Por Alberto João e Matheus Morais
Atual vice-campeã do Grupo Especial do Rio de Janeiro, a Imperatriz Leopoldinense tomou um banho de chuva, na tarde de domingo, no último ensaio de rua do ano, e saiu totalmente abençoada pelas águas de Oxalá. Debaixo de um temporal em Ramos, Zona Norte do Rio, a escola passou como um trator pela rua Euclides da Cunha. A comunidade “banhada” foi avassaladora no canto do samba-enredo para o Carnaval 2025. O prenúncio da sina, cantado em 2024, revelou que a potência leopoldinense está com todos ingredientes unidos para o desfile do ano que vem. O próximo ensaio de rua será no dia 5 de janeiro de 2025. A Imperatriz será a segunda escola a desfilar no domingo de carnaval, 2 de março, com o enredo “Ómi tútú ao Olúfon – Água fresca para o Senhor de Ifón”, do carnavalesco Leandro Vieira.
“O balanço é muito positivo, acho que a gente veio para a rua mais cedo, foi importante para que a gente pudesse afinar os detalhes, semana a semana, a evolução constante. A escola está no ponto que nós desejamos, temos feito um trabalho extraordinário, a bateria junto ao carro de som, segmentos, quesitos, comissão de frente, casal, harmonia. A escola está vivendo um momento espetacular. É seguir o trabalho, passo a passo, como a gente tem feito, a gente já conhece o processo, tem feito o trabalho. A gente encontrou um caminho já há alguns anos e a gente sabe que temos que respeitar os processos para chegar no ensaio técnico na Sapucaí prontos para entregar um grande espetáculo”, disse João Drumond, diretor executivo da Imperatriz.
Comissão de frente
Os integrantes, mais uma vez, fizeram uma exibição vigorosa. A dança mistura elementos do enredo e muita força corporal. O coreógrafo Patrick Carvalho, contratação certeira, já provou que chegou e supriu com muita eficiência um quesito que era carente na escola. Sem dúvida, a apresentação oficial é uma das mais aguardadas do Carnaval 2025.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Phelipe Lemos e Rafaela Theodoro vivem o melhor momento como dupla. Hoje, eles integram o hall dos melhores do carnaval. Muita sincronia nos movimentos e intensidade na dose certa. Ela girando com vibração e ele com passos muito técnicos. A chuva não afeitou em nada a performance. A bandeira totalmente encharcada, sem dúvida, pesou mais, porém, a porta-bandeira lidou com maestria. É um quesito que hoje traz segurança de rendimento para Imperatriz. Trabalho de pura elegância.
“Acho que para a primeira etapa do processo de carnaval, que é essa depois que se escolhe o samba até o final do ano, é um balanço muito positivo. Conseguimos achar a sintonia que o samba pede que tenha, os momentos que o samba pede, e acho que a gente entra agora para 2025 para iniciar o processo com uma cabeça muito mais tranquila no âmbito geral de finalização de coreografia. Para chegarmos no carnaval no tempero certo. Primeiro, a gente tem que manter essa pegada, essa pulsação que a gente está colocando. A energia que a gente está colocando na coreografia, junto com a bateria, com o canto da escola e toda a harmonia”, comentou o mestre-sala.
“A energia é muito positiva. É claro que a Imperatriz tem muito ainda que trabalhar para gente conquistar o título novamente. E a presidente Cátia (Drumond) faz todo o trabalho, fornece a estrutura para os profissionais. É seguir nessa linha que a Imperatriz vem levando, com muita alegria, muito pé no chão, porque eu acho que isso é o mais importante de tudo, a gente ter pé no chão e trabalho. A gente vem trabalhando desde agosto. Esperamos viver toda essa emoção que vivemos em 2024 com bons resultados, boas notas, premiações em 2025”, completou a porta-bandeira.
Harmonia
O temporal não assustou os gresilenses, pelo contrário, foi um banho de canto. Na tarde do último domingo, a chuva impulsionou ainda mais o canto de cada componente. Não existe meio termo. O samba inteiro é avassalador nas vozes dos integrantes. O trabalho do intérprete Pitty de Menezes e do carro de som é primoroso. A sustentação é perfeita.
Evolução
O componente da Imperatriz ensaia feliz. Desde os treinos, ainda para o desfile de 2024, que a escola realiza os ensaios mais vibrantes do Grupo Especial. É prazeroso demais vivenciar o clima formado pela escola leopoldinense. O trabalho da dupla André Bonatte e Pedro Leite, na direção de carnaval, além de Thiago Santos, e os demais diretores de harmonia, rende muitos frutos para escola de Ramos. A ala coreografada, com o machado de Xangô, fez o “trabalho coreógrafico”, mas não esqueceu em nenhum momento de cantar o samba-enredo e dançar com muita vibração.
Samba-Enredo
A obra de 2025 já conquistou os gresilenses. Berrada pelos componentes, ela possui totais condições de aumentar ainda mais a força do desfile. A introdução, como foi em 2024, é uma das melhores do ano. O refrão principal, impulsionado por Pitty de Menezes, faz o componente “decolar” e erguer os braços para o céu, formando uma sincronia magnífica com a bateria “Swing da Leopoldina”.
Outros Destaques
A ala de passistas sambou o tempo inteiro. Atuação impecável. Bem vestidos, o grupo parecia nem perceber o “piso ensopado”. Riscaram totalmente o chão de Ramos. O mesmo aconteceu com as musas, destaque para Carmem Mondego, aclamada pela comunidade, e Tati Rosa, que está grávida, e demonstrou muito amor ao pavilhão, dançando sem medo da chuva.
A bateria, comandada por mestre Lolo, faz um dos melhores trabalhos do Grupo Especial. Não é de hoje. Faz tempo. Excelência ritmíca, com paradinhas perfeitas e que funcionam para o carro de som brilhar ainda mais. A rainha Maria Mariá sambou o tempo inteiro, DNA do CPX, ela arrancou aplausos do público.
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