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Abre-alas da Em Cima da Hora celebra raízes africanas na cultura brasileira com imponência e sutileza

No primeiro dia de desfiles da Série Ouro no carnaval 2025, a Em Cima da Hora trouxe para a avenida o enredo “Ópera dos Terreiros – O Canto do Encanto da Alma Brasileira”, que busca promover o respeito pela diversidade religiosa e cultural do Brasil, por meio do olhar em que a cultura africana foi trazida para terras brasileiras no período da colonização e fincou raízes que perduram até hoje.

Para ilustrar essa mensagem, a escola construiu um abre-alas imponente, mas sutil, chamado “Sob a Proteção de Olodumarê, O Santuário Ancestral”.

“O carro abre-alas representa a travessia de um grande palácio africano em terras brasileiras, para onde Olodumarê (divindade suprema presente em religiões iorubá e afrodescendentes) conduziu seus filhos. Eles foram raptados, mas chegaram aqui com pompa na nossa ideia, e é por isso que o carro não traz tons terrosos. Em vez disso, ele traz o espelho e o luxo, para refletir a ideia de contemporaneidade da cultura negra se enraizando pelo Brasil”, explica o carnavalesco Rodrigo Almeida, em conversa com o CARNAVALESCO.

O artista acredita que o conceito transcendental foi traduzido na cenografia do carro por meio da abstratividade.

“Mostramos esse lugar como um palácio, com guardas o protegendo com espadas. Esse lado transcendental está no místico, no lúdico. Não é um carro perfeitamente descritivo. Ele transmite uma mensagem por meio de uma aura, que as pessoas vão sentir e identificar no desfile”.

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A sutileza citada acima pode ser notada nas cores escolhidas para compor a estética da alegoria, que são azul, branco e prata.

“Essas cores transmitem a ideia de leveza, paz e riqueza, sem perder o tom de imponência que o primeiro carro pede, além de não serem tão habituais para um carnaval afro, trazendo um diferencial para a escola”, pontua o carnavalesco, que afirma que os elementos das culturas africanas trazidos para o Brasil podem ser vistos nas saias e nas esculturas do carro.

O enredo tem como base a obra Ópera dos Terreiros, do Núcleo de Ópera da Bahia, instituição que promove a representação da cultura negra em sua total ancestralidade.

“Salvador é conhecida como a Roma Negra. É o local que tem mais negros no mundo, fora da África. Essa homenagem representa isso. Todo esse palácio transcendental que atravessou o Atlântico e fincou raízes na Bahia está eternizado na nossa cultura”.

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Ao ser questionado sobre a emoção de ver essa grandiosa celebração da ancestralidade tomando conta da Avenida, Almeida revela:

“O carnaval é uma festa preta, ancestral, que vem do batuque, vem da senzala, vem da África. É isso que faz essa celebração ser emocionante, porque aqui na Em Cima da Hora o carnaval do Rio se encontra com o carnaval de Salvador, que são dois dos maiores expoentes da cultura negra brasileira. Poder juntar essas duas vertentes é grandioso”.

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