A Acadêmicos de Niterói trouxe a festa junina para a Marquês de Sapucaí na segunda noite de desfiles da Série Ouro. Com o enredo “Vixe Maria”, a escola exaltou a cultura popular das quadrilhas pelos quatro cantos do Brasil.
Uma das temáticas abordadas no desfile foi o elo entre a fé cristã e as manifestações culturais, fortemente presente na celebração também conhecida como “São João”. O carnavalesco Tiago Martins explicou como representou essa relação na alegoria que encerra o desfile da azul e branca da cidade sorriso, intitulada “A Fé Junina”.
“A maioria das quadrilhas saía de dentro das igrejas. Sabendo disso, quando a escola me pediu para falar sobre os santos juninos, queriam que eu montasse uma quermesse, mas preferi fazer algo diferente, que representasse melhor o tom festivo das comunidades quadrilheiras. A partir dessa ideia, construí no carro um coreto de praça em frente a uma igreja, onde as pessoas aparecem festejando com roupas tradicionais da festa junina”.
O artista destacou a importância dos elementos cenográficos para contar essa história ao público da Sapucaí, explicando o critério utilizado na escolha das figuras retratadas nas esculturas da alegoria.
“Os santos católicos são muito cultuados nos festejos juninos, principalmente no Nordeste. Ao mesmo tempo, cantores nordestinos famosos ganham destaque durante esse período. Por isso, também temos a zabumba e a sanfona, elementos marcantes na obra de Luiz Gonzaga”.
Embora tenha origem nas igrejas, a festa junina continua sendo uma forte expressão dos costumes católicos nas tradições culturais, e Tiago reconhece essa relação.
“Mesmo os mais céticos aproveitam o mês de junho para fazer promessas aos santos – seja para casar, alcançar a cura de uma doença ou realizar um sonho. Como mencionei, principalmente no Nordeste, muitas pessoas cumprem essas promessas justamente nas festividades juninas. Todo mundo participa dessa tradição, que tem um fundo religioso”.
Martins faz questão de expressar sua felicidade pela oportunidade de carnavalizar um dos maiores movimentos culturais do país.
“A emoção se intensifica porque conheci o Carnaval através da quadrilha, e poder unir essas duas festas que amo, ambas com forte cunho folclórico, popular e cultural, é gratificante”.