A segunda noite de desfiles da Série Ouro teve um gostinho especial para a Tradição, que retornou ao Grupo de Acesso depois de 11 anos desfilando na Intendente Magalhães. Apesar do longo tempo fora do brilho da Sapucaí, a escola honrou o nome ao manter uma comunidade fiel, que permanece ao seu lado nos altos e baixos.
“Acompanhei a Tradição durante todos esses anos na Intendente Magalhães, onde ela enfrentava a falta de reconhecimento da mídia, que resultava na falta de estrutura e de dinheiro também. Por isso, vejo como ela é uma escola de garra”, comenta Sérgio Santos, de 51 anos, morador de Cascadura, que criou um carinho pela Azul e Branca desde que desfilou pela primeira vez na vida em 2001, ano da homenagem a Silvio Santos. O rapaz, que desfilou este ano na ala da bruxaria, ainda destacou que a comunidade está empenhada em fazer deste um momento histórico.
“Todo mundo está muito contente, pode-se notar pela quantidade de pessoas que estão desfilando aqui. Assim como diz o samba, a Tradição voltou, realmente! E voltou para o lugar de onde nunca deveria ter saído.”
A agremiação de Madureira vem de uma linhagem da realeza do Carnaval carioca, já que é dissidente de ninguém menos que a Portela. Além de dividirem a Águia Majestosa como símbolo principal, as Azuis e Brancas também dividem o coração dos torcedores.
“Estou vivendo um sonho. Sou fanática pela Tradição, porque eu digo que ela é a filha da Portela, minha escola do coração. Sendo assim, eu amo também a Tradição. Estou super honrada em participar deste retorno à Sapucaí”, orgulha-se a baiana Penha Thomaz, de 69 anos.
“Estou muito feliz por estar fazendo parte de uma escola tão tradicional no Carnaval carioca, a qual tenho certeza de que vai continuar desfilando na Sapucaí, seja no Acesso ou no Especial. Estou confiante. E dá para ver pela plástica que ela fez um bom trabalho. O samba está muito forte, o qual a comunidade abraçou e está cantando muito. Está com muita harmonia, a escola está com uma pegada muito bacana, muito bacana”, conta, orgulhoso, o passista David Marques, de 38 anos, que desfilou acompanhado do seu amigo Marcos Vinícius, que também expressou a felicidade de representar a escola.
“Sempre admirei a escola, que tinha diversos sambas antológicos que eu adoro, como o lendário samba do Silvio Santos. Quando surgiu a oportunidade de desfilar, nem pensei em recusar. Estou muito feliz por representar essa escola que, assim como o nome diz, é de tradição”, bradou Marcos Vinícius.
“Vamos dar o nosso melhor neste desfile, dançando e cantando bastante e entrando com muito axé, que reza não costuma falhar”, garantiu a dupla ainda na concentração.
A Tradição veio com um enredo forte, que celebra a espiritualidade humana representada por diversas crenças religiosas.
“A nossa ala fala sobre o direito de existir. Vem toda a população LGBTQIAP+, falando sobre a nossa necessidade também de rezar. É a nossa inserção no meio religioso, ao qual também temos o direito de pertencer. Nós também merecemos a espiritualidade. Por isso, estou muito feliz em desfilar em uma escola que teve a coragem de levar esse tema para a avenida”, relatou o dentista Gualter Silva, de 36 anos.