Um dos intérpretes mais conhecidos da história do carnaval paulistano é Agnaldo Amaral. Com carreira mais do que consolidada na maior cidade da América do Sul, o cantor assumirá mais um desafio em 2026: após sair da Nenê de Vila Matilde, ele assinou com a Unidos do Peruche. Com a chegada à verde, amarelo e azul da cor do anil, o profissional tornou-se o primeiro a ocupar o principal microfone de quatro das cinco matriarcas do samba paulistano. O CARNAVALESCO conversou com o intérprete no lançamento do enredo da Unidos do Peruche para 2026 e perguntou para ele a satisfação em, praticamente, completar o ciclo das matriarcas do samba paulistano.
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História do histórico
Cria do Barroca Zona Sul, Agnaldo Amaral estreou no microfone principal da Faculdade do Samba em 1988. Em 1990, chegou à primeira matriarca da carreira: o Camisa Verde e Branca. Em 1994, após passagem pelo Pérola Negra, chegou à segunda: o Vai-Vai. Após mais de um período no Trevo e na Saracura, em 2014 chegou à terceira matriarca da lista: a Nenê de Vila Matilde. E, a partir de 2026, estará na Unidos do Peruche – quarta matriarca na carreira do cantor, que apenas não esteve à frente da Lavapés, atualmente no Grupo Especial de Bairros da UESP. Além das agremiações citadas, ele também teve passagens por Unidos de Vila Maria e Estação Primeira de Mangueira.
O próprio intérprete destrincha a carreira: “Para mim é uma satisfação imensa chegar na Unidos do Peruche. A gente está aí há quase 40 anos na pista quase de repente, eu comecei como se fosse alguma brincadeira que eu não tinha intenção de nada – aliás, nem cantava samba-enredo, fazia mais programas de teatro de revista, trabalhei com Oswaldo Sargentelli e etc. Aí, tão de repente, para mim, apesar de tudo, foi algo suave vir para o samba. Vieram Barroca Zona Sul, Camisa Verde e Branco, Vai-Vai, Nenê de Vila Matilde, fiz um breve passeio até a Estação Primeira de Mangueira, o que foi uma satisfação imensa. E hoje é aqui, fechando o ciclo maravilhoso com a Unidos do Peruche”, resumiu.

Ao ser perguntado sobre a satisfação em chegar na última matriarca que disputa grupos da Liga-SP em que ainda não havia cantado, Agnaldo Amaral mostrou humildade: “Para mim, para a minha carreira, para o meu orgulho e para o agradecimento a Deus, posso estar participando dessas escolas maravilhosas, que tem um fundamento enorme no carnaval – que antes da gente chegar já estavam aí. A Peruche não é a cereja do bolo: cereja do bolo é o pavilhão. A gente chega chegando, canta com amor, com emoção, com carinho – assim como foi em todas as escolas. Não poderia deixar de ser diferente aqui na Peruche. Para mim, é essa satisfação imensa”, comemorou.
Olho em 2026
O próprio intérprete destacou que, agora, toda a atenção da agremiação está voltada para a escolha do samba-enredo: “Que papai do céu nos abençoe, que venham bons sambas. Isso é quase 90% de um desfile, para quem não sabe, A gente vai ser muito minucioso na escolha. Quero participar também, como sempre participei em outras escolas. Não quero saber quem é compositor: o interesse é a obra”, comentou.
Agnaldo Amaral também destacou o evento no qual ele foi entrevistado pela reportagem, elogiando a batucada da agremiação: “O lançamento do enredo foi ótimo, foi maravilhoso. Hoje é que eu senti o chão, senti essa pulsação, essa bateria Rolo Compressor maravilhosa, a batida do mestre Azeitona já dá para ver que é fantástica. Só desejo tudo de bom, tudo de melhor para nós, e que a Peruche realmente volte para o lugar que ela merece estar, que é no Grupo Especial”, comentou.
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Longo prazo
Em outro momento da entrevista, Agnaldo Amaral deu a entender que pretende ficar bons anos na Filial do Samba: “Vamos galgar esse ano, o ano que vem, o outro ano, o terceiro – e, se Deus quiser, estaremos no Grupo Especial. Tenho certeza disso. Só depende de nós, tudo é um trabalho. Não tem aquela que já ganhou por conta do nome: o único nome que ganha sempre, para mim, é Jesus. Esse é o nome, o resto é sobrenome. Vamos lá, vamos trabalhar e fazer o melhor para nós. Na dúvida, podem encostar, porque vai ser choque neles!”, brincou, parafraseando e falando os gritos de guerra tradicionais do intérprete.
Exemplo para as matriarcas
O intérprete pontuou que as movimentações no vai-e-vem do samba feitos pela Filial do Samba para 2026 podem ser utilizadas como inspiração para as demais tradicionais do carnaval paulistano: “Estão deixando as grandes escolas de lado. Está faltando uma reciclagem, está faltando uma inovação. E a Peruche, com certeza, trazendo Chico Espinosa, Agnaldo Amaral e mais esse elenco todo aí, acredito que vai ser um trabalho maravilhoso e excepcional conduzido pelo presidente Zoio. Já está sendo, já estou me sentindo em casa”, finalizou.









