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A Influência dos Povos Bantos na Celebração do Ano Novo: ala de Mangueira une religiosidade e cultura popular

A passagem do ano no Rio de Janeiro é um espetáculo de cores, sons e significados. Milhões de pessoas se reúnem nas praias, vestidas de branco, para celebrar a virada do ano com fogos de artifício, pulando ondas e realizando rituais que, para muitos, são apenas tradições. No entanto, poucos sabem que essas práticas têm raízes profundas na cultura banto, trazida ao Brasil pelos africanos escravizados. A Ala 18 do enredo da Mangueira, “O Rio Celebra de Branco”, trouxe à tona essa conexão histórica e religiosa, revelando como os costumes dos povos bantos se tornaram parte do cotidiano carioca, independentemente de credo ou origem.
A Origem Banto das celebrações de Ano-Novo

Os bantos, povos originários da África Central, trouxeram consigo práticas religiosas e culturais que se fundiram com outras tradições no Brasil, dando origem a manifestações como a Umbanda. Um dos principais nomes dessa herança é Tata Tancredo, pai de santo que popularizou as celebrações de Ano Novo nas praias cariocas. Vestidos de branco, cor associada à paz e à espiritualidade nos terreiros, os praticantes dos Omolocôs (cultos bantos) realizavam rituais de transição, marcando a passagem para um novo ciclo. Essa prática, inicialmente religiosa, foi se popularizando e hoje é adotada por milhões de pessoas, muitas vezes sem que saibam sua origem.
A Percepção dos Componentes da Mangueira

André Pretz, 30 anos, vendedor e integrante da Mangueira, conta que não sabia da relação entre a celebração do Ano Novo e a cultura banto. “A gente descobre agora, através do enredo. É uma coisa que a gente faz automaticamente, mas não sabe de onde veio”, diz ele. André revela que, em alguns anos, passa a virada na praia, seguindo rituais como pular ondas e vestir branco. “Isso é primordial para todo mundo aqui no Rio. A gente sabe que vem de uma prática religiosa, mas nem todo mundo entende o significado”, reflete.
Já Renan Costa, 34 anos, gerente, prefere passar o Ano Novo em família, longe da agitação das praias. Ele também desconhecia a origem banta da tradição até participar do enredo da Mangueira. “Aprendi aqui. Muita coisa a gente está descobrindo com esse enredo”, afirma. Para Renan, o diálogo entre as religiões é essencial para que as pessoas entendam as raízes dos costumes. “Se a gente tivesse mais comunicação entre as religiões, entender as origens das nossas tradições seria mais fácil”, defende.
O Branco, a Praia e os Rituais de Transição

O uso do branco, símbolo de pureza e renovação, é um dos elementos mais marcantes da celebração do Ano Novo no Rio. Essa prática, que tem origem nos terreiros, foi incorporada pela população em geral, independentemente de sua religião. Além disso, rituais como pular ondas, oferecer flores ao mar e comer uvas têm significados profundos na cultura banto, relacionados à purificação e à busca de boas energias para o novo ciclo.
O Diálogo Interreligioso e a Apropriação Cultural

A celebração do Ano Novo na praia é um exemplo de como práticas religiosas podem transcender seus contextos originais e se tornar parte da cultura popular. No entanto, essa apropriação também levanta questões sobre o respeito e o entendimento das origens dessas tradições. Para muitos integrantes da Mangueira, o enredo deste ano é uma oportunidade de promover o diálogo interreligioso e valorizar a diversidade cultural.
“É importante que as religiões conversem entre si”, afirma André. “Muita gente faz as coisas sem saber o real motivo. A gente precisa entender de onde vêm essas tradições e respeitar suas origens”, completa. Renan concorda e destaca a importância de reconhecer a influência dos povos bantos na formação da identidade carioca. “Se é um costume que veio do povo banto e foi passado para outras religiões, isso precisa ser valorizado”, diz.
Uma Celebração que Une Passado e Presente

A celebração do Ano Novo no Rio de Janeiro é muito mais que uma festa: é um momento de conexão com as raízes africanas que moldaram a cultura brasileira. O enredo da Mangueira, ao resgatar essa história, nos convida a refletir sobre o valor do diálogo interreligioso e a importância de conhecer e respeitar as tradições que formam a identidade carioca.
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