Por Matheus Mattos
O site CARNAVALESCO também esteve presente pela primeira vez nos desfiles do grupo de acesso do carnaval de São Paulo. A noite foi regular visando o nível plástico, porém a intensidade do canto de grande parte das escolas se destacaram. Barroca Zona Sul e Independente Tricolor saem na frente pela disputa do campeonato, acompanhados por Pérola Negra e Camisa Verde e Branco. Mocidade Unida da Mooca, Nenê de Vila Matilde e Unidos do Peruche lutam contra o descenso.
Mocidade Unida da Mooca
Estreante no grupo de acesso de São Paulo, a Mocidade Unida da Mooca enfrentou problemas com as grandiosas alegorias e evolução. Alguns carros alegóricos causaram transtornos ainda na concentração, e fez a escola permanecer por muito tempo parada na avenida. Com isso, o restante da agremiação correu de forma desnecessária pra concertar o erro, e mesmo assim os portões fecharam com 57 minutos, onde o máximo permitido é 60. Alguns detalhes de acabamento e direção torta dos carros também foi notado. De pontos positivos, a MUM demonstrou ótimo nível de harmonia, as fantasias também se destacaram pela luxuosidade e uso de cores diferentes. O enredo faz uma grande homenagem ao samba, e as alas que destacaram as co-irmãs também chamaram a atenção.
Independente
Mesmo com o descenso do Grupo Especial, a Independente Tricolor mostrou uma postura técnica superior ao nível de acesso e largou na frente em busca do título inédito. As alegorias bem acabadas e grandiosas se destacaram. A bateria, do mestre Klemen Gióz, realizou uma passagem segura e com bossas destacando o canto. Um detalhe curioso foi a presença de uma linha chocalhos no meio da “cozinha”.
Barroca Zona Sul
Terceira colocada no ano passado, a Barroca Zona Sul demonstrou um domínio no quesito de evolução e canto regular, entrando diretamente na briga pelo título. A comissão de frente surpreendeu positivamente. Os bailarinos, que representaram a escravidão, trouxeram uma carga emocional que o enredo oferece para o Anhembi, sendo considerada um dos pontos positivos do desfile. A Barroca não deixou a desejar nas alegorias e fantasias, cumprindo à risca o que o regulamento exige.
Nenê
A tradicional escola de samba do carnaval paulistano entrou na avenida buscando voltar para o grupo especial e resgatar os bons momentos, porém ainda foi visto uma agremiação diferente de toda a tradição da Nenê de Vila Matilde. As alegorias sem acabamento nos detalhes, modestas, com poucos movimentos e fantasias simples, com pouca criatividade. O quesito de evolução sofreu logo no começo quando a comissão largou na frente, deixando um grande buraco. Não importa a colocação ou grupo em que desfila, a Nenê sempre mostra um chão diferenciado, com componentes soltos, felizes e sambando para a plateia, indo totalmente na contra-mão do estilo marcha de exército. Outro destaque também foi a atuação do intérprete Agnaldo Amaral, que além de chamar a atenção pela potência vocal, usou máscara em homenagem ao fundador da escola, o Seo Nenê.
Leandro
Quinta escola de samba a desfilar, a Leandro de Itaquera cumpriu os quesitos e realizou um desfile seguro, não comprometendo a permanência no grupo de acesso. As alegorias trabalharam em cima da estética indígena, porém nenhuma com movimentos e esculturas sem acabamento devido, principalmente nos detalhes. A maioria das fantasias se limitaram em macacão, costeiro e adereço de cabeça. Os destaques positivos foram o canto forte dos componentes, principalmente durante os apagões da batucada, e a entrada no recuo diferenciada, onde as passistas entravam na bateria e preenchiam o vazio deixado na movimentação de entrada no box.
Camisa Verde
Com um nó na garganta causado por um quase rebaixamento no ano passado, o Camisa Verde e Branco fez uma largada emocionante. A agremiação realizou um desfile seguro, muito mais técnico e completo do que em 2018. As alegorias foram simples, com algumas falhas de acabamento e esculturas sem movimentos. As fantasias não comprometeram e se destacaram pelos detalhes. O segundo e quarto setor mostraram muita força no canto, padrão mantido em grande parte do desfile. Não houve uniformidade no andar, principalmente no minuto 42 em frente à torre 04, podendo afetar diretamente o quesito. Houve também uma falha da bateria perto do último módulo de jurado, onde alguns diretores não sinalizaram de forma correta, metade da bateria fez a bossa a outra seguiu reto, demorando um tempo até consertar. A ala das crianças se destacaram pela animação e empolgação, sendo considerada a melhor do grupo de acesso.
Peruche
Penúltima agremiação a desfilar pelo grupo de acesso, a Unidos do Peruche pecou em alguns pontos do módulo visual e detalhes de evolução, principalmente nas últimas alas. A primeira e última alegoria trouxeram defeitos de acabamento, e falta de capricho nas esculturas, como no globo terrestre do abre-alas. O andar da escola não foi padrão, e o efeito sanfona foi notado com certa frequência. A harmonia não comprometeu, mas houve quedas de intensidade.
Pérola Negra
Encerrando a noite de desfiles do grupo de acesso, a Pérola Negra se destacou pelo conjunto visual e postura ousada da bateria. Outro ponto importante foi a atuação do primeiro casal e o figurino volumoso trabalhando tons de marrom. Assim como em outras escolas, a evolução foi bem confusa, contendo efeito sanfona em determinados trechos, com mais ênfase no minuto 32. A Pérola trouxe alegorias grandiosas em comparação ao nível apresentado do grupo, porém todas sem movimentação. O canto da escola foi um outro ponto negativo, notava-se componentes que não sabiam a letra, nem ao menos o refrão principal. O destaque principal da noite foi a atuação da bateria Swing da Mada, o mestre Fernando Neninho apresentou uma variedade de arranjos entre naipes, bossas bem elaboradas e complexas, ritmo seguro e postura afrontosa, onde ele jogava a bossa e marcava o tempo nas mãos sem tirar os olhos do jurado.