A escola de samba Gaviões da Fiel apresentou na noite da última sexta-feira o enredo que irá embalar a agremiação rumo ao Carnaval 2025. A escola promoveu um evento com segmentos e presença da imprensa em seu barracão localizado na Fábrica do Samba. O intérprete Ernesto Teixeira e a bateria “Ritimão” estiveram presentes para animar os alvinegros dentro do galpão. A nação corinthiana irá para a avenida com o tema “Irin Ajó Emi Ojisé – A viagem do espírito mensageiro” contando a história das máscaras no continente africano. É um marco na história da agremiação, pois será a primeira vez que a “torcida que samba” irá desfilar com um enredo afro. A aceitação das pessoas dentro do barracão foi clara.

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“O enredo surgiu em uma reunião aqui na Fábrica e o Rayner veio com algumas ideias bacanas para ter um enredo afro. Vamos tentar essa novidade, estamos com uma gestão nova e vamos fazer um trabalho legal com esse tema. O pessoal aqui gostou e na quadra não vai ser diferente. O nosso povo é unido, temos uma comunidade forte e pretendemos fazer um ótimo samba com esse enredo ”, declarou o diretor de carnaval Cléber Sobrinho.

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Vontade da comunidade

O carnavalesco Júlio Poloni disse que a comunidade pedia bastante um tema deste tipo e será muito bem aceito na quadra.

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Fotos: Gustavo Lima/CARNAVALESCO

“A comunidade pedia muito. Eles pediam esse primeiro enredo afro. Vários departamentos entraram com esse pedido ano após ano, e esse ano a gente resolveu fazer. A gente quer muito e buscamos uma história, que são as máscaras. Um elemento extremamente bonito, que valoriza os conhecimentos, os valores e a arte dos diversos povos africanos. Foi a gente trabalhando com a aceitação, porque já existia essa ansiedade por parte da comunidade de se fazer tema desses que a gente se convencionou a chamar de afro. Nós estamos extremamente felizes”, opinou.

O artista contou que o seu parceiro Rayner foi de grande importância, pois em um trabalho no Rio de Janeiro, foram achados vários livros sobre as máscaras e, possivelmente, o tema tenha surgido lá.

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“O Rayner estava fazendo um trabalho na Cidade do Samba do Rio e lá ele encontrou dez mil livros sobre máscaras africanas. A partir daí, como a gente já tinha vontade de fazer um enredo desses, passamos a pesquisar sobre as máscaras, mas são elementos que a gente não tem. A gente não encontrou muitas referências históricas, confiáveis sobre a tradição, a história da tradição, onde começou, por quem, por quê. A gente resolveu criar uma história, uma narrativa para valorizar esse elemento central que são as máscaras africanas”, revelou.

Apoio da nova diretoria

O vice-presidente Fantasma citou o termo de novos desafios para ilustrar o que vem para 2025. A ideia do líder é inovar sempre para manter a agremiação no desfile das campeãs.

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“Na verdade. a gente estava discutindo algumas propostas de enredo. Hoje em dia os enredos são muito diferentes do passado, envolve muito apoio financeiro. A gente precisava estudar uma melhor via para que a gente conseguisse atender nossa proposta de trabalho na avenida. No final das contas a gente teve que procurar justamente o que eu coloquei aqui. É um desafio. Pelo tamanho dos Gaviões, tem que trazer algo novo para gente inovar e colocar a entidade onde sempre deveria estar, pelo menos nos desfiles das campeãs, pela sua grandeza e pelo que representa no carnaval de São Paulo. Obviamente que respeito todas as entidades, mas para nós tratando de Gaviões da Fiel tratando nosso peso e da nossa grandeza, da nossa importância dentro do carnaval, como cultura também no estado de São Paulo”.

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O gestor falou sobre a entrega que a comunidade alvinegra tem com a entidade e, segundo ele, isso vai prevalecer nos maiores desafios, como é o enredo escolhido.

“A gente tem que se desafiar às vezes e o desafio parte dessa premissa de mudar a concepção de enredo. Obviamente que a nossa característica como uma ‘torcida que samba’, sempre vai preservar ser oriundo da arquibancada, sempre ter o Corinthians como premissa, mas a gente optou pra trazer uma novidade. Tudo que envolve esse enredo é um desafio, mas tenho certeza que a comunidade vai entender, porque quando a gente fala de representatividade, representar os Gaviões da Avenida, a gente está representando automaticamente o Corinthians, tudo que envolve essa identidade para nós, a doação é 100%. É um empenho e entrega acima do normal”.

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Fantasma reiterou seu desejo de colocar os Gaviões da Fiel no topo do carnaval paulistano. A gestão mudou, a prioridade é a torcida, mas o carnaval terá toda uma dedicação.

“Somos uma diretoria totalmente oriunda de arquibancada, mas a gente entende que carnaval e torcida não se dividem. A gente vai se empenhar, tanto quando a gente se empenha na torcida, obviamente que cada um tem as suas datas, os seus segmentos, a gente sabe que falando de futebol, o Corinthians não atravessa uma boa situação, mas todo mundo pode esperar o nosso empenho e nossa dedicação como um todo. Todos os diretores, eu como vice-presidente, o Sérgio como vice-presidente, o Alê como presidente, empenho total e pode ter certeza que os Gaviões irá trazer algo inovador na avenida”,

Raça para os alvinegros

Wagner Lima, mestre-sala da escola, aprovou o enredo e disse que os Gaviões precisa de axé e citou o time, que vive má fase nas competições que disputa.

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“A galera já estava até desenhando outro enredo, a gente até viu a nossa roupa, tinha até uma ideia de coreografia e mudou totalmente, mas a gente precisa de vir com um axé diferente, falar de um tema afro pra gente e a forma que é bem cultural, falando de máscara e tal, pra gente é um enredo que os Gaviões nunca abordou e eu acho que principalmente o momento que a gente está vivendo do Corinthians, tem que ter muita raça, muita fé, uma energia diferente, eu acho que esse enredo vai trazer muita energia boa e muito axé”, disse o mestre-sala.

“Pelos enredos que a gente tem no passado, da história dos Gaviões, a gente veio com um enredo totalmente diferente esse ano, um enredo um pouco mais lúdico, e aí a gente vai para uma vertente afra que nunca tinha acontecido na história da escola. A comunidade pedia, eu acho que a raça de todo mundo assim, a gana de levar esse enredo para a avenida vai sempre. Claro que está muito cedo ainda para falar do seu enredo todo, completou a porta-bandeira Carolline Barbosa.