Na busca pela volta ao Grupo Especial após o – considerado por muitos – injusto rebaixamento de 2023, o Império Serrano levará em 2024 para a Marquês de Sapucaí o enredo “Ilú-ọba Ọ̀yọ́: a gira dos ancestrais” prometendo um imponente desfile. Na divulgação do enredo, que ocorreu no último sábado na quadra da escola de samba, o carnavalesco Alex de Souza explicou como chegou ao tema e falou sobre a busca pelo retorno ao Especial. Segundo ele, o Reizinho de Madureira levará um grande ritual para a Passarela do Samba.
Em entrevista ao site CARNAVALESCO, Alex, que retorna ao Grupo de Acesso após 19 anos, falou sobre o tamanho que é fazer um desfile na Série Ouro e afirmou que o Império Serrano fará um carnaval com a obrigação de voltar ao Grupo Especial.
“Eu acho que é mais um desafio, independente da oposição. Sendo que neste nós temos a obrigação de ganhar de qualquer coisa. A gente precisa voltar para mostrar que o Império foi injustiçado e que merece estar entre as grandes”, comentou Alex.
Ao ser questionado sobre a queda, Alex disse: “Dói, mas é aquilo: faz parte. O Império perde uma batalha, mas não perde a guerra”.
O carnavalesco contou que a ideia do enredo surgiu em meados do ano passado, depois que viu um trabalho de inteligência artificial retratando deuses e mitos de várias culturas do mundo, mas que excluiu os orixás. Ele também deu detalhes da proposta do enredo.
“A partir daquele momento eu queria fazer um xirê. Daí eu fui buscar toda informação, argumentos e a história. Um dos grupos étnicos negros – a maior quantidade que veio para o Brasil – foi o povo iorubá, que foi, especialmente, para a Bahia. Lá na terra deles, naquele grande império iorubá que se chamava Ilú-ọba Ọ̀yọ́ – que hoje é Nigéria, Togo e Benin – eles cultuavam seus ancestrais individualmente, de acordo com cada reino. Aqui no Brasil, com a diáspora, foi criado o candomblé para poder saudar a todos – ou pelo menos aqueles orixás que vieram através de seus seguidores”, explicou Alex.
“Aí surgiu essa ideia de contar um pouco da história do candomblé no Brasil e como ele foi formado. Além de mostrar os orixás não só como entidades, mas como representantes – como se fossem embaixadores – dos reinos de Irê, Ifé, Igbo e por aí vai”, completou.
Um enredo imponente para uma importante missão: voltar para a elite do carnaval carioca. De acordo com Alex, esta será a primeira vez que o Império Serrano levará para a Marquês de Sapucaí um enredo 100% voltado aos orixás. Para ele, o Ilú-ọba Ọ̀yọ́ vai encerrar os desfiles do Acesso com chave de Ouro.
“É a primeira vez que ele faz um enredo, de fato, negro. Foram pouquíssimas vezes. Teve uma vez em 1998, no acesso, com o “Sou o ouro negro da Mãe África”, que era sobre o povo negro, mas não específicamente sobre os orixás. Em 1976, com “A Lenda das Sereias, Rainhas do Mar”, de Fernando Pinto, fala de qualidades de Iemanjá, mas não é um enredo sobre os orixás. Então curiosamente esse enredo – que pode ter sido abordado em outras escolas de diversas formas – no Império não. As pessoas clamavam por um tipo de enredo assim. É forte. Eu acredito que a gente vai encerrar o sábado maravilhosamente bem”, afirmou.
O carnavalesco contou um pedido especial aos compositores para a disputa de samba. “O recado especial é que eles ouçam os xirês, porque alí eu creio que vai ter muita inspiração – não naturalmente em relação a letra, mas em relação a batida e o ritmo. A gente vai promover um grande ritual na Avenida”, enfatizou Alex de Souza.
Com a missão de voltar ao Grupo Especial, o Reizinho de Madureira será a oitava escola a entrar na Passarela do Samba no sábado de carnaval, dia 10 de fevereiro.