A Porto da Pedra definiu na madrugada deste domingo o hino que defenderá o enredo “Das mais antigas do mundo, o doce e amargo beijo da noite”, desenvolvido pelo carnavalesco Mauro Quintaes, no Carnaval 2026. A parceria campeã é formada por Bira, Rafael Raçudo, Oscar Bessa, Márcio Rangel, Eric Costa, Fernando Macaco, Jarlão, Rafael Gigante, Vinícius Ferreira e Miguelzinho. O samba conquistou a comunidade e emocionou o público na quadra de São Gonçalo. * OUÇA O SAMBA CAMPEÃO
Fotos: Gabriel Radicetti e Rhyan de Meira/CARNAVALESCO
Um dos principais nomes da obra, o compositor Bira destacou a responsabilidade de transformar em poesia o universo das profissionais do sexo: “Essa vitória representa para mim e para minha parceria uma alegria imensa. Falar dessas profissionais e desses profissionais do sexo foi um desafio, já que nós, homens, não temos lugar de fala. Quando começamos a construir o samba, tentamos sentir essa ambiguidade que é a vida dessas pessoas, tão bem retratadas no enredo do Mauro. Conversamos com coletivos que estiveram presentes na final e recebemos o agradecimento por termos representado bem a luta delas. Além das homenageadas terem aprovado, a direção da escola e os componentes abraçaram nossa obra. É uma felicidade enorme, porque conseguimos colocar no samba aquilo que elas próprias querem dizer. Um dos coletivos fez questão de reforçar que a palavra ‘puta’ deveria estar na letra, e o nosso samba foi o único que assumiu essa posição, quebrando preconceitos. Quando cantamos: ‘Dona de mim, vestida ou nua, o preço da vida quem sabe sou eu’, afirmamos o valor e a dignidade de cada uma delas”.
Compositor Bira
Outro integrante da parceria campeã, Miguelzinho ressaltou a emoção de voltar a vencer na escola que o formou: “Qualquer obra de arte que chega à avenida já é um sonho. Eu já vivi isso antes e agora estou repetindo. É indescritível a emoção de vencer na Porto da Pedra, a escola que me criou. Tivemos muito cuidado para transformar esse enredo em poesia, usando a licença poética para criar um samba maravilhoso, que acredito ser um dos grandes sambas do próximo carnaval”.
Miguelzinho
Rafael Raçudo destacou a narrativa escolhida: “Estamos nessa batalha desde 2010, e a Porto é nossa casa. Fizemos o samba com muito carinho e respeito às profissionais do sexo. Acredito que o diferencial foi termos construído a narrativa em primeira pessoa, dando voz direta a essas mulheres. Na Sapucaí, a Tigresa vai matar um leão por dia”.
Para Márcio Rangel, a ousadia da parceria foi determinante: “Depois de algumas derrotas, voltamos com a intenção de ganhar. Pensamos cada detalhe do enredo. Muitos achavam arriscado colocar a palavra ‘puta’ no samba, mas nós acreditamos que era necessário e acertamos em cheio. O samba tem refrões fortes, é fácil de cantar e não cansa. Na avenida, vai funcionar muito bem”.
Compositor Márcio Rangel
Mauro Quintaes: ‘Um enredo necessário e atualizado’
Carnavalesco Mauro Quintaes
O carnavalesco Mauro Quintaes explicou que a proposta retoma um desejo antigo, mas com roupagem nova: “Eu já tinha vontade de falar das profissionais do sexo desde 1997, quando fiz o enredo sobre a loucura. Agora, em 2026, o presidente Fábio Montibelo sentiu que era o momento certo. Fizemos uma pesquisa profunda e atualizamos a abordagem, contemplando mulheres, homens, trans e todos os segmentos. É um enredo necessário. Nos protótipos já estamos bem adiantados, e com a verba em dia vamos entregar um grande desfile”.
O diretor de carnaval, Aluízio Mendonça, destacou que a escolha antecipada do samba ajuda na preparação: “Nosso objetivo nunca é ficar em terceiro, sempre buscamos mais. Com o samba definido, fica mais fácil ensaiar a comunidade e colocar o hino na ponta da língua. Dependemos da liberação das datas de rua pela prefeitura, mas já vamos iniciar os treinos de quadra. Em 2026, desfilaremos com cerca de 1.800 componentes”.
Diretor de carnaval, Aluízio Mendonça
Wantuir: ‘Me sinto em casa na Porto da Pedra’
O intérprete oficial Wantuir exaltou o clima na escola e a força da comunidade: “O desfile de 2025 foi maravilhoso, mesmo sem o resultado esperado. Agora temos mais um ano para botar pra quebrar. O mestre Pablo é uma referência no carnaval e montou uma bateria da comunidade, que tem harmonia incrível. Depois de tantos anos em outras escolas, estar de volta à Porto é um prêmio. Aqui me sinto em casa, como um pinto no lixo (risos)”.
Intérprete Wantuir
Mestre Pablo prepara novas bossas para a ‘Ritmo Feroz’
O comandante da bateria “Ritmo Feroz”, mestre Pablo, destacou a energia do grupo e já projeta novidades: “Em 2025 a bateria vibrou a Sapucaí, e os jurados reconheceram isso. Agora espero o samba definido para criar as bossas que ele pedir. Cada obra tem seu jeito de falar comigo. O Wantuir é um querido de São Gonçalo, foi abraçado por todos e está somando muito com a nossa bateria. Estamos felizes e confiantes”.
Mestre Pablo
Porta-bandeira é prata da casa
A primeira porta-bandeira Joyce Santos, cria do projeto da escola, falou sobre sua ascensão ao posto principal ao lado de Rodrigo França: Joyce: “Sou prata da casa e fui preparada para estar aqui. O Rodrigo me conhece desde sempre e me dá muito suporte. Não posso dar spoiler da fantasia, mas vai ser algo incrível. Quando o samba casa com o casal, tudo flui”.
Casal Rodrigo e Joyce
“A Joyce tem amor e dedicação à Porto da Pedra, isso faz a diferença. Ainda não consigo visualizar toda a coreografia com esse samba, mas ao longo dos ensaios vai fluir. Temos certeza de que será mais um grande ano”, completou o mestre-sala.
A escola apresentará “Das Mais Antigas da Vida, o Doce e Amargo Beijo da Noite”, que aborda a história da prostituição, tema do carnavalesco Mauro Quintaes com pesquisa de Diego Araújo. Em 2026, o Tigre será a sexta escola a desfilar no sábado de carnaval da Série Ouro.
O Salgueiro realizou a terceira eliminatória para escolher o seu samba-enredo do Carnaval 2026. Foram 11 parcerias disputando vaga na próxima fase. Todas se apresentaram e agora aguardam o resultado, que será divulgado no início da semana, nas redes sociais do “Torrão Amado”. Três parcerias se destacaram bastante: Marcelo Motta, Marcelo Adnet e Rafa Hecht. Para o próximo carnaval, a Academia do Samba homenageará a carnavalesca Rosa Magalhães com o enredo “A delirante jornada carnavalesca da professora que não tinha medo de bruxa, de bacalhau e nem do pirata da perna-de-pau”, desenvolvido por Jorge Silveira. Veja abaixo a análise do CARNAVALESCO.
Parceria de Marcelo Motta: O primeiro samba a se apresentar foi o da parceria de Marcelo Motta, Dudu Nobre, Julio Alves, Manolo, Daniel Paixão, Jonathan Tenorio, Kadu Gomes, Zé Moraes, Jorge Arthur e Fadico, que deu um passo à frente em relação aos demais concorrentes. A obra foi cantada por Tinga, intérprete da Vila Isabel. Embora não estivesse em sua noite mais inspirada, os apoios deram conta do recado, garantindo boa apresentação. A parceria foi um dos destaques da noite, contando com numerosa torcida e um grupo performático de três passistas à frente, carregando bandeiras. O refrão principal foi o mais cantado. Fora da torcida, quatro baianas acompanharam a apresentação com a letra do samba na mão. Foi possível notar alguns mais animados pela quadra, embora o restante do samba ainda não estivesse decorado nem mesmo pela própria torcida.
Parceria de Bernardo Nobre: O segundo samba da noite foi da parceria de Bernardo Nobre, João Moreira, John Bahiense, André de Souza, Jorge Silva, Alfredo Poeta e Vitor Lajas. Cantado por Igor Viana, intérprete da Mocidade Independente, e Chicão, o samba foi bem sustentado no palco, mas não empolgou a quadra. A torcida compareceu em boa quantidade, mas apenas para efeitos cênicos, pois mal cantava o refrão principal. Levavam cachos de bolas e bastões luminosos. Toda a empolgação ficou restrita ao palco.
Parceria de Xande de Pilares: A terceira parceria teve uma das torcidas mais numerosas da noite, o que não significou adesão da quadra. O time formado pelo atual campeão do concurso, Xande de Pilares, ao lado de Fred Camacho, Betinho de Pilares, Renato Galante, Miguel Dibo, Jorginho Via 13, Jefferson Oliveira, Jassa, João Diniz e W. Corrêa, mostrou mais força no refrão principal, embalado pela coreografia no trecho “sou Salgueiro e fim de papo”. A obra foi muito bem conduzida por Evandro Malandro, intérprete da Grande Rio, e Thiago Brito, cantor da Ponte. Apesar da garra no palco, faltou canto da torcida para sustentar a apresentação.
Parceria de Felipe Zizou: A quarta apresentação foi da parceria formada por Filipe Zizou, Maralhas, Felipe Petrini, Ângela do Salgueiro, Luciano Gomes, Queiroga, Ailtinho, Micha, Beto Sérgio Português e Rogerinho do Salgueiro. O samba foi defendido por Thiago Acácio, Igor Pitta e Rodrigo Tinoco, que mostraram bastante entrosamento. A torcida era pequena, mas tentou cantar com ajuda do folheto da letra. Além do refrão principal, o trecho “coroada nessa casa de Xangô” também foi bastante entoado.
Parceria de Paulo César Feital: O quinto samba foi da parceria de Paulo César Feital, Ian Ruas, Benjamin Figueiredo, Luiz Fernando, Márcio Pessi, Zé Carlos, Bruno Papão, Vagner Alegria, Dredi e Ygor Leall. Cantado por Dowglas Diniz, intérprete da Mangueira, e Leonardo Bessa, a apresentação contou com participação ativa da torcida, que, mesmo pequena, se destacou nos refrões, principalmente, na virada do samba com o verso “Salgueiro, impossível não se emocionar”.
Parceria de Gui Salgueiro: A sexta apresentação foi da parceria de Gui Salgueiro, Mônica de Aquino, Carlos Ferrão, Dennis Garcia, Eugênio Leal, Fábio Teixeira, Geraldo da Valda, Júlio James, Marcão Campos e Nego Martins. O samba, conduzido por Guto, teve a torcida mais empolgada da noite, que buscava cantar a obra inteira até explodir no refrão principal. A torcida ainda contou com casal de mestre-sala e porta-bandeira vestidos de Visconde de Sabugosa e Emília, garantindo uma das melhores apresentações da eliminatória.
Parceria de Serginho do Porto: A sétima apresentação foi da parceria de Serginho do Porto, Sereno do Fundo de Quintal, Maurício Dutth, Chacal do Sax, Leandro Thomaz, Mário Carvalho, Cláudio Gladiador, Telmo Augusto, Josy Ferreira e Cléo Augusto Willian Ramos. O samba foi sustentado em três passadas pelos cantores Bruno Ribas (Unidos de Padre Miguel), Serginho do Porto (Estácio de Sá) e Rafael Tinguinha (São Clemente). A torcida, pequena e tímida, agitava bandeiras e bolas, mas não acompanhou a energia dos cantores no palco.
Parceria de Marcelo Adnet: O oitavo samba foi da parceria de Marcelo Adnet, Gustavo Albuquerque, Babby do Cavaco, André Capá, Bruno Zullo, Marcelinho Simon, Rafael Castilho, Luizinho do Méier, Igor Marinho e Fabiano Paiva. Grande destaque da noite, foi conduzido por Wander Pires, intérprete da Viradouro, com apoio de um animado carro de som. O samba se destacou tanto no palco quanto na quadra, que contou com a maior torcida da etapa. O trecho “desata o nó na garganta do nosso torrão” foi cantado com força. A parceria também avançou em relação aos concorrentes.
Parceria de Rafa Hecht: O nono samba foi o terceiro grande destaque da noite. A parceria de Rafa Hecht, Samir Trindade, Thiago Daniel, Clairton Fonseca, Fabrício Sena, Deiny Leite, Felipe Sena, Ricardo Castanheira, JP Figueira e Deco mostrou força com a interpretação de Marquinho Art’Samba (Unidos da Tijuca) e Tiganá (Estácio de Sá). A torcida cantou com energia os dois refrões, interagindo bastante com os cantores e compositores. A obra se firmou como forte candidata na disputa.
Parceria de Moisés Santiago: A décima apresentação ficou por conta da parceria de Moisés Santiago, Pedrinho da Flor, Gilmar L. Silva, Leonardo Gallo, Orlando Ambrósio, Zeca do Cavaco, Alexandre Cabeça, Bruno Dallari, Marquinho Bombeiro e D’Miranda. Com a torcida mais participativa da noite, o samba foi cantado de ponta a ponta. No palco, Tem-Tem Jr. (União da Ilha), Tuninho Junior (Tradição) e Ito Melodia deram show. Os compositores vibraram o tempo todo, garantindo uma apresentação de muita energia.
Parceria de Professor Avenas: O último samba da noite foi da parceria de Professor Avenas, Edu Chagas, Juarez Baez, Silva Santana, Vânia Moraes, Luiz Vieira, Pedro Bastos, Walter Lopes, Zena e Luiza Gazal. Cantado por Edu Chagas e com a presença de uma pessoa caracterizada como Rosa Magalhães no palco, a apresentação destoou das demais. A quadra já vazia e a torcida pequena reforçaram a sensação de um desempenho abaixo dos anteriores. A torcida quase não cantou, comprometendo a passagem final da noite.
Uma tarde de muita celebração e de sucessos consagrados deu início à nova temporada da tradicional feijoada da Verde e Rosa na Estação Primeira de Mangueira. Neste sábado, o Palácio do Samba ficou lotado de fãs do samba e de um de seus maiores mestres: o carioca Jorge Aragão. A comunidade e diversas celebridades cantaram junto tanto os sucessos da escola, bem como os diversos hits do veterano de Padre Miguel que se consolidou como um ícone do samba.
Os mais de 4500 presentes se emocionaram com as apresentações da Velha Guarda Show, do Grupo Batucaê e Chacal do Sax. Jorge Aragão não decepcionou e emplacou hit atrás de hit. Canções como Malandro, Vou Festejar, Doce Amizade, Identidade, Eu e Você Sempre entre outras emocionaram a plateia composta de anônimos e de diversas celebridades. A cantora Liniker, a atriz Duda Santos e a influenciadora digital e DJ Jude Paulla estavam presentes e curtiram a tarde acompanhadas de amigos.
Arlindinho encerrou a noite no Palácio do Samba junto de Dowglas Diniz e da bateria da Mangueira com sucessos de sua autoria e do pai, Arlindo Cruz, falecido recentemente.As próximas edições da feijoada serão divulgadas através das redes sociais da agremiação, com venda de ingressos antecipada.
Para homenagear Heitor dos Prazeres, a Unidos de Vila Isabel trouxe, na primeira noite de disputa, uma safra de alta qualidade. O enredo desenvolvido por Gabriel Haddad e Leonardo Bora permitiu que os compositores da escola criassem sambas interessantes que, com certeza, irão levantar o público até a grande final, marcada para o dia 12 de setembro. Abaixo, as análises dos sambas classificados para a próxima etapa eliminatória.
Parceria de Moacyr Luz: A segunda apresentação da noite foi da composição de Moacyr Luz, Inácio Rios, Márcio André Filho, João Martins, Igor Federal, Dani Baga e Gustavo Clarão. O intérprete responsável por conduzi-la foi Bruno Ribas. É uma obra que conquista pela melodia e cadência, principalmente em sua primeira parte. Como exemplo, os versos: “Heitor dos Prazeres,/ sonhei seus saberes, Cateretê!/ Os velhos ranchos perfumando meu ilê/ Vou de camisa listrada/ A bença Ciata, tirei meu chapéu”. O refrão principal também merece destaque pela forma como a repetição de “Macumbembê Samborembá” é utilizada.
Parceria de Juju Ferreirah: Com a força de uma parceria totalmente feminina, as compositoras Juju Ferreirah, Eliza Barra, Euza Borges, Laudicéa Rodrigues, Maria Clara e Silvinha Melonio tiveram seu samba defendido pela intérprete Clara Vidal. A apresentação conseguiu levantar parte da quadra, mesmo com a torcida reduzida. É interessante como o refrão do meio utiliza os termos “Macumbembê” e “Samborembá”, que fazem parte do título do enredo, além de transformar “Kizomba” em verbo, com o criativo “Kizombear”. Os versos “Tem luta, terreiro e Ferreira/ Solta o alabê da Swingueira” preparam bem o refrão principal, em sintonia com o primeiro verso: “Desce o morro, moçada!”.
Parceria de Cláudio Matos: Cláudio Matos, Ribeirinho, Markinho da Vila, Didi Tupinambá, Américo Z. Zimmermann, Robson Bastos, Domingo PS e Carlinhos Niterói assinam o samba-enredo defendido por Igor Vianna. Durante a apresentação, o samba levantou o público, apesar de um detalhe: a aceleração perceptível na primeira parte. O trava-língua “Moço firmava a macumba e a moça de saia incorporou/ Gente que desce o morro num enredo de sonho que a Vila sonhou” foi bem utilizado para imprimir ritmo e dinâmica à obra.
Parceria de Ricardo Mendonça: Tem-Tem Jr. e Charles conduziram a apresentação da parceria formada por Ricardo Mendonça, Diego Nicolau, Deco Augusto, Guilherme Karraz, Marcão, Vitor Marques, Miguel Dibo e Gigi da Estiva. Um dos pontos altos foi o refrão do meio: “A kizomba é kizumba, saravá!/ Saravá! Saravá!/ Saravá é macumba, macumbá!/ Na gira! Da Vila!” Outro destaque foi o verso que encerra o refrão principal: “Quem assina a autoria é a Vila Isabel!”.
Parceria de André Diniz: O intérprete Wander Pires defendeu o samba de André Diniz e Evandro Bocão. Foi a única obra cujo refrão foi cantado em coro forte pela quadra, enquanto os integrantes do palco optaram por não cantar, permitindo que se ouvisse apenas a voz do público. Os versos que conduzem ao refrão principal carregam beleza poética e melodia envolvente: “De todos os tons, a Vila, negra é!/ De todos os sons, a negra Vila é!/ De China e Ferreira/ Mocambo, macacos e o Pau da Bandeira/ Da nossa favela, branca a azul do céu/ No branco da tela o azul do pincel/ Vem ser aquarela, pintar a Unidos de Vila Isabel”. Um detalhe notado foi um possível ajuste no microfone de Wander durante a apresentação.
Parceria de PC Feital: Encerrando a noite, a parceria de PC Feital, Thales Nunes, Gustavinho Oliveira, Danilo Garcia, Gabriel Simões, Hugo Oliveira, Telmo Augusto e Washington Motta foi defendida pelo intérprete Tinguinha. A melodia desenvolvida cria uma atmosfera calma, enquanto os refrões aparecem fortes e marcantes. Os versos se estendem com beleza: “Que eu me vejo refletida em seu olhar/ Mocambo dos macacos em cortejo, é carnaval/ Da África sonhada à Praça Onze original/ Um dengo de Ciata que nos faz lembrar”. Outro ponto alto é: “Desperta, afro-rei, nossa alma brasileira/ Entidade altaneira/ No berço do Carnaval/ Sou Vila,/ ‘Nossa Escola de Samba’ é madeira/ Do Morro do Pau da Bandeira/ Aos palcos do Senegal”. O trecho prepara com intensidade o refrão principal e fecha com vigor a apresentação.
Passava das 6h30 deste sábado quando a Unidos da Ponte anunciou a junção das obras das parcerias de Serginho Aguiar e de Chacal do Sax como vencedoras para o Carnaval 2026. Assim, assinam o samba-enredo Serginho Aguiar, Naval, Alexandre Reis, Renne Barbosa, Leozinho Nunes, Jhonatan Tenório, Léo Freire, Gigi da Estiva, Chacal do Sax, Gustavinho Olibeira, Marquinhos Beija-Flor, Gabriel Simões, Raphael Gravino, Brayan Sá, Valtinho Botafogo e Mateus Pranto. O evento também teve a coração da rainha de bateria, Thalita Zampirolli. Para o Carnaval 2026, a Unidos da Ponte transporta para a avenida o enredo “Tamborzão – O Rio é baile! O poder é black!”, desenvolvido pelo carnavalesco Nícolas Gonçalves. Vale lembrar que a escola será a última a desfilar pela Série Ouro no sábado de Carnaval, dia 14 de fevereiro de 2026.
“Fui presidente aqui por dois anos. Era um processo de resgate da escola, que ainda estava na Intendente. A gente tinha um grande refrão, e eles tinham um grande segundo samba. A escola não tem que se prender a quem juntou A ou B para favorecer. Eu ganhei em 2025 na Beija-Flor, fiz o ‘Laíla’ e agora ganhei aqui. A Ponte é uma história da minha vida: meus pais, meus tios… A gente sempre teve ligação. Eu não imaginava ganhar um samba na Ponte, que é uma escola de grandes sambas. Mas estou aí, mais uma vez, escrevendo mais uma parte da minha história aqui”, celebrou o compositor Serginho Aguiar.
Compositor Serginho Aguiar
“A Ponte é uma escola de grandes sambas. Vem com um enredo que fala muito sobre a gente, que é periférico. Tentamos usar os nossos dialetos, a linguagem do nosso povo, para chegar nesse samba. Eu acho que o outro samba tem um refrão muito bom. Mas o nosso refrão do meio sintetiza bastante do que acreditamos sobre o enredo. A gente acredita muito nisso, nesse lance de pertencimento, de dar voz às periferias. E é isso: acreditamos que vai ser um grande desfile da Ponte. Se Deus quiser, vamos chegar ao Especial. Na Ponte, é a primeira vez que ganho samba. É a primeira vez. Estou muito feliz com os meus parceiros”, comemorou o compositor Faustino.
O presidente Tião Pinheiro, ao CARNAVALESCO, falou que a escola passa por uma nova fase e que após o incêndio, antes do Carnaval 2025, o pensamento é de um voo ousado no desfile do ano que vem.
“A Unidos da Ponte passou por uma ampla reestruturação. A gente precisava desse momento de reformulação completa das ações: tirar a Ponte de uma posição em que brigava apenas pela permanência para, agora, disputar a primeira metade do grupo e fazer um voo cada vez mais ousado, mais alto. A Ponte merece isso. É uma escola que ficou 10 anos no Grupo Especial e eu acredito que, com o enredo que temos hoje e os valores que contratamos, estamos capacitados para buscar uma posição histórica. Quem assistiu o desfile de 2025 pode até imaginar que o impacto não foi tão grande, mas só nós sabemos a reengenharia que tivemos que fazer: tirar fantasias do chão, colocar no carro, ir preenchendo a escola de tal forma que tivéssemos uma plástica bonita”.
Gestor da escola, Gustavo Barros, falou do planejamento para o desfile de 2026. Ele elogiou a chegada do carnavalesco Nicolas Gonçalves e chamou o artista de “camisa 10”.
“Eu acho que hoje essa final de samba só vai coroar essa nova Ponte que eu acho que estamos conseguindo trazer. Vai ser um grandioso carnaval, eu tenho certeza. O enredo é maravilhoso. Estamos conseguindo trazer celebridades, artistas e além disso a gente tem o Nicolas, que eu considero que é o camisa 10 do nosso time, que está preparando um excelente carnaval para poder fechar o desfile da Série Ouro. Já começamos o barracão e as fantasias, temos um planejamento bem adiantado para conseguir de fato fazer um carnaval que a gente possa competir com as escolas com poder financeiro maior que o da Ponte. Porque a Ponte é uma escola que tem 10 anos de Especial, logo é uma escola também que não fica atrás de outras escolas tradicionais do nosso grupo. Mas trabalhamos muito para conseguir, de fato, fazer a Ponte chegar no Especial, mesmo tendo um poder financeiro menor que algumas outras agremiações”.
Novo casal de mestre-sala e porta-bandeira da Ponte para o Carnaval 2026, Thiaguinho e Jéssica, conversaram com o CARNAVALESCO sobre a parceria e o trabalho para o desfile do ano que vem.
“Eu já dancei com o Thiago na Jacarepaguá, e estar na Ponte, uma escola tão maravilhosa como essa, os dois juntos novamente, foi um prazer enorme. Aceitamos o convite com muita alegria. E vamos defender o pavilhão da Ponte com muito amor. A expectativa é a melhor possível. O Thiago é muito disciplinado. Ele tem um riscado muito bonito e postura muito bonita também. É um excelente mestre-sala. O desenho da nossa fantasia está lindo, maravilhoso. Foi o presente que o carnavalesco nos deu. Eu fiquei empolgada e muito feliz. Superou as nossas expectativas. Com o samba escolhido nós já começamos a ensaiar para o desfile oficial. Começamos a fazer a montagem da coreografia e analisar também o tema da nossa roupa, o que viremos representando, para podermos encaixar e vermos qual é a melhor forma de trabalho: se vai ser em cima do som, se vai ser o tema da nossa roupa. Assim, se abre um leque de opções para nós”, comentou a porta-bandeira.
“Após a minha saída da Viradouro, eu recebi algumas propostas e convites. Houve a oportunidade de dançar com a Jéssica. Quando me perguntaram ‘o que você acha?’, eu falei ‘opa, uma parceria que me interessa, que me agrada’. Eu já tive um contato com ela, quando trabalhamos juntos em 2012. Tentamos ouvir, na verdade, algumas outras escolas, e no final das contas resolvemos fechar a Ponte. A Jéssica tem uma dança muito expressiva, forte e aguerrida. Ela tem um estilo de dançar que traz com ela um pouco mais da ancestralidade e da tradição da porta-bandeira, e isso eu acho que o ponto alto dela. Ela ganha velocidade sem perder o eixo e a elegância, com uma postura exemplar. Eu acho que nós vamos fazer um grande baile. Eu senti que o baile vai ser lindo. O anoitecer e o amanhecer vão ser lindos”, completou o mestre-sala.
Camarão Netto, diretor de carnaval da Unidos da Ponte, contou como surgiu o convite para trabalhar na escola e revelou o andamento das atividades na agremiação.
“Eu já esperava uma escola da Série Ouro no carnaval de 2026 para assumir esse projeto lindo e maravilhoso. Como vocês estão vendo aqui nessa festa, totalmente ligado ao nosso enredo. Eu aceitei a proposta, gostei do projeto e topei abraçar a ideia do presidente Tião Pinheiro e do gestor Gustavo Barros. Encontrei a raiz, a essência de uma escola tradicional. A Unidos da Ponte é uma escola que já passou 10 anos pelo Grupo Especial, e encontrei essa essência de uma escola grande, com nome e com raiz. As mudanças apareceram logo no início: assim que assumimos a direção de carnaval, mudamos todo o quadro da direção, inclusive, os casais. Começamos a trazer um ar de grandiosidade e renovação para a Ponte, sem desfazer do trabalho dos segmentos anteriores, mas dando esse novo fôlego. Eu considero que 90% do nosso carnaval vem do samba. É ele que dá o andamento da escola, o termômetro, a defesa do enredo. Antecipar a escolha facilita todo o processo: o trabalho com a comunidade, a reprodução das fantasias, das alegorias. É um avanço enorme para a Unidos da Ponte já ter o samba definido em agosto. Agoram, faremos um cadastramento e recadastramento das alas de comunidade. O trabalho será feito como em uma escola grande, que é o que a Unidos da Ponte representa, inclusive, pensamos em fazer ensaios de rua”, explicou.
De volta ao Rio de Janeiro, o carnavalesco Nicolas Gonçalves disse como surgiu a ideia do enredo da Ponte para 2026 e falou do trabalho na escola.
“Estou pura alegria de estar de volta ao Rio. Estou lá (São Paulo) e cá e está sendo um desafio gigante, mas que está me dando muitas alegrias. Estou contente tanto lá quanto cá. O enredo é muito profundo, mas também é celebrativo. Busquei trazer pautas importantes, e com ele temos todas as narrativas fortes, que conseguem ser trazidas de forma celebrada, o que é melhor ainda. Vamos trazer isso sambando e rebolando. A Ponte vai ser a última a desfilar, e não à toa o enredo também começa no anoitecer, na madrugada, e termina no amanhecer. Eu tive a sorte de pegar uma escola que se deu uma bela renovada. Temos essa nova administração com o Tião e com o Gustavo, e eu fiquei muito feliz que eles já estão começando. Eu vim de um carnaval no Rio que é difícil, começamos tardiamente e isso prejudica um pouco. Só de eu já estar subindo alegoria e fazendo as fantasias, para mim já está sendo incrível. É muito motivador e o principal é logística. Começando agora vamos conseguir colocar o que planejamos em prática. E eu tenho certeza que a Ponte vai surpreender muito, tanto visualmente, quanto com samba. Eu acho que temos tudo paraformar um casamento e ser um grande desfile, e isso porque as coisas já estão rolando, o que me deixa bem mais seguro”.
Com uma dupla no comando da bateria, a escola terá os mestres Alex e Juninho.
Mestre Juninho
“Eu e o Alex somos como irmãos, até porque ele é meu cunhado. A afinidade é máxima, a compreensão também. Nós seguimos a teoria de que ‘em time que está ganhando, não se mexe’. Temos que chegar respeitando a casa, a bateria e suas tradições. Até o momento, não vimos necessidade de mudanças. Estamos tentando manter o máximo possível do ritmo meritiense. Mas, se for para mudar algo, será sempre para melhor. O enredo nos permite algumas coisas, mas preferimos trabalhar mais com os instrumentos que fazem parte de fato do samba como surdo, caixa, repique e transformá-los como se fossem utilizados no funk e no charme”, disse mestre Juninho.
Mestre Alex
“Essa parceria já vem de muito tempo. Quando o Juninho foi mestre na Inocentes, eu fui diretor dele. Além disso, ele é meu cunhado, irmão da minha esposa, então sempre tivemos convivência próxima, já moramos até na mesma casa. Por isso, fica muito mais fácil trabalhar juntos, porque já existe uma relação de confiança e afinidade de longa data. Temos pessoas que nos acompanham desde a época da Inocentes e de outros lugares, sempre somando no trabalho, e graças a Deus tudo tem fluído muito bem”, afirmou mestre Alex.
A Ponte terá os intérpretes Thiago Brito e Matheus Gaúcho em 2026. Ao CARNAVALESCO, eles trocaram elogios. “O Matheus é um cara sensacional, humilde e agrega ao trabalho. Nós não temos vaidade, aqui passamos o melhor para a escola. Ele é um cara com um coração gigante. Nossa parceria tem tudo para dar certo, e já deu certo. Sobre a bateria, eu já trabalho com o Juninho desde garoto. Quando eu era cantor da Inocentes, campeão do carnaval em 2012, 2013, o Juninho estava começando a bateria da Inocentes, e o Alex eu já conhecia da própria Inocentes também, como da Alegria do Vilar, pois defendo o samba lá, sou compositor da escola. Termos uma amizade bastante longa, duradoura, não teve muito mistério”, disse Thiago.
“O Thiago já é um amigo de longa data, já defendemos bastante sambas por aí. Agora estamos tendo o prazer de cantar junto aqui na Ponte, e se Deus quiser, vamos fazer um grande trabalho pela escola. Estamos fazendo uma parceria, eu e o Thiago, para montar um carro de som de qualidade, com cavaco, escritores. Assim que fomos contratados, nos reunimos e escolhemos os cantores e cordas para nos entrosarmos e ensaiarmos, e daqui para frente nos prepararmos para o nosso desfile”, explicou Matheus Gaúcho.
Saiba como passaram os sambas na final
A parceria de Serginho Aguiar abriu a apresentação da noite da final de sambas da Unidos da Ponte. Com boa condução dos intérpretes Leozinho Nunes, Gabriell Salles e James Bernardes, o samba animou e se manteve constante. O trecho “Paredão já tá formado // Quem quiser pode chegar // Todo mundo convidado a ‘funkear’ // 150 bpm acelerado // No tamborzão da Ponte, ninguém fica parado” é o principal e mais forte, mas encontrou concorrência no que diz respeito ao canto do público, que também se empolgou com a parte “Toca DJ, um som diferente, melodia envolvente // Faz o corpo balançar // Canta MC, sua rima é o legado // Esse ‘dom’ é um ‘tornado’ // Vem pro baile dançar”. A torcida começou pouco animada, mas, nas últimas passadas, virou o jogo e se empolgou até demais, soltando fogos com fumaça dentro da quadra, o que atrapalhou os cantores e incomodou o público, que inalou fumaça. Após o episódio, o uso de fogos foi proibido nas demais apresentações.
A parceria de Robinho da Portela, segunda a se apresentar na noite, contou com uma torcida bastante animada e organizada. O samba empolgou e se mostrou um forte candidato ao título, tendo como ponto alto o trecho “Nosso canto é suor, é raiz // Eu só quero é ser feliz // No baile da Ponte tem charme e tornado // É som de preto, de favelado”, cantado pela maioria das pessoas na quadra. A escolha foi uma ótima sacada, já que faz referência a funks clássicos dos anos 1990 e 2000, que caíram na boca do povo e permanecem conhecidos. O intérprete Serginho do Porto conduziu com muita animação. Torcida e público seguiram cantando com força, mesmo após o fim da apresentação.
A parceria de Toni Bach se apresentou sem torcida, o que dificultou a empolgação do público presente. O trecho mais marcante foi “É a Ponte na avenida // Levanta bandeira // No tamborzão a luta é verdadeira // O som que resiste, da nossa raiz // Eu só quero é ser feliz”, com destaque para a última frase, puxada com garra pelos intérpretes Felipe Lima, Felipão Lima, Toni Bach, Adriano Amaral e Leo 30, que conseguiram animar a quadra, já que a música carece de explosão. A letra também trouxe referências a funks clássicos, como “Já é sensação”, “Nosso sonho não vai terminar”, “Liberta DJ” e “É som de preto”, mas usadas fora dos momentos de maior impacto.
A parceria de Chacal do Sax foi um dos grandes destaques da noite. Empolgante e consistente, apresentou em uma melodia chiclete boas referências aos funks clássicos, como a icônica frase “Tenha a consciência que o pobre tem seu lugar”, do famoso Rap da Felicidade, bem posicionada em um dos pontos altos da obra. Além disso, o uso de gírias e expressões ligadas à comunidade funkeira foi um ponto positivo, como “nevou”, “corte na régua” e “liberta DJ, a favela venceu”. A composição não apenas homenageou o gênero musical e seus criadores, mas também a própria Unidos da Ponte, com destaque para o trecho “Não sou de mandar recado, sou cria de Meriti // Aqui é som de preto! Com orgulho, favelado! É o baile da Ponte na Sapucaí!”. O intérprete Tinguinha brilhou ao levantar o público com sua condução, acompanhado por uma torcida animada desde o início, além do canto forte da bateria e da participação calorosa da plateia, que dançou muito.
A penúltima parceria da noite, de Alexandre Valle, começou com um ritmo que remetia ao Rap da Felicidade e seguiu trazendo referências a funks consagrados, como “Glamurosa”, de MC Marcinho. Com narrativa guiada pelo personagem MC Meriti, a melodia mostrou consistência, mas sem explosão. A tentativa de homenagear o maior número possível de referências ao funk, incluindo “Furacão 2000”, “Tamborzão”, “Não para não” e “Esquece”, acabou tornando o samba um tanto confuso. A ausência de torcida atrapalhou ainda mais a empolgação da quadra. O intérprete Paulo Bispo conduziu com competência ao lado de seus parceiros.
A Paraíso do Tuiuti viveu uma noite apoteótica na Cidade do Samba ao apresentar oficialmente seu samba-enredo para o Carnaval 2026, mais uma vez, apostando na bem-sucedida medida de encomendar a obra aos consagrados Claudio Russo e Gusttavo Clarão, agora reforçados pelo talento do escritor e historiador Luiz Antônio Simas. Sob o enredo “Lonã Ifá Lukumi”, assinado pelo carnavalesco Jack Vasconcelos, a escola mostrou força, casa cheia e energia contagiante em uma festa marcada ainda pelos shows da Beija-Flor, atual campeã do Grupo Especial, e da Grande Rio, vice-campeã. Primeira a desfilar na terça-feira de folia, o Tuiuti deu o tom de que seu hino oficial promete ser um dos grandes destaques do próximo carnaval. *OUÇA AQUI O SAMBA
“Trabalhamos incansalvamente para fazermos esse evento. Agora, vamos dar passagem de 2025 para 2026. Aproveito para anunciar que, mais uma vez, teremos uma ala 100% trans no nosso desfile. Igualdade para todos”, disse o presidente Renato Thor.
Ao CARNAVALESCO, Simas falou como foi o convite para integrar a parceria do samba de 2026 do Tuiuti. “Recebi um convite do presidente via Cláudio Russo e Gusttavo Clarão pela minha afinidade com o tema, porque o Ifá é um tema que me interessa. Eu tenho uma relação com a religião, com o Ifá há muito tempo. A gente já vem trabalhando desde que o enredo saiu, eu e Cláudio aqui, o Gusttavo nos Estados Unidos. Nós fomos testando, como não tinha aquela urgência, que muitas vezes é trazida pela disputa, pela pela inscrição e tal, fomos testando samba, dando uma olhada na sinopse, experimentando o que funcionava, o que não funcionava e acabou saindo esse samba. Eu não sou exatamente um compositor de samba enredo. Gosto de temáticas vinculadas ao universo afro-religioso. O que a encomenda te traz, digamos, de positivo nesse sentido, é o tempo de maturação para você preparar o samba, para você testar e não tem o calor da disputa. As disputas, elas são muito intensas. Essa experiência do Tuiuti foi interessante, que é o modelo que a escola já vem adotando há muito tempo e tem dado resultado”.
Claudio Russo também falou sobre a obra de 2026: “O Tuiuti já se tornou parte da minha família, do meu cotidiano. Esse é o oitavo samba no Tuiuti, que eu faço, e esse de uma forma muito peculiar porque a gente trouxe o Luiz Antônio Simas, que além de historiador e de um grande compositor, ele é babalaô de ifá e o ifá não é tão conhecido quanto outros componentes do candomblé aqui no Brasil. É algo mais particular e específico. A gente tenta sempre fazer o melhor para a escola e para o julgamento também. O que condensa o enredo, resume tudo, é ‘derruba os muros, quem sabe asfaltar, caminhos abertos na mão de Ifá, que o mundo entenda que o ebó vence a dor, sentado à esteira de um babalaô’. O samba todo é a consulta de um babalaô, que é o padrinho, a um iniciado. E nesse final a gente quis trazer aquela ideia que alguns constroem muros, outros constroem pontes. E a gente derruba os muros para abrir os caminhos”.
Pixulé diz estar em casa no Tuiuti
Em entrevista ao CARNAVALESCO, o intérprete Pixulé citou a importância do samba-enredo estar definido no início de agosto e revelou sua parte predileta na obra de 2026.
Fotos: Allan Duffes/CARNAVALESCO
“Facilita para todo mundo ter o samba cedo. A harmonia pode trabalhar o canto, bateria, para o público aprender o samba mais cedo. Ele sendo confeccionado primeiro que todas as escolas, facilita pra todo mundo. Aqui é uma escola que me abraçou, comunidade me abraçou, presidente me abraçou. Me sinto em casa. Encontrei o meu caminho. Já entrei com um brilhante samba, no ano seguinte veio o Chica Manicongo, outro brilhante samba. E agora, também um outro brilhante samba. Adoro a parte: ‘Eleguá / é o dono do poder/moenda não pode mais moer/põe fogo na cana/Eleguá/Tem coco, mandinga e dendê/hoje o coro vai comer/nas barbas de Havana”.
O intérprete enalteceu a parceria com mestre Marcão e a bateria: “Virou um casamento. Pichulé, Marcão, Marcão, Pichulé. A gente agora nem pensa em divórcio. É um casamento que vai durar por algum tempo”.
Escola já terminou produção de protótipos das fantasias
Em mais um ano como responsável pelo enredo e a parte plástica do desfile do Tuiuti, Jack Vasconcelos conversou com o CARNAVALESCO sobre o enredo e o trabalho na escola.
“Esse enredo de 2026 representa trazer a palavra de Orumila para a humanidade, eu acho que é a grande missão do Tuiuti esse ano. A gente tem que aprender de uma vez por todas de que nós somos uma coisa só. É tudo uma coisa só. O que acontece com um vai reverberar no outro ou em outro lugar, nada está desconectado. Quando a gente entender que nossas ações causam reflexos, acho que já vai ser meio caminho andado para a gente resolver muita coisa”.
O artista explicou a importância do Tuiuti ter trocado de barracão na Cidade do Samba. “É um barracão que é mais espaçoso. A gente tem um espaço maior para trabalhar. Estamos com uma uma disposição melhor nesse, porque o nosso antigo dava um pouquinho mais de dificuldade, principalmente, com as alegorias. Vamos ter um ganho em montagem de alegoria. Já terminamos os protótipos das fantasias. A gente está entrando agora em reprodução e alegoria a gente está indo para a terceira já. Estamos indo bem. Está tranquilo”.
Jack contou como é sua participação com os compositores na elaboração do samba-enredo do Tuiuti. “A gente se entende muito bem, ele (Claudio Russo) já saca das coisas que que eu quero dizer, ele já pega de longe. É uma parada que parece que a gente se conectou em sonho. A gente não chegou a verbalizar, mas a gente se conectou no sentimento, na ideia, entendeu? Quando o tema é entendido, quando ele é absorvido pelo artista, todo mundo ganha e não tem erro, porque não tem erro em arte”.
Novo barracão facilita a logística
Leandro Azevedo, diretor de carnaval, foi questionado como melhorar o canto da comunidade, que é tão criticado pelos jurados nos desfiles do Tuiuti.
“O Simas (compositor) já fez uma palestra para a ala da comunidade explicando como é a letra do samba. As pessoas vão estar sabendo o que vão cantar, entendendo a mensagem do estão cantando. A escola aposta muito no entendimento do samba pela comunidade, valorizando nossa comunidade, para a gente poder construir um canto forte, coeso e que a escola consiga passar muito bem na avenida”.
O diretor de carnaval explicou o que já foi feito no novo barracão do Tuiuti na Cidade do Samba. “Não é só mudança de barracão, é mudança de ciclo. Claro que o novo barracão é logisticamente melhor, porque ele tem quatro portões. O outro, apesar da gente já tá acostumado, eram dois portões, e agora são quatro portões. Isso ajuda na logística da escola. É uma mudança para que a Paraíso do Tuiuti consiga os resultados que a gente quer, que é voltar no desfile das campeãs. Já colocamos o barracão com a cara do Tuiuti, com a cara do presidente Thor. Daqui a uns 10 dias mais ou menos vamos iniciar a fabricação das fantasias para o Carnaval 2026. Tudo dentro do planejado. Está tudo muito leve no Carnaval do Tuiuti. Ter o samba logo no início de agosto acelera o processo da escola. Já é uma característica nossa, e, como já temos o samba, vamos iniciar o recadastramento da comunidade a partir de semana que vem. Já temos o ensaio de quadra. Ou seja, temos mais tempo para ensaiar a escola do jeito que a gente quer”.
Casal está conectado
Novo casal de mestre-sala e porta-bandeira do Tuiuti, Vinícius e Rebeca, conversaram com o CARNAVALESCO. A dupla falou sobre a fantasia de 2026, o trabalho em cima do samba e a característica da dança de cada um.
“Desde o momento que o Vinícius chegou para dançar comigo, a nossa conexão foi imediata. Agora eu posso afirmar que nossa dança pegou uma conexão muito forte e parece que a gente já vem dançando há bastante tempo. Assim como vocês estão ansiosos, também estamos bastante ansiosos para poder ver nossa fantasia. Mas ainda não nos foi mostrado. O samba mexeu muito com a gente. E cada momento das palavras e do enredo, é uma condição muito forte que a gente inventa uma coisa que é nossa identidade. E a gente tá trabalhando bastante em cima disso pra poder arrasar”, comentou a porta-bandeira.
“Eu sempre admirei a Rebeca, até quando eu ia visitar o Tuiuti, quando ainda era mestre-sala de outra agremiação, eu sempre admirei a postura, a forma como ela expressava a dança dela. E, agora, dançando com a Rebeca, isso fica cada vez mais nítido para mim. Ela transforma a dança em fácil, a condução com ela é de uma forma muito clara. E ela tem habilidade. Sem contar que ela linda, maravilhosa, inteligente… Eu que me sinto pressionado em ter que estar a altura dela. O Jack (carnavalesco) é um cara incrível. É um exímio profissional. Ele deixa a gente à vontade. Mas ainda não conversamos, não sabemos nada sobre a nossa instrumentária. Já temos uma reunião marcada. O samba encomendado é uma facilidade. Quando a gente já tem esse samba, ajuda a gente no planejamento”, completou o mestre-sala.
A Imperatriz Leopoldinense realizou, na última sexta-feira, mais uma eliminatória de sambas-enredo visando o Carnaval de 2026. Ao todo, 13 obras se apresentaram, e oito delas foram classificadas para a próxima fase, que acontecerá na próxima sexta-feira. Com o enredo “Camaleônico”, uma homenagem ao cantor Ney Matogrosso, a escola busca conquistar seu décimo título no Grupo Especial. A noite foi marcada por apresentações de destaque, como mostra o CARNAVALESCO na análise do desempenho de cada samba que segue na disputa.
Parceria de Gabriel Coelho: O samba de Gabriel Coelho, Alexandre Moreira, Guilherme Macedo, Chicão, Antônio Crescente e Bernardo Nobre, com o aniversariante Nego e Igor Vianna nos vocais principais, alcançou uma ótima apresentação: envolvente e redonda. Desde a abertura, com “jurei mentiras mas não estou sozinho”, a melodia bem construída permeia a obra. O refrão principal “vem meu amor, vamos viver a vida, bota pra ferver que o dia vai nascer feliz na Leopoldina” é, ao mesmo tempo, melodioso e animado, recebendo excelente resposta da quadra, que reagiu com empolgação. Um dos grandes destaques da noite.
Parceria de Jeferson Lima: A obra de Jeferson Lima, Rômulo Meirelles, Chico de Belém, Mirandinha Sambista, Alfredo Junior e Tuninho Professor contou com Wander Pires no palco. O intérprete, como de costume, soube explorar toda a qualidade melódica da obra, que funcionou bem nas três passadas. Destacaram-se trechos como o refrão central “um bandido corazon, traiçoeiro; cavaleiro e cigano, bandoleiro…”. O refrão de cabeça traz variação melódica interessante no trecho “sua verdade eu sei, a liberdade é a lei, doce veneno pra se lambuzar”, que dialoga bem com a construção melódica do restante da obra. O samba recebeu calorosa recepção da quadra.
Parceria de Ricardo Goes: O samba da parceria de Ricardo Goes, Fernando de Lima, Sérgio Gil, Gutemberg Kunta e Serginho Machado foi defendido por Emerson Dias e Leozinho Nunes. A aposta foi em uma melodia mais reta e em um samba animado, com a segunda parte inteiramente referenciada em canções famosas de Ney Matogrosso, culminando no refrão de cabeça “a festa é nossa, Ney decretou, não existe pecado do lado de baixo do Equador, Imperatriz, todo país pede em seu nome, vira, vira, vira homem, vira, vira, vira, vira, lobisomem”. Apesar da empolgação dos intérpretes, a obra perdeu fôlego na última passada devido à pouca variação melódica.
Parceria de Hélio Porto: Igor Sorriso e Charles Silva comandaram a obra de Hélio Porto, Aldir Senna, Orlando Ambrosio, Miguel Dibo, Marcelo Vianna e Wilson Mineiro. O samba captou bem a essência da sinopse e o caráter multifacetado de Ney Matogrosso, unindo uma letra bem descrita a uma melodia envolvente e lírica, como no refrão central “eu sou o poema que afronta o sistema, a língua no ouvido de quem censurar, livre para ser inteiro, pois sou homem com H”. A dupla de intérpretes apresentou uma performance visceral, que resultou em ótimo desempenho em todas as passadas. Outro destaque da noite.
Parceria de Luizinho das Camisas: Com Dowglas Diniz e Rafael Tinguinha nos microfones, o samba da parceria de Luizinho das Camisas, Chacal do Sax, Mateus Pranto, Tamyres Ayres, Camila Lúcio e Martins obteve bom rendimento, sustentado principalmente por seus dois refrães. O refrão de cabeça “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come, ô menina eu sou é homem, sou é homem com H, faz um Carnaval comigo, remexe os quadris, nesse palco iluminado sou Imperatriz” destacou-se e empolgou a quadra. Intérpretes e compositores novamente se apresentaram caracterizados, com lenços e rosas na cabeça, e um integrante fez performance encarnando Ney. A primeira parte, antes do refrão central, apresentou leve queda de intensidade.
Parceria de Me Leva: Tinga defendeu a obra de Me Leva, Thiago Meiners, Miguel da Imperatriz, Daniel Paixão, Herval Neto e Jorge Arthur. O samba tem excelente letra, especialmente na primeira parte, com versos como “ferocidade sem temor e sem doutrina, se a tinta escancara a voz de carmim, o instinto indomável do xamã tupiniquim”. Apesar de bem elaborada, a obra carece de um refrão principal mais forte. Isso se evidenciou porque o refrão foi precedido de um bis empolgante (“não existe pecado abaixo da linha do Equador, seu juízo rasgado, você libertário, riacho de amor”), mas, apesar de bonito, não teve o mesmo impacto. Ainda assim, foi uma apresentação consistente.
Parceria de Ian Ruas: O samba de Ian Ruas, Caio Miranda e Zé Carlos foi defendido por Bruno Ribas e Evandro Malandro. A dupla ainda busca maior entrosamento, perceptível em alguns momentos da apresentação. O desempenho foi correto, mas não empolgou a quadra. O refrão principal “meu bloco na rua, o povo ao meu lado, minha pele nua, um grito calado, não existe pecado, nem lei, nem juiz, no sonho que nasce da Imperatriz” foi um dos pontos altos da obra, assim como a segunda parte, com o trecho “gemido de caos, sangrei, a rosa fatal, cantei”, de interessante melodia.
Parceria de Renan Gêmeo: Com Tem-Tem Jr. à frente do samba da parceria de Renan Gêmeo, Marcelo Adnet, Raphael Richard, Sandro Compositor, Silvio Mesquita e Rodrigo Gêmeo, a obra foi a penúltima a se apresentar. Mais uma vez, houve aposta em um trecho de impacto antes do refrão — neste caso, um falso bis. O refrão de cabeça “quero ouvir a voz da alma brasileira, cantar pro dia nascer feliz, eternizar mais uma estrela no pavilhão da Imperatriz” funcionou bem e manteve o samba em alta. A obra foi regular em toda a apresentação e teve desempenho firme.
O carnaval brasileiro, reconhecido mundialmente por sua energia e cores, há muito deixou de ser apenas uma festa. Hoje, ele se transforma em um laboratório vivo de criatividade, onde tradições e novas expressões culturais se encontram. Nas ruas, sambódromos e blocos, a arte se reinventa em formas que vão muito além da música e da dança.
Foto: Divulgação/Rio Carnaval
A fusão de linguagens artísticas
Em meio aos desfiles, é cada vez mais comum ver a presença de elementos de teatro, performance e até tecnologias interativas. Grupos e escolas incorporam projeções mapeadas, figurinos com iluminação LED e narrativas visuais que expandem a experiência do público. Essa fusão de linguagens fortalece a conexão entre passado e presente, abrindo espaço para novas interpretações da brasilidade.
Comunidades criativas como motor cultural
Muitos dos projetos mais inovadores nascem em comunidades que usam o carnaval como plataforma para contar suas próprias histórias. Oficinas de percussão, confecção de fantasias e grupos de dança funcionam como polos de aprendizado e empoderamento, incentivando jovens a desenvolver habilidades artísticas e de produção.
A internet e as redes sociais transformaram a maneira como o carnaval é organizado e divulgado. Plataformas de financiamento coletivo e grupos online permitem que ideias saiam do papel mais rapidamente, conectando artistas a apoiadores. Esse movimento cria um ciclo virtuoso de colaboração, onde o protagonismo cultural é distribuído de forma mais ampla.
Experiências imersivas e interatividade
O público atual busca mais do que assistir: quer participar. Por isso, surgem iniciativas que incluem oficinas abertas, ensaios interativos e experiências sensoriais durante os desfiles. Em alguns projetos, a dinâmica de interação lembra formatos populares como a Roleta ao vivo, em que a imprevisibilidade e a participação ativa mantêm o interesse elevado e criam memórias marcantes.
Sustentabilidade e responsabilidade social
Outro aspecto que vem ganhando força é a preocupação com o impacto ambiental e social dos eventos carnavalescos. Desde fantasias feitas com materiais reciclados até ações de inclusão social, o carnaval se torna um espaço para promover causas importantes, mantendo sua essência festiva.
A globalização do carnaval
Com transmissões online e colaborações internacionais, elementos do carnaval brasileiro chegam a públicos distantes. Ao mesmo tempo, influências de outros países também se incorporam à festa, enriquecendo o repertório cultural e mostrando que a brasilidade pode dialogar com o mundo sem perder sua identidade.
O futuro do ritmo e da rua
A tendência é que o carnaval continue a ser um campo fértil para experimentações, unindo tradição e inovação. Com as ruas como palco e a comunidade como protagonista, a festa segue se reinventando e reafirmando seu papel como um dos maiores símbolos culturais do Brasil.
O “Bom Dia Favela” já nasceu com a missão de dar voz, visibilidade e protagonismo às potências das comunidades e periferias do Rio de Janeiro. Mas agora, sob o comando de Wic Tavares, o programa ganhou ainda mais alma, emoção e identidade. A atração, que vai ao ar todos os sábados, às 8h30, pela Band TV Rio, continua sendo o espaço onde a favela se reconhece e se vê representada, mas com um novo brilho, o de Wic.
Foto: Band Rio/Márcio Ferreira
A jornalista e comunicadora não é uma novata na missão de contar histórias reais. Antes de assumir a apresentação, Wic era a repórter de rua do programa, percorrendo vielas, becos e praças, ouvindo de perto a batida do cotidiano das comunidades. Foi ali, na escuta atenta e no olhar sensível, que construiu uma conexão genuína com o público e ganhou o carinho de quem se via refletido nas telas.
Agora, na função de apresentadora, Wic traz para o estúdio a mesma energia que levava nas reportagens. Com autenticidade e carisma, ela conduz entrevistas, interage com convidados, apresenta quadros inéditos e segue abrindo espaço para histórias que raramente encontram espaço na mídia tradicional.
Criado em 2023, o “Bom Dia Favela” é fruto de uma parceria entre o Favela Movimenta e a Band TV Rio. Desde sua estreia, vem se consolidando como uma plataforma que une jornalismo e entretenimento, sempre com linguagem acessível, impacto social e um olhar humano. Sob o comando de Wic, essa missão ganha um reforço: o de fazer com que cada pessoa, de qualquer canto do Rio, sinta-se parte dessa narrativa.
Com mais tempo de tela, agora com uma hora de duração, o programa expande seu alcance e aprofunda sua proposta. “Bom Dia Favela” não é apenas um programa matinal: é um encontro semanal de cultura, serviço, informação e afeto, sempre costurado pela voz, pela presença e pela verdade de Wic Tavares.