2025 a não trazer elemento cenográfico na comissão de frente —, o trabalho de Marcelo gerou, na perna de Alexsandro, frutos eternos.
“A ideia foi tentar mexer um pouco com esse quesito, que está, de certa forma, ficando muito previsível dentro das suas potencialidades. A comissão de frente, que ao longo dos últimos anos tem tido uma grande evolução de visibilidade, começou a se tornar um processo muito similar entre uma e outra”, explicou o coreógrafo.
“Já estou há alguns anos nessa direção de fazer um projeto de comissão de frente que não dependa de uma estrutura cenográfica. A comissão deve ser representada por 15 componentes. Prioritariamente, a ação deve estar na questão humana do componente que apresenta a escola. As escolas têm tido receio de serem sacrificadas na nota e medo de apostar em novos projetos. O importante foi que demonstramos, com esse projeto, que a comissão de frente ainda é algo aberto e vivo em sua potencialidade”, completou.