Banhada na ancestralidade negra, a Acadêmicos de Santa Cruz abusou do axé da cultura de matriz africana para estruturar a homenagem ao ator Milton Gonçalves no enredo: “Axé, Milton Gonçalves! No catupé da Santa Cruz”, de autoria do carnavalesco Cid Carvalho.
Inaugurando o segundo setor da escola, a alegoria de númeo 2, ” Nos livros, o conhecimento que liberta” impressionava não só pela beleza, mas também pelo simbolismo e significado. A Alegoria faz um link da paixão do homenageado pelo universo do conhecimento e dos livros e a grande senhora da sabedoria da cultura yorubá, o orixá Nanã.
Toda composta por tons de roxo e variações, a alegoria trazia uma grande escultura de Nanã e trechos com escritos de livros nas laterais. No entanto, além da bem acabada escultura, o destaque principal da alegoria fazia uma menção ainda maior à senhora do barro, uma legítima filha de Nanã na alegoria. Elaine ty Nanã comentou a satisfação de dar vida a representação da grande Mãe na avenida.
“É uma emoção tão grande que não tem explicação. Só sabe quem sente. Estou realizando o sonho de pisar na avenida. É sentir, vibrar e amar”, declarou a emocionada desfilante.
O convite para homenagem foi intermediado pelo mestre-sala da escola Mosquito e autorizado pela zeladora espiritual de Elaine. Extremamente importante em diversos cultos dentro do Candomblé, Elaine aproveitou o ensejo e ainda esclareceu algumas particularidades e características dessa yabá para os que não são tão familiarizados.
“Nanã é o orixá mais velho de todas as yabás. É ela quem moldou partir o barro o ser humano. é uma senhora muita velha que quase ninguém gosta de falar. Nós nascemos do barro e para o barro retornaremos”, pontuou.