A Inocentes de Belford Roxo começou seu desfile no amanhecer de domingo com um abre-alas que evocava a ancestralidade das paneleiras capixabas de Goiabeiras, chamado “Saber ancestral”. A escultura de um rosto indígena feminino ficava na frente do carro, que era predominantemente verde. Esculturas grandes de vasos em marrom com padronagens geométricas pretas e brancas tomavam conta do carro e serviram de pedestal para os componentes.
Homens e mulheres representando indígenas reforçavam a origem da cultura das panelas de barro do Espírito Santo. Esse artesanato já data 400 anos. Amelinha Simeão, de 70 anos, desfila há mais de 20 anos na Caçulinha da Baixada e veio no abre-alas.
“É muito importante a escola tratar desse assunto porque fala de uma cultura antiga. Eu acho lindo e maravilhoso fazer esse carnaval com história”, disse a componente que acredita que o enredo trazer essa ancestralidade pode ajudar ao público entender mais a riqueza dos povos originários.
O carro ganha volume ao ter como destaque na frente uma esplendor com penas verdes e no ponto mais alto outro esplendor feito com capim dourado. Essa característica chamou atenção de Júlio Pelegrini, de 33 anos, que ratificou a importância falar de mulheres.
“Eu achei o carro bem volumoso e vai fazer bonito na Sapucaí. É um enredo que vem falar do feminino, das mulheres e isso é bem atual”, disse ele em seu 4º desfile pela azul, vermelho e branco.
Roberta Tavares, de 35 anos, está em seu 5º carnaval pela Inocentes. Ela considera importante trazer para o Sambódromo enredos culturais e valorizar a arte e o talento dos povos originários. A homenagem às paneleiras para Roberta é a cara da agremiação.
O abre-alas ganhou mais peso ao vir após um tripé grande com uma estética similar e a ala de baianas que representaram as “artesãs indígenas”.