A Beija-Flor de Nilópolis desfilou na Marquês de Sapucaí com um enredo emocionante e cheio de significado: uma homenagem a Laíla, figura central na história da agremiação e do carnaval carioca. Conhecido por sua exigência e pelo método revolucionário que transformou a harmonia em um espetáculo à parte, Laíla deixou um legado que continua vivo na escola, mesmo após sua partida.
Em entrevista ao CARNAVALESCO os integrantes da Beija-Flor, desde veteranos até novos componentes, falaram que o método Laíla não é apenas uma técnica, mas uma filosofia que permeia todos os aspectos do desfile. Para Maria da Silva, 75 anos, 54 de Beija-Flor e membro da Velha Guarda, a saudade de Laíla é um sentimento que se mistura com a responsabilidade de manter o alto padrão que ele sempre exigiu. “A responsabilidade, a emoção, as pessoas cantam chorando, porque a saudade dele é muito grande”, disse Maria, destacando que o canto da comunidade será fundamental para reverenciar o mestre.
Ieti Lima Soares Senra, diretora de harmonia, 22 anos de Beija-Flor, reforçou a importância do legado de Laíla. “Ele sempre foi muito exigente com o canto, a evolução e o desenvolvimento. Toda vez que escutamos o samba, lembramos dele e de como ele nos cobrava”, afirmou. Para Ieti, o fato do enredo deste ano ser uma homenagem a Laíla aumentou ainda mais a exigência. “O rolo compressor voltou com mais garra”, brinca, referindo-se ao apelido carinhoso dado por Laíla a agremiação, que garantia que a escola desfilasse com uma harmonia impecável, como um “rolo compressor” na avenida.
Serginho Aguiar, compositor do samba-enredo e responsável por representar Laíla no desfile, destaca a emoção que envolve a preparação deste ano. “É inimaginável representar Laíla e ao mesmo tempo trazer um samba de qualidade para a Beija-Flor”, disse ele. Serginho ressaltou que, embora seja impossível reproduzir a genialidade de Laíla, a escola se esforça para honrar seu legado. “A emoção vai fazer a diferença neste carnaval”, afirmou confiante de que a Beija-Flor está pronta para conquistar o título após 7 anos sem vencer.
Para os novos integrantes, como Alana Santos, aderecista de 22 anos, o método Laíla é uma lição que vai além do carnaval. “Aprendemos que a Beija-Flor não é só uma escola de samba, é uma escola de vida. Aqui criamos família, vínculos e levamos experiências para a vida”, diz Alana. Ela destaca que, mesmo não tendo convivido diretamente com Laíla, sente o peso de sua presença em cada ensaio e em cada detalhe do desfile.
O método Laíla, que revolucionou a harmonia no carnaval, continua a inspirar gerações. Sua exigência por canto impecável, evolução sincronizada e dedicação total tornou-se um padrão para a Beija-Flor. Com emoção e garra, a comunidade de Nilópolis honrou o legado de canto deixado por Laíla.