O candidato à prefeitura do Rio de Janeiro pelo PL, Alexandre Ramagem, concedeu entrevista ao CARNAVALESCO onde apresentou suas respostas aos questionamentos da nossa reportagem sobre suas ideias e propostas para o carnaval. O candidato reconheceu a festa como um importante motor econômico e cultural da cidade. Ramagem afirmou que o evento deve ser tratado como um movimento contínuo e não apenas uma festa sazonal. Ele defendeu a ampliação do empreendedorismo no setor para fomentar a economia, destacando que o carnaval movimenta bilhões de reais e gera milhares de empregos.
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Ramagem também apresentou propostas para fortalecer a infraestrutura do carnaval, como a expansão da Cidade do Samba e a melhoria das condições ao redor do Sambódromo. Ele prometeu aumentar a subvenção das escolas de samba e integrar a Região Metropolitana no planejamento cultural, trazendo mais investimentos para o carnaval. Além disso, propôs medidas para equilibrar o impacto dos megablocos de rua na cidade, com rotas estratégicas e maior organização, visando criar um ambiente temático que envolva o Rio de Janeiro durante todo o período carnavalesco. Confira a íntegra da entrevista com Alexandre Ramagem.
O carnaval é o principal evento da cidade do Rio de Janeiro e traz um retorno em impostos que ajuda o município o ano todo. Eleito prefeito, como você pretende fomentar o maior evento cultural da cidade?
“Eu sou um admirador do carnaval do Rio. O meu pai torcia pela Imperatriz Leopoldinense, eu frequentei muito a quadra do Salgueiro e a minha esposa Rebeca também gosta muito do carnaval. Então tentamos sempre aproveitar um pouco a Marquês de Sapucaí, assistir os desfiles das escolas de samba.
Para mim, carnaval é prioridade de gestão e um importante agente cultural. Não podemos tratá-lo como algo esporádico, realizado em poucas semanas. Ele é um movimento cultural e tradicional, um produto muito importante para a economia. Defendo o empreendedorismo como forma de fomento à economia.
Cada vez mais o carnaval tem sido um grande mobilizador da economia, gerando empregos e promovendo a circulação de dinheiro na cidade. Foram movimentados R$ 5 bilhões no carnaval deste ano. Ao todo, R$ 500 milhões de impostos no setor de turismo arrecadados, geração de 50 mil empregos diretos.
No meu governo, o programa Cultura Carioca vai proporcionar a capacitação de profissionais de comunidades do Rio para atuação em escolas de samba, além de formar artistas, técnicos e gestores culturais, que serão empregados não só no carnaval, mas também em outros grandes eventos. Desde já o nosso governo vem se debruçando sobre o carnaval, entendendo todos os detalhes para melhorar a gestão dessa festa e tratá-la com o destaque que merece”.
As obras da Cidade do Samba 2 já começaram. Mas são muitas agremiações em outros grupos que não tem um teto digno para construir seu carnaval. Sua candidatura tem proposta para essas comunidades?
Nós temos que oferecer condições para as agremiações produzirem os melhores desfiles, seja no Grupo Especial, seja na Série Ouro, com a Cidade do Samba 2, seja nos grupos da Intendente Magalhães. Mais do que as escolas do Grupo Especial, que conseguem construir os seus desfiles e têm uma estrutura para isso, as pequenas escolas precisam de incentivos e apoio.
Precisamos criar ambientes e cuidar dos que já existem. A Cidade do Samba, na Zona Portuária, é maravilhosa, mas está subaproveitada. O potencial da área é enorme, mas os investimentos não foram bem feitos. Precisamos dar um pontapé inicial para que a região se desenvolva mais, dar incentivos fiscais e fazer com que as empresas cheguem, que o comércio se fortaleça, ocupar a região. Vamos trazer bares e restaurantes, e assim a Cidade do Samba pode ser uma Lapa diferente. Há projetos para isso. Vamos trabalhar e fazer”.
O Sambódromo completou 40 anos em 2024. Obras de infraestrutura no local são pedidas há anos. Há previsão de alguma intervenção?
O entorno do Sambódromo está muito aquém do espetáculo que ele recebe. O lado ímpar, por exemplo, tem muitos problemas de mobilidade, iluminação e segurança. Já o lado par também tem questões complexas, como o acesso dificultado. Acreditamos que, trabalhando em conjunto com a Liesa, com o Governo do Estado e com as escolas de samba e entendendo as demandas, podemos tornar muito mais agradável a chegada ao Sambódromo.
O asfalto precisa ser melhorado para que as alegorias circulem melhor. Na dispersão, são comuns os relatos de assalto. Então precisamos atuar para melhorar a segurança. São detalhes que não estão recebendo a atenção necessária e que podem fazer diferença na experiência de quem vai até a Marquês de Sapucaí e merece esse cuidado por parte da prefeitura do Rio”.
A subvenção para as escolas de samba será mantida na sua gestão? Há previsão de aumento? Você pensa em usar as quadras das agremiações para atividades e projetos sociais da prefeitura?
“Não apenas mantida, mas aumentada. O Rio de Janeiro é uma cidade com um orçamento em torno dos R$ 40 bilhões, aumentando cerca de 10% a cada ano. Há espaços para mais investimentos em entretenimento, cultura e eventos. Vamos conversar, estabelecer diálogos e entender a melhor maneira de fazer.
Hoje, a prefeitura do Rio precisa trazer toda a Região Metropolitana para o debate. Quantas escolas de samba hoje são de fora da cidade? Temos três, de Nilópolis, Duque de Caxias e Niterói. Então precisamos trazer os municípios juntos e aumentar ainda mais esses investimentos. Lógico que o Rio vai ficar responsável pela maior parte, por ter um orçamento maior. Mas vamos ouvir, dialogar e interagir. Não se pode pensar na cidade do Rio de maneira isolada.
Nós vamos trabalhar para que os ganhos das vendas de ingressos venham como retorno para investimentos futuros no ano seguinte. Hoje, sabemos que um desfile de escola de samba, para ser competitivo, não custa menos do que R$ 15 milhões. Dos quase R$ 10 milhões repassados às escolas no último carnaval, pouco mais de R$ 2 milhões vêm da prefeitura. Podemos mais”.
Quais as suas ideias para o fomento do carnaval de rua e como equilibrar os megablocos durante o carnaval com a vida da cidade?
“Equilibrar grandes blocos de carnaval com o cotidiano da cidade é um desafio que exige planejamento e alinhamento entre organizadores, autoridades e moradores. Vamos pensar em rotas de menor impacto no trânsito e em horários e locais adequados, evitar a concentração de blocos em uma mesma área, aumentar as equipes de segurança e limpeza e dialogar com a comunidade.
O carnaval de rua é uma expressão popular, democrática, um direito de todos os cariocas que tomam esses espaços para celebrar. Assim, a prefeitura precisa preparar e adaptar toda a infraestrutura urbana para acomodar esses eventos de forma integrada e funcional. Muito além de segurança, mobilidade e sinalização, precisamos envelopar o Rio de Janeiro, assim como acontece em outras cidades do mundo durante grandes eventos, como Copa do Mundo e Olimpíada. Aeroportos, ruas, ônibus, outdoors… tudo criando um ambiente temático que faz com que as pessoas vivam o carnaval a todo momento.
Turismo é a cara do Rio. É a força motriz da cidade, a qual fortalece toda a indústria de serviços. Somando todo esse trabalho à zeladoria, organização, segurança e ordem pública, o carnaval só tende a brilhar ainda mais”.