O sábado (05 de outubro) teve, ao todo, quatro gravações de faixas para o CD dos sambas-enredo do carnaval de 2025 de São Paulo. Uma das escolas que fizeram a execução, realizada na Fábrica do Samba, na Barra Funda, Zona Oeste da capital paulista, foi a Dragões da Real. Terceira escola a desfilar na sexta-feira de carnaval (28 de fevereiro), a agremiação cantará o enredo “A vida é um sonho pintado em aquarela!”, desenvolvido pelo carnavalesco Jorge Freitas. Renê Sobral, intérprete da instituição da Vila Anastácio, soltou a voz ao cantar a canção composta por Galo, Léo do Cavaco, Jairo Roizen, Rodrigo Dias, Thiago Meiners, Fadico, Claudio Mattos, Clairton Fonseca, Robson Valêncio, Vitor Blanco, Alves e Tubino. O CARNAVALESCO esteve presente na gravação e entrevistou uma série de personagens importantes da agremiação, que teve um canto bastante forte da comunidade – incluindo uma paticipação especial da Ala das crianças da escola, que terá destaque na introdução da faixa.
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Sobre a execução
Aos que tentam imaginar como a faixa ficou, alguns componentes deram alguns spoilers. Mestre Klemen Gioz, comandante da “Ritmo Que Incendeia”, bateria da agremiação, foi um deles: “A gente vai fazer um básico bonito. Sempre pensando bem no ao vivo, mesmo… já pensando na avenida. Essa que foi a proposta que foi passada para a gente. A gente vai fazer uma parada ali na segunda do samba: umas levadas de funk, umas paradas de dobrado, jogando junto com o samba-enredo, para ficar uma parada bem bonita e diferente, também”, prometeu.
Márcio Santana, diretor de carnaval da agremiação, focou no sentimento e na equipe que a agremiação possui: “O que todo apaixonado pelo carnaval pode esperar da Dragões é uma faixa muito emotiva, muito carregada de emoção e carregada de alegria, acima de tudo. É a essência da nossa escola, é a essência que carrega o nosso enredo. É uma verdadeira lição de vida e, sem dúvida nenhuma, a comunidade vai traduzir isso em canto, em uma batucada perfeita no comando do mestre Klemen Gioz, com uma ala musical super afinada. Com Renê Sobral, com a Harmonia, no nome do Rogério Félix. Enfim, é um trabalho coletivo, uma construção muito bacana. Sem dúvida nenhuma, é quase que um evento hoje essa gravação pra nós”, ejactou-se.
Cuidados
Responsável por interpretar a canção, Renê Sobral pontuou que as horas anteriores à gravação oram primordiais para o bom rendimento da obra: “É mais o cuidado do dia a dia que eu tenho com a minha voz, que é o nosso trabalho do dia a dia. Não tem nada de muito especial, não. Hoje é o dia de gravação, dia de ensaio, então eu já saio preparado para poder fazer o que eu amo. É só o descanso noturno, ontem eu dei uma boa descansada, dormi bastante para poder pegar a batalha de hoje. É descansar a voz, aquela aguinha tranquilinha e vamos que vamos”, afirmou.
Já Anderson Luiz Leite Silva, o Cicinho, arranjador da canção, fez uma analogia para explicar o trabalho realizado em torno da obra: “É um tema bem comovente, fala sobre questões importantes da vida das pessoas. Ao fazer o arranjo, a gente tem que pensar numa coisa que atinge o coração da pessoa ao ouvir. Acho que o arranjo nada mais é do que você trabalhar bem a canção. A pessoa já é bonita, mas você tem que vestir uma roupa bonita. Não adianta uma pessoa bonita vestir uma roupa feia. A gente tenta vestir a melhor roupa na música. E, como já disse, o samba tem esse apelo um pouco mais emocional. A gente tentou se apegar nesse detalhe”, comentou.
Elogios
Ao ser perguntado sobre a comunidade da escola, Rogério Felix, diretor de Harmonia da Dragões, não apenas elogiou os torcedores como, também, o formato de gravação do CD e os segmentos da agremiação: “Esse formato nos agrada muito e agrada a todo o carnaval. Você está com a sua comunidade, você está com os seus representantes de todos os departamentos, Baianas, Crianças, Velha Guarda (para as escolas que têm – e têm algumas pessoas mais antiguinhas de casa, como eu, o Márcio e várias outras pessoas que são mais antigas de casa. Tudo isso sobre a regência do maestro Jorge Freitas, que também é maestro – para os poucos que não o conhecem, ele é um maestro nato. A gente também traz a alegria da nossa comunidade, a energia e a representatividade da nossa comunidade. Muito sorriso no rosto, muita alegria, um samba que nos emociona e mantém o sorriso da comunidade que é um lugar de gente feliz. Eu não tenho dúvida nenhuma que é um formato que todas as comunidades vão se fazer representadas”, comentou.
Cicinho, ao falar sobre o que poderia surpreender na canção, também fez questão de falar bem de alguns pontos ligados à obra: “Acho que o próprio samba vai surpreender muita gente. A nossa aula musical é bem coesa, ela é, de fato, uma equipe: ninguém se destaca e anula o outro. Mas a gente, até o arranjo, eu sempre penso em dar destaque para todo mundo. Nós vamos colocar o Gibi, que é um teclado, uma estrutura que também algumas escolas já usam – mas é um recurso que a gente usa em estúdio, também. O ao vivo eu acho que vai dar um destaque legal. Eu acho que tudo isso vai surpreender. Nosso intérprete também canta muito bem o samba”, disse.
Galo Garcia, um dos compositores da obra, além de elogiar, agradeceu o quanto os desfilantes estão engajados com a canção: “Está sendo lindo demais, não tenho o que esperar mais. A comunidade inteira está cantando, é só vocês verem na quadra como é que está o ensaio. Está todo mundo cantando, todo mundo falando, também. E, o mais importante: o som entrou dentro da alma. Você vê as pessoas felizes cantando com alegria. Eu acho que a resposta vai ser na avenida também, do jeito que está acontecendo nos ensaios”, comemorou.
O próprio compositor, por sinal, foi sucinto ao descrever a felicidade de escrever a canção: “É um sentimento enorme! Para mim, particularmente, que faço parte da escola desde 2011, esse é meu terceiro samba campeão. Eu fico muito feliz, não tem comparação você ganhar um samba na escola do seu coração. É lindo demais isso”, relembrou.
Mais da ala musical
Interrogado sobre o andamento que será executado na avenida, Klemen foi sucinto: “A sempre vai pensar no andamento 146, que é um andamento bom para a execução. Acho ele ideal para os ritmistas estarem executando não só o ritmo, mas as bossas, também. Além de ser um andamento em que a escola desfila muito bem”, comentou.
Por fim, aproveitando para fazer um comentário sobre mercado fonográfico atual, Renê falou sobre a escolha entre priorizar o sentimento ou a parte técnica na gravação: “Eu tenho, graças ao pai Oxalá, uma técnica muito boa. Porém, eu não consigo fazer só técnica: eu tenho que ter emoção. Eu me jogo dentro disso, juntamente com os treinamentos e estudos. Fora o dom que o Pai Maior deu, claro. Eu consigo juntar as duas coisas, a técnica e colocar a emoção para poder ficar uma coisa bem coração e não ficar aquele canto técnico parecendo essas músicas novas que são populares agora, com dicção mais artificial”, finalizou.